Quatro

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- Anda, idiota, acorda! – Uma pisada na minha costela dolorida me fez acordar num salto.

Olhei para os lados e constatei que ainda estava no cativeiro, e que Valentina ainda estava lá. Um homem segurava ela fortemente pelos braços. A loira me encarava sem expressão, o seu rosto estava inchado e com variantes tons entre o azul e roxo.

- Tina...

- De pé. – Exigiu o homem parado na minha frente.

Com um esforço enorme consegui me erguer, meio cambaleando, mas finalmente minhas pernas se firmaram. O homem me deu um empurrão, indicando para eu caminhar em frente.

Valentina evitou o meu olhar e começou a andar para fora da prisão. Ao chegar no corredor, os homens colocaram sacos pretos na minha cabeça e na da Valentina. Depois disso, continuamos a andar, tentava aprimorar os meus ouvidos a qualquer som ou ruído, mas nada vinha. Sou muito burro nesse negócio de tentar se localizar, acho que é por isso que foi tão fácil me sequestrar por duas vezes.

Uma mão na minha nuca fez com que eu abaixasse a cabeça para entrar em algum lugar, num carro, muito provavelmente. Quando entrei, não tiraram o saco, e para reforçar que não tirasse, prenderam os meus pulsos com uma algema.

Não gritei, nem esperneei, e nem tentei fazer perguntas. O que seria uma estupidez, porque provavelmente eu só ganharia um "cale a boca" e um belo murro na cabeça, o que faria eu desmaiar e acordar com um galo acompanhado de uma dor de cabeça alucinante.

O que me admira é Valentina não está tendo uma crise histérica ou coisas que mulheres geralmente tem. Na verdade, se eu não soubesse que ela foi vítima do sequestro tanto quanto eu, acreditaria que Tina teve participação. Nossa, eu sou um grande estupido por pensar nisso.

Acho que mais ou menos 1 hora depois, o carro parou e fui posto para fora de uma maneira nada sutil. Uma agulha fina atravessou a minha pele e segundos depois estava com as pálpebras pesadas e apaguei.

- Nicolau!

Mãos me sacudiam fervorosamente, fazendo todo o meu corpo chacoalhar. Abri os meus olhos e me deparei com o rosto muito machucado de Valentina. Eu sei que eu deveria ficar calado, sei que isso não seria nada cavalheiresco, mas mesmo assim não consegui segurar as palavras que vieram da minha boca:

- Você está horrível. – Arregalei os olhos. Puta merda, Nick, você foi muito insensível. – Sint...

- Você também não está nenhum George Clooney da vida, mas não estou falando isso estou? – Fiz que não com a cabeça. – Ótimo! Então cala essa sua boquinha, italiano, e levanta porque a gente está no meio do nada.

Me ergui pelos cotovelos e observei o lugar em que estávamos. Depois de passar um bom tempo analisando a paisagem. Soube mais ou menos onde nós nos encontrávamos.

- Estamos no interior da Itália, mais precisamente no Norte. – Franzi o cenho. – Faz tempo que não venho aqui, porém acho que estamos perto de... – Dei mais uma olhada. – Verona.

- A terra do Romeu e Julieta? Oh que romântico, estou quase vomitando um arco-íris. – O sarcasmo escorria de cada palavra dita. – Liga para a sua Julieta, Romeu. Mas toma cuidado com o veneno. – Estreitei os meus olhos para ela. – Ah entendi, não se preocupe que essa víbora aqui. – Ela apontou para si. – Logo estará pegando o próximo avião para bem longe daqui. Talvez eu até vá para a Islândia, quem sabe encontro um descendente de Vikings lá...um Thor talvez, mas me contentaria com um Loki. Os vilões têm o seu certo charme, pois não são compreendidos.

- Valentina, para! – Gritei. – Que merda!

- Não grita comigo! – Ela gritou de volta e caiu em cima de mim, socando o meu tórax com todas as suas forças.

NickOnde histórias criam vida. Descubra agora