CAPÍTULO 52

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Era segunda-feira e eu ainda não acreditava realmente nas palavras de Nate. Após ele falar que tinha sido preso por conta de Dylan Parker, eu o questionei a respeito, mas não obtive respostas. A única coisa que ouvi foi a voz de Ben surgir interrompendo nosso falatório.

Ao voltarmos para casa, também não consegui nada. Ninguém falou dentro do carro. Nenhuma palavra sequer foi dita. A viagem foi tensa.

Entretanto, aos chegarmos no apartamento, Nate finalmente se manisfestou. Não em relação a confissão. Ele apenas perguntou se eu iria dormir na residência dele ou não. Eu acabei aceitando porque tinha a completa certeza que ele não estava a fim de me levar para casa naquele horário. Após isso engatamos uma conversa a respeito do filme que assistíamos.

Um falatório forçado. Estranho.

Estava mais do que óbvio que eu estava sem jeito. Eu simplesmente não sabia se acreditava nas palavras dele. Não, eu não estava com medo de Nate. Nem deveria estar. Eu o conhecia o suficiente para saber que ele não faria mal algum para mim, pelo menos, não fisicamente. Ele não tinha me matado na estrada deserta e enterrado meu corpo quando teve chance, por exemplo.

Ok, pensamento patético.

Em meio aos meus devaneios a voz dele surgiu de forma baixa.

— Tudo bem?

Soltei um suspiro, olhando para o lado ao avista-lo. Ele me analisava com o cenho franzido, não de dor ou confusão. Suas bochechas estavam mais rosadas assim como eu imaginava que as minhas estavam por conta do ar condicionado ligado no carro.

— Tudo e você?

Ele desviou o olhar para frente, percebendo a movimentação dos estudantes na frente da faculdade.

— Curioso.

Eu sabia que ele estava se referindo aos meus pensamentos. Nate queria saber o que eu estava imaginando a respeito dele.

— Eu também estou. — soltei um riso fraco, olhando para minhas mãos inquietas. — Não tenho direito a nenhuma pergunta?

Silêncio foi tudo o que eu obtive.

Eu podia afirmar que eu estava mais curiosa que Nate. Queria saber a respeito de sua prisão, o motivo. O que Dylan tinha feito e o porquê. Porém, eu duvidava muito que ele iria me contar.

Molhei os lábios, voltando o meu olhar para ele. Ajeitei minha postura, arrumando a bolsa no ombro.

— Bom, eu vou entrar. Não posso me atrasar senão a Hope me mata.

— Eu tinha uma boate. — ele falou, me calando. — A boate do Dylan era minha.

Por um breve segundo eu parei de respirar. Minha postura foi ficando mais rígida enquanto eu analisava Nate.

Ele olhou para baixo, soltando um suspiro. Seu peito subiu e desceu de acordo com a respiração. Nate não estava nada confortável com aquilo.

— Há quase dois anos, mais ou menos, eu e a Kylie resolvemos abrir uma boate. Eu tinha metade da grana e ela a outra. Fizemos um acordo onde eu ficava com cinquenta por cento e ela com os outros cinquenta. — ele continuou. — Naquele tempo, ela namorava com o Dylan, mas o relacionamento deles não estava indo muito bem. Ela não queria mais e ele não percebia. Eu era amigo dele. Eu, o Hunt, a Mad.. — ele suspirou, negando com a cabeça. — Todos éramos amigos. Nós alertamos o Dylan. Explicamos que a Kylie não queria mais ficar com ele e que ela já tinha dado um basta em tudo, porém ele não escutou. Ele não aceitava opiniões de terceiros.

Quando Nate parou de falar, eu me aconcheguei no banco ficando de lado para poder analisá-lo melhor. Eu ainda não sabia o que sentir a respeito daquelas palavras. Não tive reação alguma, somente escutei.

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