Capítulo 7

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Quando chegamos em casa, lembrei-me do meu pequeno sobrinho Thomas, que tinha me dito alguns dias atrás que queria ver Will novamente.

- Ah, Will! - Falei, fazendo-o parar, junto com sua cadeira - Thomas está louco para vê-lo de novo... Quando podemos ir vê-los?

- Quando você quiser... Que tal se formos esse final de semana?

- Ótimo. - Falei, sorrindo. - Thomas vai adorar vê-lo. E hoje à noite eu ligo para os meus pais avisando.

- seu sobrinho é uma criança adorável, Clark. Na verdade sua família inteira é adorável. - Ele falou, olhando pra mim.

- Obrigada, mas sim, somos adoráveis.

Eu falei sorrindo pra ele.
Continuamos nos movimentando de volta pra casa, e de repente a imagem de um bebê, com o sorriso e os olhos de Will e apenas a minha pele de neve  pálida invadiu a minha mente...

Estávamos muito perto de casa, quando eu parei, ainda imersa nos meus pensamentos sobre o bebê.

Will, que andava um pouco mais a frente, ao não me ver, virou sua cadeira e olhou pra mim, ao me ver parada feito a estátua da liberdade.

- Will?

- aconteceu alguma coisa? - Ele deslocou sua cadeira para mais perto de mim.

- Você já pensou na possibilidade de termos um filho?

****

E aqui estou eu, deitada na cama, observando meu namorado lindo dormir.

Tínhamos conversado, logo que voltamos do passeio pelo jardim, e eu o questionei sobre termos um filho.
Afinal, por mais que ele não conseguisse mais movimentar sua pélvis, para fazermos um bebê no modo convencional, não significava que ele havia parado de produzir espermatozóides.

O que me faz retornar à nossa conversa de horas antes...

- você já pensou na possibilidade de termos um filho?

Ele respirou fundo, e depois falou, totalmente sério.

- Não, Louisa. E não quero nem pensar nisso, embora eu adore crianças, mas como eu vou ser um pai, assim? -  ele não precisou apontar para eu saber que ele estava falando do fato de ser tetraplégico.

Fiquei totalmente sem graça, embora eu soubesse que sua reação seria daquele jeito mesmo.

- Não sei, só.. pensei. Que, talvez... Uma criança fosse boa para a gente.. mas, esquece. - forcei um sorriso, e então continuei andando, sendo seguida por ele.

Voltando à realidade, olhei pra ele novamente, imaginando de novo como seria um bebê nosso.
Não estava conseguindo dormir. E era quase meia noite. Muito tarde para quem teria que trabalhar às 7 da manhã.

Me virei de um lado e de outro, até que vi os envelopes que Nathan tinha me entregado mais cedo, na mesinha de cabeceira.

Sentei-me lentamente, para não acordar Will, acendi o abajur do meu lado, e peguei os vários envelopes que estava ali.

O primeiro, tinha como endereço de remetente, algum lugar na Austrália, e deduzi que provavelmente era de Georgina, a irmã mais nova de Will.

Abri. Afinal, a gente sempre compartilhava as coisas, inclusive as cartas que Georgina insistia em mandar, ainda que as tecnologias já tivessem avançado vários séculos.

Abri o envelope. Eram fotos e mais fotos dela grávida. Estava maravilhosamente linda com aquela barriguinha redonda.
Sim, ela estava de seis meses e sua barriga estava mais do que evidente, ainda que em muitas das fotos ela estivesse de vestido.

Estava linda. Ao final, tinha um pequeno bilhete, em que ela dizia com felicidade, que em breve estaria junto conosco e que provavelmente teria o bebê aqui em Londres mesmo.

Suspirei. No fundo, ainda que eu estivesse conformada, diante da minha escolha ligada a Will, eu sabia que queria ter um filho futuramente.
Sentir aquele pequeno pacotinho nos braços era a melhor coisa do mundo, como eu me sentia sempre que pegava Thomas quando ele era bebê, e como Treena sempre me falava.

Coloquei as fotos e o bilhete dentro do envelope, de volta e logo peguei outro. Era da Universidade de Londres.Para mim... Ai meu deus.

Eu tremia, mas ainda assim , consegui abrir o envelope.

Londres, Agosto de 2014

Cara excelentíssima Senhorita Louisa Clark,

Recebemos sua solicitação para pleitear uma vaga para o curso de moda de nossa universidade.
No entanto, ainda estamos avaliando as notas enviadas pela senhorita, mas em breve encaminharemos um novo comunicado semelhante a esse, com a nossa decisão.

Cordialmente
Com nossos cumprimentos
Michelle R. Artignan, vice reitora da L
U.

UAU! Uma euforia tomou conta de mim, naquele momento. Caramba. Eu ia enfim, ser alguém na vida. Ser muito mais do que almejei ser. Ser muito mais do que a ex atendente da cafeteria. Aquela carta, claro, ainda não era exatamente a que eu queria ler, ainda. No entanto, a possibilidade de que em breve eu teria a que eu esperava, me deixava eufórica.

Acabada a minha empolgação, olhei para o outro envelope, um papel pardo, que era direcionada para Will. Era de uma clínica.

Por um instante, meu coração deu uma leve refreada, imaginando que ele ainda estava pensando em voltar para aquela... Aquele lugar onde as pessoas pagam pra morrer...

Mas enfim, retornei ao que estava fazendo, e abri o envelope. Logo após abrir a folha, foi que constatei do que se tratava. Meu coração deu uma leve acelerada.

O que será que ela viu que a surpreendeu? Hahahaha eu ia colocar nesse ainda, mas resolvi fazer mistério :)
Estrelinhas e comentários pliss :)

WILL E LOUISA - COMO SERIA SE TUDO TIVESSE SIDO DIFERENTE?Onde histórias criam vida. Descubra agora