Capítulo 15

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- Então, vamos lá. Primeiro, eu gostaria de saber como é a vida sexual do casal. - A médica falou, nos encarando de forma natural.

- Hum... Bem..

- Bem, eu acho que devo reformular a pergunta, tudo bem, queridos? Não precisam ter vergonha ou algo do tipo. É totalmente normal, ter esse tipo de conversa aqui. - Ela falou, segurando sua caneta, a postos para provavelmente anotar alguma coisa. Seu sorriso exalava confiança, além de que ela também nos passava confiança.

- Continuando.. há quanto tempo estão juntos?

- HM... Há alguns meses... Cerca de oito, exatamente. - Will tomou a palavra e respondeu, sem qualquer indicação de nervosismo.

- Certo. E... - ela anotou alguma. - Desde então, como anda a vida sexual do casal? Antes que respondam, só quero dizer que a vida sexual de um tetraplégico é completamente normal, e a falta de movimentos é apenas um detalhe ínfimo.

Eu olhei pra Will, que olhou pra mim também sem jeito.

- B-bem doutora... É...

- Sem hesitação, OK?

- Ok. Na verdade... Nós.. hum, temos feito sexo há algumas semanas... Porque eu nem sabia que.. enfim, você entende não é? - falei, meio que em enigmas... Era provável que ela entenderia.

- Hum... Você tá querendo me dizer que a vida sexual de ambos ainda é recente devido ao fato de você não saber lidar com o fato de William ser tetraplégico?

Assenti, envergonhada. Mas antes que ela falasse, eu a interrompi, okay, pode me chamar de mal educada.

- É, em partes. Eu achava que se eu ficasse por cima talvez desse certo, mas nunca tinha tentado. Até que vi uma reportagem dizendo que muitos para e tetra tem uma vida sexual ativa, e então... Meio que aconteceu e aqui estamos nós. - Meu rosto já estava super pegando fogo naquela hora. Se você acha que falar de sexo é fácil, só experimente.

Ela continuou anotando alguma coisa em seu bloco, sorrindo amavelmente sem nós encarar. Logo depois, falou:

- Muito bem... Primeiramente quero dizer que sim, como voce mesma disse, Louisa, o sexo hoje para paraplegicos e tetra, não é mais obstáculo desde que haja ciência de como fazê-lo. Obviamente o pênis do homem nessas situações, recebe de fato estímulos o que ocasiona a ereção. A ereção é fator primordial para a penetração e além disso, é o estado de um grau maior de excitação do homem. No homem para ou tetraplégico, o pênis fica ereto sim, porém com menos tempo de duração. O que a gente chama de Ereção Reflexa.
Ereção reflexa é um arco reflexo, que é o mesmo estímulo de quando o médico bate o martelinho no joelho e a perna pula. Este movimento independe do cérebro, por isso é chamado de reflexo. Através de estímulos no órgão genital ou áreas próximas, o impulso nervoso é levado à medula e volta ao órgão genital, sem precisar chegar no cérebro, produzindo uma ereção. Essa ereção até permite a penetração, mas não dura muito tempo. Já a ereção psicogênica é conseguida pelo estímulo visual, pelo tato, cheiros, sons e pensamentos. Os estímulos acontecem diretamente no cérebro e são enviados ao órgão genital através dos nervos. Essa ereção dura ainda menos tempo que a reflexa, e em geral o pênis não enrijece completamente. O que significa dizer - ela tomou um fôlego, depois de tanto que falara - Que vocês estão no caminho certo. Mas agora quero saber, vocês tem mais alguma curiosidade?

Ela sorriu amavelmente pra gente, e eu olhei pra Will, que embora estivesse sério, estava totalmente envergonhado depois da aula de sistema nervoso feat tipos de ereção de um pênis que a médica tinha acabado de nos dar.

- Bem.... Acho que... Já sanou todas as minhas dúvidas quanto ao funcionamento do meu.. hum... Instrumento... - Will falou, de um jeito tão descarado, que quando vi, já estava caindo na risada.

Eu ri tanto, que senti a minha barriga doer excessivamente, é só parei porque estava num consultorio e não queria pagar mais mico do que eu evidentemente já pagava

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Eu ri tanto, que senti a minha barriga doer excessivamente, é só parei porque estava num consultorio e não queria pagar mais mico do que eu evidentemente já pagava. Principalmente na frente de uma médica.

Okay, Louisa, já tava na hora de parar de rir. E foi o que fiz, cerca de vinte segundos depois.

- Mais alguma dúvida, Srta Clark e Sr Traynor? - a médica nos perguntou, ainda com o sorriso amável. Como se eu não tivesse acabado de ter uma crise de risos ou que will tinha falado do "instrumento" dele.

- Hum... bem, doutora, eu gostaria de saber se... se é possível engravidarmos pelos métodos tradicionais, digo, sem usar qualquer procedimento de laboratório? - assim que terminei de falar, engoli em seco, ansiosa pela resposta da doutora.

- Mas é sim! E olha, não é raro de acontecer não! Muitas pessoas tem ideias preconceituosas e absurdas do tetra ou paraplégico, acreditando que por não ter movimentos, todo o organismo deixa de funcionar. O que não é verdade! Sim, Louisa, você pode engravidar diretamente das relações sexuais sim! E é importante que mantenham a vida sexual ativa, uma vez que, claro, não exagerar.  Mais alguma dúvida? - ela perguntou, olhando-nos.

Pensei, e pensei... claro! as posições!

- Hm... Doutora Hudson... é, sobre as posições e tal, a maneira mais...

- entendi o que você quis dizer! - ela falou, me cortando e dando uma risadinha continuou - Acho que no caso de vocês, a única maneira é você por cima mesmo, Louisa. A não ser, claro, que use a imaginação. - ela deu uma piscadela maliciosa, o que me fez corar ainda mais.

- E quanto ao melhor anticoncepcional, visto que não vão querer uma creche de mini Louisas e mini wills, sugiro esse - ela falou, apontando para um nome, escrito em seu papel de receita.  -  Comece a tomar agora, caso nao queira engravidar logo. Se preferir esperar mais um pouco, comece em uma ou duas semanas no máximo. Além disso, camisinha é indispensável, ok? Ah, e evite tomar remédios fortes enquanto usa os anticoncepcionais, as vezes acontece de um anular o efeito do outro. Certo?

Ela falou, sorrindo, entregando-me o papel, e se levantando. 

- Mais alguma dúvida?

- Acredito que não, você tem, Clark? - Will me perguntou, olhando pra mim.

- Hum? Ah, não. Muito obrigada doutora! - agradeci, abraçando-a em seguida.

- Estou sempre a disposição. E, oh, vocês formam um belo casal! - ela falou, deixando-me excessivamente surpresa e feliz.

Então ela nos acompanhou até a porta, e nos deu um tchauzinho. 

Chegamos a recepção, onde haviam dois homens, provavelmente esperando suas esposas e discutindo em alto e bom som, sobre quem tinha o maior instrumento, se é que vocês me entendem. Ridículo, eu sei. Coitada da recepcionista, acho que ela tava procurando um buraco pra enfiar a cara, pra não ter que ouvir aqueles absurdos:

- A Dricka vai provar pra você que o meu é maior! Uns quatro a cinco centímetros a mais que o seu!

- Mentira! O meu é maior! Minha esposa vive reclamando que...


Depois disso não ouvi mais nada, porque já estava fora do lugar, felizmente.


WILL E LOUISA - COMO SERIA SE TUDO TIVESSE SIDO DIFERENTE?Onde histórias criam vida. Descubra agora