Capítulo 29

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Dois meses e meio depois...

Era uma agradável manhã de janeiro. Eu estava no meu quarto mês e meio de gravidez, portanto a barriga já dava sinais de aparecimento, estava bem redondinha.

Tinha acabado de acordar, sem Will do meu lado, já que ele acordava cedo para fazer a fisioterapia junto a Nathan no outro lado da cidade, uma vez que não dispúnhamos dos equipamentos corretos para os exercícios necessários.

Bocejei, ainda com sono ( sim, em plenos quatro meses de gestação eu ainda dormia excessivamente, ou melhor, hibernava dramaticamente, hormônios...), E relutantemente fui até o banheiro, onde tomei um banho delicioso, com direito a músicas do Bon Jovi saindo da minha voz de taquara fachada. Ok, coitado do Bon, se ele me visse cantando AlWAYS.. ia se assustar fácil, fácil...

Logo depois, pesquei um vestido leve e solto na cor laranja neon, com alguns detalhes roxos e vesti.

Penteei os cabelos, fazendo um rabo de cavalo frouxo, deixando alguns fios soltos e fui direto para a cozinha.

Fiz uma panqueca coberta com muito mel ( que Will não me veja, senão ele ia acabar com a graça de se comer panquecas) é um café bem forte para despertar. Afinal, o dia iria ser cheio de surpresas.

Estava terminando a última panqueca quando ouvi barulhos vindo de fora de casa. Will e Nate tinham chegado, finalmente.

- Clark? - Will gritou, entrando em casa, seguido por um Nathan sorridente. Desde que anunciara o noivado, Nathan só vivia com um sorriso no rosto, o que era ótimo, claro.

- Estou aqui! - falei, levantando-me do banquinho e tirando o meu prato do balcão.

- Ah... Comendo, como sempre - Will sorriu, aproximando-se de mim com sua cadeira e seu sorriso que deixava aparecer sua covinha que eu amava tanto.

- Alimentando seu filho, seria mais correto, senhor Traynor. Falar que eu vivo comendo toda hora ofende a moral dos bons princípios.. - fiz uma cara de brava, obviamente.

- ah é? - ele deu novamente aquele sorriso de arrancar calcinhas e eu passei de brava para derretida. Ok, nem eu sabia o motivo pelo qual eu estava brava. Malditos hormônios. Aff.

- É sim, senhor Traynor. Agora me conta, como foi a fisio? - perguntei, com os olhos brilhando de esperanças de que um dia ele pudesse pegar nosso bebê nos braços sem riscos de derrubá-lo no chão.

Ele simplesmente não falou nada. Então inesperadamente aconteceu: ele levantou as mãos e fez um sinal de legal, meio aberto, mas dava para entender que ela um legal, já que seu polegar estava quase tocando a palma da mão. Quando vi, notei minha visão embaçada por causa das lágrimas que surgiram nos meus olhos.

Eu simplesmente só podia estar sonhando. Ele havia recuperado ( mesmo que não totalmente) o movimento das mãos... Isso era ótimo (** não é algo tão surreal, tá galera? Vez ou outra vemos tetraplégicos que conseguem movimentar os braços e mãos, ou seja, ao longo do tempo, com a fisioterapia que impede que os músculos atrofiem, pode sim haver evoluções como a do Will.. e você me pergunta, mas cara, isso em dois meses e meio? Sim, isso nesse tempo mesmo. Sabemos que muita coisa mudou na medicina e até mesmo na fisioterapia, então não vejo avançar em tão pouco tempo, esse processo. ) Ótimo não, maravilhoso! Oh Deus!!!!! - então fiz a única coisa que queria fazer naquele momento: beijá-lo muito.

E assim o fiz.

Nos beijamos por tempo suficiente para fazer com que Nate fizesse um barulhinho nos chamando a atenção e nos tirando da nossa bolha.

- Eu sei que o casal está feliz e tudo.. mas vocês terão o tempo todo para comemorar... Eu só quero uma coisa: saber o sexo do meu afilhado!

Era verdade, depois de muitas discussões, Will e eu decidimos que os padrinhos do nosso filho ou filha, seriam o Nathan e a Karen, e a Treena e o Liam, e eles também seriam nossos padrinhos no dia do nosso casamento, que aliás, estava se aproximando também.

Sim, eu tinha decidido casar grávida mesmo, afinal, a minha barriga não impedia em nada. Eu estava com quase quatro meses  de gravidez, segundo as minhas contas, o que já dava para perceber o pequeno volume que aparecia.

Iríamos à minha médica, Dra Angeline Hudson para finalmente fazermos a ultrassonografia e descobrir o sexo do bebê. Além de sabermos qual o tempo real de minha gestação, ainda que pelas minhas contas eu estava no terceiro mês. Mas não era correto, já que sempre tive uma menstruação irregular, o que dificultava o controle dos dias em que eu estava e os que eu não estava menstruada.

Além do que, provavelmente eu estava certa, já que a barriga redondinha já era evidente.

- Tá, tá bom, seu apressado! Tá mais ansioso que eu e o Will juntos! - debochei - eu já estou pronta. Só preciso que você ajude o Will a se arrumar para podermos ir. Não contei para ninguém sobre a consulta, espero que você também não tenha feito, senhor Traynor. Quero surpresa.

- sim senhora! Claro que não contei pra ninguém, apesar de que estou louco para falar... Mas vamos esperar né? Espero que seja um garotão tão bonito quanto o papai!

Revirei os olhos. Homens.

Meia hora depois, Will estava pronto e eu estava agoniada para chegarmos logo ao consultório. Mal me cabia de ansiedade para saber se daria pra ver o sexo ou não. Já estava fazendo milhares de planos, na minha cabeça, afinal.

****

- Bom dia, Srta Clark. Sr Traynor. - a médica nos cumprimentou tão logo entramos em seu consultório. Como sempre, estava sorrindo ao nos receber. - Então, pelo que posso ver, houve concepção - ela falou, olhando para a minha barriga evidente pelo vestido. Seu olhar alternava entre espanto e surpresa.

Ela se levantou, avaliando-nos com um sorriso divertido nos lábios.

- Pra mim também foi surpresa, doutora. A gente tinha essa vontade, você sabe, mas não esperava que fosse tão rápido.  - eu retruquei, balançando minha perna, num gesto completamente ansioso.

- HM... Entendo. - ela falou, voltando a se sentar de frente para nós, com o olhar alternando entre mim e Will. - mas... Vamos saber de quanto tempo está o feto? Caso ele já esteja em condições de ser visualizado, vão querer saber o sexo agora ou esperarão pelo parto?

- agora! - eu e Will falamos ao mesmo tempo, gargalhando em seguida, juntamente com a médica.

- muito bem. Louisa, queira por favor se trocar para que eu possa realizar a ecografia em você. - ela falou sorridente e me indicou o local onde eu deveria me trocar.

Quando retornei, com a roupa sem graça do hospital, fui instruída a deitar na maca, onde levantei a bata, com a ajuda da doutora, que observou a minha barriga já evidente, tudo isso sob o olhar atento de Will, com um sorrisinho presunçoso no rosto.

- Eu fiquei bastante surpresa pela gravidez, Louisa e Will. Eu sabia que tínhamos chance de gerar um bebê, mas aconteceu mais rápido do que eu imaginei, admito. Casos assim - ela se voltou para Will e sorriu - são raros hoje em dia, principalmente com a condição do Sr Traynor, ainda que não seja um empecilho, e vocês me provaram isso.

Eu e Will nos entreolhamos, enquanto Dra Angeline colocava suas luvas e se posicionava entre mim e Will, pegando em seguida, o famoso gel gelado ( literalmente) passando-o em minha barriga ovalada.

Algumas imagens começaram a surgir na pequena tela que estava de frente para a doutora, e de lado pra mim, mas ainda assim, consegui visualizar todo o movimento. Eu não estava entendendo muita coisa, mas à medida que a médica foi passando o objeto que segurava, em minha barriga, pude sentir.

Primeiro foram as batidas ressonantes do coração do bebê que surgiram no ambiente, fazendo o meu próprio coração pular de alegria, ao mesmo tempo em que as lágrimas se formavam em meus olhos.

Em seguida, a médica voltou o olhar mais atentamente para a tal televisão onde se exibia a imagem da ecografia enquanto permanecia espalhando o gel pela minha barriga.

- HM.. parece que o danadinho está querendo esconder sua identidade - ela falou, apontando rapidamente para uma imagem que aparecia na tela, e a congelou.

Mostrou lentamente cada parte do corpo do bebê, e comentou que ele estava com as perninhas cruzadas, o que nos impedia de ver o sexo.

- Ahá!!!! Ele se cansou da brincadeira e nos deixou saber quem é! - a doutora Hudson falou, entusiasmada.

- Então, doutora...?

- É UMA MENINA!

WILL E LOUISA - COMO SERIA SE TUDO TIVESSE SIDO DIFERENTE?Onde histórias criam vida. Descubra agora