CAPÍTULO 46

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Eu estava respondendo a mensagem da minha mãe no celular enquanto caminhava em direção a entrada da faculdade. O sol quase impedia que eu enxergasse completamente as palavras de Jane devido ao reflexo. Entretanto, eu me esforçava ao máximo para conseguir.

Minha mãe havia dito que Trevor estava indo bem no serviço. Que estava marcando presença em grupos de apoios para pessoas viciadas em jogos. Era claro que eu estava feliz por ele, mas ainda assim conseguia lembrar de tudo que ele havia nos feito passar. Como a perda da nossa casa e até mesmo do carro. As dívidas aumentando. As brigas com familiares. Era uma péssima lembrança, mas não sumia da minha mente.

— Ei, Every!

Virei-me para trás, bloqueando o celular. Logo encontrei Hope correndo até mim. Ela utilizava as roupas de antes, suéter e calça moletom. Seus cabelos estavam presos em um coque.

— O que aconteceu com suas roupas? 

Ela levou a mão em direção ao óculos, empurrando-o para trás. Eu consegui perceber ela trêmula.

— Eu vou devolver para você. Eu sei que você está irritada comigo por causa do Nate. Sei que deve ter se arrependido de ter me ajudado e até...

— Respira, Hope!

Se ela continuasse a falar com certeza iria me deixar tonta com a rapidez que as palavras saiam de sua boca e possivelmente iria desmaiar com a falta de oxigênio.

— Eu não quero perder minha única amiga por causa de um cara.

— E você não vai. — falei tentando soar calma. — Eu não quero as roupas, elas são suas.

Eu tive vontade de rir ao notar a forma que ela tinha ficado por conta daquele pequeno desentendimento, mas sabia que seria maldade.

— Mas...

— Eu não estava irritada com você, mas sim com o Nate.

Falei de imediato, tentando fazer com que as dúvidas dela desaparecessem. Eu não queria sacanear Hope, ela era doce demais para aquilo. 

Mills molhou os lábios.

— Eu não vou me aproximar dele.

— Eu só não quero que ele seja o primeiro cara a partir seu coração. Entende? — falei ao tomar cuidado. — Nate se aproxima de garotas somente para se aproveitar durante uma noite.

Eu tinha o conhecimento de que possivelmente estava sendo uma péssima pessoa ao falar mal de Nate, mas eu não queria que Hope chegasse perto dele. Eu só tinha certeza de uma coisa: Alguém iria sair machucado no final das contas e eu apostava que seria a menina loira.

Ela franziu o cenho, me estudando.

— Ele fez isso com você?

Soltei um riso, negando com a cabeça. A forma que ela me olhava chegava a ser engraçado.

— Ele não fez isso comigo porque eu não sou como as outras garotas.

— Como assim?

— Eu não fico cobrando nada dele, por exemplo.

Ela concordou com a cabeça, mas ainda assim parecia confusa.

— O que foi?

Hope se escolheu, puxando as mangas do suéter. 

— Você gosta dele?

Franzi o lábio, o mordendo em seguida. Naquela altura, eu já estava considerando Nate como um amigo apesar das discussões constantes.

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