Dias depois, eu me encontrava dentro do elevador da Communication Center enquanto conversava com minha irmã por mensagem. Há dias não tinha notícias dela e dos meus pais. Toda vez que ligava a chamada ia direto para a caixa de mensagens.
Eu também não via mais postagens de Emily nas redes sociais e muito menos a via online. Naquele momento, eu tinha entendido o motivo do sumiço.
"Mamãe não pagou a conta do telefone. Estamos sem celular, internet e qualquer outra coisa do tipo :) Talvez você devesse voltar assim sobraria dinheiro para mim. Para nós.
Passar bem, maninha."
Emily e eu não tínhamos uma boa relação há meses. O motivo era o mais tosco o possível, entretanto para ela parecia ser o suficiente. O gelo que ela havia criado entre nós permanecia vivo. E pelo andar das coisas continuaria por muito tempo.
Logo que as portas do elevador se abriram e eu fui sair avistei Hunter caminhando em minha direção. Resolvi esperar ele se aproximar por completo.
— Boa tarde.
— Como está, Every? — me deu passagem. — Melhor do que ontem?
Eu ri sem jeito, assentindo.
Reconhecia que ele estava se referindo a minha enxaqueca do dia anterior e também pelo fato de quase ter desmaiado no meio da reunião que estávamos tendo. Só conseguia lembrar que o local estava quente e eu suava tanto que sentia a água escorrer pelo meu pescoço e costas. Foi algo definitivamente constrangedor.
— Sim, estou bem melhor. Aliás, obrigada por ter me deixado sair mais cedo... Nate deve ter ficado uma fera, não? — estreitei os olhos, encolhendo os ombros. — Ele teve que corrigir o restante das matérias que eu havia deixado e posso dizer que eram muitas.
Ele negou com a cabeça, sorrindo doce. Era meio impossível ver Hunter Turner não sorrir gentilmente para qualquer pessoa que fosse.
— Ele entendeu sua posição. Não se preocupe com isso. — começou a andar até o elevador, me pedindo licença sutilmente com um aceno. — Tenha uma ótima tarde, Every.
Concordei com a cabeça e acenei com a mão livre. Em seguida, as portas se fecharam. Eu me encontrei sozinha no enorme corredor encarando as duas letras "C" em itálico na porta.
Limpei a garganta, respirando fundo e resolvi seguir o meu rumo também.
Caminhei com passos lentos até a sala de Nate enquanto pensava em alguma forma de ajudar meus pais com as dívidas. Fazia poucas semanas que eu estava trabalhando na empresa, portanto, não tinha o conhecimento do quanto receberia naquele final de mês. Reconhecia que não era muito.
Ao chegar na minha sala de trabalho, não bati e muito menos pedi licença ao adentrar. Aproximei-me da mesa que ficava e coloquei minha bolsa na guarda da cadeira. Eu mantive meu olhar completamente naquele afazer e só terminei assim que fui sentar.
Após fazer isso, olhei para Nate visto que o senti me observar. Ele estava com as sobrancelhas arqueadas e com o lábio levemente repuxado em curiosidade. Em sua mão direita havia uma caneta que ele batia com frequência no notebook.
— Hum, oi? — cumprimentei baixo. — Já quero pedir desculpa por ter saído mais cedo ontem, eu realmente estava passando mal e...
— Estava mesmo? Ou será que foi mais uma maneira de você me tirar do sério? — estreitei os olhos, retomando a postura. — Ontem mesmo comentei com você que odiava qualquer coisa relacionado a correção e o engraçado foi que você resolveu passar mal logo depois disso. Então, Every Holdings, isso não foi mais uma forma de me irritar?
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SUSSURRA-ME
RomansEles eram diferentes, porém, tinham coisas em comum: liberdade, desapego e o medo da entrega. A cada vez que se encontravam não conseguiam se controlar. Aqueles olhos cor de mel, os lábios, o jeito de Nate Young despertava a atenção de Every Holdin...