Alemanha

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A cama enorme do meu quarto se transforma em um colo quando Lucca está deitado nela comigo. Desenho círculos em suas costas nua. Enquanto ele dorme, eu respiro fundo tentando parar de comparar Serena sozinha e Serena com ele, é impossível não perceber que somos muito melhores um com o outro. 

Ele sorri "Não estou dormindo linda, pode falar o que está pensando" sorrio mais ainda, ele sabe exatamente quando algo me deixa inquieta "Nada demais" tento afastar o que aconteceu no casamento. "L, por que seus pais se separaram da primeira vez?" ele se levanta, visivelmente incomodado "Por que isso agora Serena?" "Aconteceu uma coisa" "O que aconteceu?" ele eleva a voz, como se soubesse exatamente minhas próximas palavras "Eu vi algumas coisas" abaixo a cabeça, tentando tomar coragem, mas não sabendo exatamente como. Algumas lágrimas descem do meu rosto, envergonhada por não saber tratar do assunto, eu nunca passei por essa situação antes. Lucca levanta meu rosto com a mão, delicadamente, mas desesperado pelo o que tenho a falar. Ele sabe, ele já viu, isso o incomoda, sei disso, sinto isso. "Sua mãe estava lindo naquele vestido, não estava?" ele faz que sim com a cabeça, seus olhos marejados. "Ela tem muita força não tem? Por querer encarar esse casamento de novo?" ele faz que sim novamente, sua cabeça sobe e desce rapidamente, as lágrimas caem com a mesma rapidez do movimento. "Eu vi os hematomas Lucca" sinto como se algo fosse colocado em minha garganta, tento engolir o ar preso, mas não consigo digerir a situação. Ele deita a cabeça em meu colo e sinto toda sua dor, ele umedece minha pele com suas lágrimas e penso se foi bom ter compartilhado isso. "Desculpa L.." ele beija minha perna, repetidas vezes "Não me peça desculpa, você acabou de tirar um peso das minhas costas. Sabe como é ter que lidar com isso, sem poder falar com ninguém? Acha que eu nunca me perguntei por que minha mãe não usa roupas curtas, nunca mostra nem se quer um pedaço da sua pele?" sinto a dor em sua voz. "Ela é guerreira demais, ela é uma mãe maravilhosa" "Eu não considero aquele cara meu pai, e eu to cansado de ter que fazer aparências para que ele não desconte minha rebeldia na minha mãe" olho para o que sobrara de Lucca no meu colo, não acho que eu já tivera tanto contato com sua força desse jeito. 

"Eu sinto tanto, tanto tanto por você ter que passar por isso meu amor" "ah linda, eu fico tão mais tranquilo de te ter do meu lado" "Você já conversou com a sua mãe sobre isso?" "Ela simplesmente ignora, por que é mais fácil. Eu já tentei, dezenas de vezes tentar conversar com a minha mãe. O problema é que ela o ama, apesar de tudo, ela o ama. Isso não faz sentido pra mim, como se pode amar alguém que te machuca? É se martirizar diariamente" "Não faz isso com você mesmo, não tenta entender algo que nem o próprio protagonista entende" ele sorri, senta na cama "Eu já disse que te amo hoje?" "Na verdade já, mas pode falar de novo" sorrimos, ele me beija e tento apagar sua dor com a intensidade do meu amor. 

Sinto meu celular vibrar e tenho que parar de apreciar L. É Black, suas ligações sempre me fazem desligar com um aperto na garganta. "Sim?" "Serena, querida" eu sentirei saudade desse 'Serena, querida' "Pois não? Alguma notícia?" "Na verdade, não é relacionado ao seu caso. Mas só para matar sua curiosidade, eu e Glorí estamos nos organizando, ela foi uma pandora para você" "Eu sei, sou grata por ela, e por você" não posso vê-la, mas tenho certeza que a senhora balança a cabeça sorrindo, assim como eu "Querida, eu tenho uma proposta. Mas preciso que você venha a UCLA amanhã. Assim conversamos sobre o caso e eu posso lançar a proposta" "Perfeito" sorrio para Lucca, que me olha procurando respostas. 

"E então?" ele me olha curioso "Ela quer me encontrar amanhã, disse algo sobre uma proposta, não faço a mínima ideia sobre o que é isso" "Sinto que é coisa boa, você merece" fico de joelho em cima da cama, massageando as costas nuas de Lucca. O silêncio e sua companhia me renovam. 

"S." "Oi" ele se vira e aperta suas mãos contra minhas coxas, seu rosto está virado para baixo. "Você tá preocupado" ele faz que sim com a cabeça "pode falar o que é" eu empurro seu ombro, tentando tirar o peso de sua expressão.

"Depois que eu apresentei meu trabalho final. Uma empresa me procurou, interessada na bactéria que eu estou estudando, eles querem me pagar para estudar" "LUCCA ISSO É INCRÍVEL!" "É" "Que cara é essa?" "A empresa é alemã" "E?" tento decifrar o por que essa notícia causa arrepio na minha pele. A empresa é alemã, a frase dele ecoa na minha mente. 

"Serena, a empresa é alemã. A sede de estudos fica na Alemanha" "A sede fica lá? E você com isso? Não vai estudar na UCLA?" "Não" "Não o que?" "Não, eu não vou estudar aqui" "Você vai estudar na Alemanha Lucca?" "Eu to considerando a proposta, mas não consigo me ver sem você. Vai comigo?" 

Levanto da cama rapidamente, o mundo está conturbado e minha cabeça gira. "Serena?" Lucca levanta, "Eu to com muita fome. Você não tá com fome? Eu to esfomeada! Vou fazer um lanche, não quer não?" "Serena" "Eu sei Lucca, você acabou de comer. Mas você tá tão magrinho, come de novo" "Eu não to magrinho Serena. E você não tá me ajudando, responde o que eu acabei de falar" "O que você acabou de falar? Acho que não lembro" dou uma risada nervosa. "Perdi a fome, vou tomar um banho. Quer ir comigo?" Lucca se encosta no balcão, respira fundo, eu nunca conheci alguém com tanta paciência como ele. "Serena" "Lucca, me dá um tempo, pelo amor de Deus. Olha o que você acabou de me falar" "Você não tá feliz por mim?" "É claro que eu estou meu amor, mais do que ninguém. Mais do que você poderia imaginar. Mas não consigo imaginar tudo isso se eu não tiver você para compartilhar" ele sorri "Tá bom, a gente pensa nisso com cuidado, tenho um tempo para responder. Aquele banho, eu aceito"


FinalmenteWhere stories live. Discover now