Finalmente

22 1 0
                                    

É hoje. 

Levanto da cama e sinto meu pescoço e minhas costas rangerem, olho para o chão e é meu pé direito que encosta no piso de madeira. Sorrio para a cena, minhas superstições me acompanham aonde eu vou.

Paro e  escuto vozes na cozinha, a animação é contagiante, ainda de pijama ando me arrastando para ver o que de tão divertido minha família faz. 

"Tudo bem aí?" digo ainda sonolenta, J+J, Kitty e Jesse tentam esconder algo da bancada da cozinha com o corpo, "Bom dia Sereny" minha irmã caminha na minha direção e me abraça, todos da casa possuem uma feição feliz e descansada, sei que se eu olhasse para o espelho veria o reflexo deles em mim. 

"Vai se arrumar, estamos preparando seu café da manhã" Jake diz enquanto,Jen faz sinal com as mãos para eu ir embora. 

Assim como da primeira vez eu visto uma roupa sem sal, mas que segundo Black fará com que minha aparência seja receptiva. A maquiagem é leve, ao contrário do que Jenna gostaria. Olho para o espelho e faço a técnica de respiração que alivia minha ansiedade, ela foi um álibi diariamente na minha vida. 

Inspire S. Encha o pulmão de ar. Expire com paciência, não fique ansiosa para soltar o ar logo. Inspire novamente. 

Olhe para suas mãos, foque nos detalhes, nas linhas da sua palma, na cor irregular que o marrom da madeira do chão tem. Olhe para si mesma. Diga palavras boas para você. Não feche a mão, não se deixe suar. Você está no controle. 

Olhe em volta, perceba que as coisas estão fixas, elas tem controle delas mesmas. Pense nas lembranças boas, a risada da sua irmã, o olhar da sua mãe, o toque de Lucca, o verde de Philip, a barriga de Jen. Feche os olhos. Continue respirando. Não deixe seus nós se formarem, você precisa da sua garganta limpa para poder falar. 

Eu estou no controle. Deixo meu drama diário no quarto e digo a mim mesma que não posso manchar os outros com meus problemas, então visto o sorriso mais calmo e entro na cozinha. Jake ri do que se parece ser um bolo. 

É um bolo. Com uma boneca vestida com um uniforme de presidiário. "É Catherine" Jesse diz no meu ouvido dando risada, "Eu não acredito" digo com um largo sorriso no rosto, meu maxilar dói e me seguro para não massageá-lo, eu já devia estar acostumada com os sintomas dessa maldita ansiedade. 

"Vocês são péssimos, e são os melhores" digo cortando o bolo de cobertura preta e branca em xadrez, com os escritos "Boa estadia Catherine e Márc" 

                                                                **************

  Déjà-vu. 

Ou não.

Poderia ser a mesma cena de que alguns meses atrás, tirando o fato de que eu entrei normalmente pela porta do tribunal do júri. Fotógrafos e cinegrafistas esperam do lado de fora, já os jornalistas sedentos por matéria já estão á espreita para o inicio do julgamento. Entro no enorme salão, lotado de pessoas curiosas que eu nunca vi na vida, e Philip. Sorrio agradecida. Black já está sentada a minha espera. Jesse vai em direção as outras testemunhas. 

Sento ao lado da minha advogada, chefe e mãe. Ela encara com os olhos de desprezo para a cena que vem da porta, Catherine. Olho para as testemunhas. 

Do meu lado: Philip, Jesse e Glorí.

Do lado do réu: Um médico que nunca vi, uma senhora aparentemente simpática. 

Do lado de Márc: não há ninguém.

"Por que Catherine e Márc não possuem muitas testemunhas?" questiono a Black, cada pessoa pode ter até 8 peças-chave. "Você não percebeu? Depois que colocamos Glorí como testemunha, nenhum advogado quis ficar com Catherine. E Márc está usando do advogado do governo" sorrio ao perceber o tamanho do problema que a minha presença é para eles. 

FinalmenteWhere stories live. Discover now