Julia//Pam

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Passo mais maquiagem do que o normal de qualquer mulher, preciso estar bem para os pais do Lucca.

"Como eles são?" "Eles quem?" "Seus pais Lucca." "Uns amores. Eles já são velhos, não tem com o que se preocupar." "Eles vão gostar de mim?" "Eles já gostam." A campainha toca e Lucca se desvencilha da minha mão, eu não tinha percebido que a segurava. Sigo seus passos e me apoio em suas costas na ponta do pé tentado enxergar o casal parado na porta. Eles estão de mãos dadas e sorriem firmemente.
"Entrem por favor." Eu abro mais a porta e apareço atrás de Lucca. "Obrigada querida" Minha suposta sogra me diz, ela e seu marido entram com um sorriso impagável. "Que casa grande não?" Pablo admira como se estivesse contemplando um castelo. "É o maior dos apartamentos do Vista Cay" Lucca mostra orgulhoso "Parabéns filho" "Já disse pai, não é meu. É da Serena" "Parabéns então Serena" Sinto minha bochecha corar, mas tenho certeza depois que Lucca enlaça seus dedos no meu e olha profundamente em meus olhos, eu poderia facilmente esquecer que isso é uma atuação.

"Vamos comer?" Lucca nos convida. Eu levanto em direção á cozinha, mas Angêla me detém "são os homens os donos da cozinha aqui. Quero ver o que aprontarão." "Tenho certeza que eles cozinham muito bem." "Pode apostar S. Posso te chamar assim? Lucca se referiu á você e contou alguma coisa sobre pôr do sol, mas sabe como é. Essa juventude fala muito rápido e eu não consegui entender, mas pôr do sol é algo bom, ele gosta muito de você. Eu pude ver pelos seus olhos." Me sinto muito mal por mentir pra ela, e sua feição é sincera, esperando uma resposta. "Eu gosto muito dele"  "Eu espero que sim querida." Ela se levanta e vai até o balcão que divide a cozinha e a sala, observando Pablo e seu filho. Ela sussurra no meu ouvido "Eles são os homens da minha vida, espero que um dia você possa sentir isso também." "Eu vou." Ela sorri e apoia seu braço em meu ombro, ela se parece uma mãe e se comporta como uma avó cuidadosa, eu não deveria me apegar tanto á ela, mas é impossível.

Depois de dois pratos cheios de macarrão, eu me sinto satisfeita, realmente Lucca sabe como cozinhar. Eu observo a casa e as pessoas ao meu arredor. Minha casa nunca viu tanta felicidade e tanto amor, Pablo e Angêla me tratam como uma filha e eu sinto falta de quando isso era normal no meu dia a dia.

"A gente não quer se estender mais filho." Pablo abraça Lucca e percebo a tristeza no olhar do homem que me fez feliz todos os dias durante semanas. Ele os ama.

"Eu achei que Lucca nunca olharia pra outra mulher novamente." Novamente? Isso me lembra da briga de Jake e Philip, ainda preciso descobrir isso. E agora essa? Novamente? "Obrigada por trazer vida á Lucca novamente, ele nunca esteve tão feliz." Não consigo responder, a culpa cai.

Me despeço deles com um sorriso e volto pra casa me sentindo mal. Lucca está extasiado "Obrigada S" ele me abraça, me deixo cair em seu abraço, eu gosto dele. Do abraço.
Ele se desfaz de mim e começa a lavar a pouca louça que sobrou.
"Lucca, por que você não vivia?" "Como assim S?" "Sua mãe disse que eu te trouxe vida." Ele para de esfregar o prato na mão, ele deixa cair a água. Ele deixa cair o prato.
Me assusto e vou ajudá-lo, ele corta o dedo e sangra muito, ele não liga. Ele não se importa da mesma maneira que não se importou de ter o rosto estourado pela bomba e por Philip, aparentemente ele já está acostumado com contusões, aparentemente não sou a única com uma história dolorida.
"Julia." "Bonito nome. Quem foi?" "Foi importante, talvez seja isso que você precise saber." "Você sabe tudo da minha vida Lucca. Mas não serei eu a te forçar a me contar" "Ela se matou, na minha frente" "Deus, que horrível" Eu não tenho o que fazer, eu o abraço, e delicadamente sem afetar meu braço com a tipoia, ele me envolve com seus braços. Lentamente sinto minha pele ficar úmida, nossas lágrimas se misturam, são salgadas e carregam um tom irônico de amargor. São lágrimas de duas pessoas que perderam uma parte da vida em certo momento de sua própria trajetória. "Nós já morremos e estamos aqui pra contar Lucca" "Ela tinha depressão profunda, eu já sabia antes de namorarmos. Eu pretendia a pedir em casamento. Ela se jogou de uma montanha." "De uma montanha? Da montanha?" "Desde do dia em que ela se matou, eu visito aquele lugar. Você foi a primeira que eu levei lá." "Meu Deus Lucca" "Ela disse tantas coisas lindas. Eu era seu porto seguro, eu achava então. E me culpei, ainda me culpo, ela morreu por que eu não fui bom o suficiente pra fazê-la ficar" "Ela não foi boa pra continuar, não se culpe. Você me trouxe vida" Eu encosto a testa em seu peito, ele encosta o queixo na minha cabeça. "Ninguém nunca soube como me confortar ao certo, você fez isso sem ao menos saber" "Talvez eu fique muito presa aos meus problemas, eu poderia ter percebido muito antes" Não é à toa que Lucca não sai de perto de mim, a revolta por Philip ter me deixado com dor e sem remédio foi anormal, agora eu entendo.
Ele apoia sua mão em meu pescoço, ergue meu rosto e me segue um olhar da qual já conheço, reconheço Philip nele. Já vi esse fogo algumas vezes, eu sei o que vem após isso.
"Black já vai chegar" Ele me diz. Talvez ele não seja Philip.
"Certo." Eu sinceramente não gostaria de estar falando agora.
Mas ele estava certo. A campainha toca, e eu já sei que preciso sair do transe.
"Como você está S?" "Bem Jey" O casal novela entra. "Jake, posso conversar um pouco com você? É sobre o que a enfermeira falou no quarto" "Claro S" Jenna senta com Lucca no sofá e percebo que conversam preocupados sobre meu estado atual.
"Enquanto tirava Philip de cima do Lucca no hotel, você disse uma coisa que eu não consegui tirar da cabeça." "Eu só estava esperando você perguntar, me arrependi assim que falei" "O que é Jake?" "Serena, não acho que você precisa saber" "Jake, você sabe que eu não sou assim. Mas o passado de Philip interfere no presente, eu preciso saber o que ele já fez. Pra ser sincera eu estou pensando em dar uma outra chance pra ele." "Eu não deveria te dizer isso." "Não quero te forçar, odiaria que fizessem comigo." "Você não está me forçando, tenho liberdade o suficiente para não te contar se eu não quiser." "Ainda bem que você sabe." "Philip já traiu Jenna, com Pam. E ele achou que tinha a engravidado." "Meu deus Jake" "Jenna sabia, mas fingiu não ver. Ele não foi bom pra ela, mas era confortável o relacionamento, ela achava que era apaixonada por ele. Eu sempre vi tudo de longe, mas eu não podia interferir. Fui burro, achava que ela era feliz e não seria eu a estragar isso. Hoje eu sei o que é ver Jenna feliz. Você não a conheceu como ela era antes, era um inferno." "Jake não sei o que falar" "Tudo bem, o tempo passa" 

Jenna levanta do sofá e abre a porta do apartamento, a pequena e rabugenta professora entra. "Querida Serena."

FinalmenteWhere stories live. Discover now