CAPÍTULO 48

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Quinta-feira. Sete horas da noite. Tempestade. Eu e Nate sozinhos em um carro.

Eu tentava não pensar na chuva forte que batia contra os vidros do automóvel ou nos raios que clareavam o céu e o nosso pequeno espaço. Tentava ignorar as tormentas altas. Entretanto, estava sendo impossível.

A viagem para a casa do avô de Nate não estava sendo tranquila. Meu maior medo era que o carro estragasse no meio do nada naquela tempestade. A única coisa que tinha ao redor era mato atrás de mato.

— Ok, eu realmente acho que nós devemos parar. — soprei.

Young olhou para o céu, percebendo que não adiantava seguir caminho. Quase não conseguíamos enxergar o que tinha em nossa frente. E se algum bicho aparecesse do nada e causasse um acidente?

— Onde vamos parar?

— No meio do nada. — falei óbvia. — Não estou vendo nenhum estabelecimento por perto. Você está?

— Não começa com o estresse agora.

Cruzei os braços, tentada a discutir. A verdade era que antes de sairmos da empresa, eu havia dito que iríamos pegar uma bela chuva no caminho e que era melhor sairmos no outro dia pela manhã, no entanto, ele não me ouviu. Óbvio.

Esperei pacientemente Nate estacionar o carro e logo desligar.

O frio já começava a fazer parte do local. Arrepios percorriam meu corpo. Tudo que eu queria era voltar para meu apartamento e desejar nunca ter aceitado aquela viagem.

— Para de ficar emburrada. —  ele chamou minha atenção, tocando em minha bochecha. — Vai adiantar alguma coisa? A chuva vai passar?

— Eu falei para esperarmos, mas você não escuta.

— Nós já pedimos folga amanhã para podermos vir hoje.

Eu sabia que ele estava se referindo ao pedido que havíamos feito para Hunter. Young somente me avisou que nosso chefe tinha concedido aquela sexta para podermos viajar. Eu não gostava nem de pensar no que o primo de Kylie havia pensado sobre eu e Nate.

Suspirei, tentando me acalmar.

— Eu 'tô com frio. Não sei se percebeu, mas eu 'tô só com um vestido.

— Bem curto, aliás. — ele sorriu de lado. — Pega minha jaqueta.

Revirei os olhos, apertando meus braços.

— Eu fui com ele somente para fazer com que todo mundo olhasse mesmo, assim conseguiria acabar de vez com os olhares e risinhos daquele grupo de patetas. — falei ao me referir a faculdade. — Acredita que o Caleb não foi hoje?

— Sim, é a terceira vez que você fala isso.

— Eu vou falar quantas vezes quiser e você vai ouvir bonitinho. Ok? — olhei para ele, repreendendo. — É o máximo que você pode fazer depois de me trazer para esse fim de mundo no meio de uma tempestade.

— Não é você que gosta?

— Quando eu estou dentro do meu apartamento, coberta de edredom e com comida. Bem protegida.

Ele apontou em minha direção ao estalar os dedos. Em seguida, virou para trás, pegou a jaqueta e uma sacola contendo algumas porcarias que havíamos comprado na loja de conveniência de um posto. Assim que retornou a posição normal, ligou o dvd portátil e me olhou.

— O que quer assistir? Tenho alguns filmes no pen drive.

(...)

Já havia passado trinta minutos e ainda continuava a chover forte. Eu e Nate nos ocupávamos em comer pringles e tomar água. Nós conversávamos sobre coisas aleatórias inclusive sobre um jogo que tinha acabado de acontecer no filme. Um game de conhecimentos.

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