Dezenove

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Olá, amores! Dias de postagem de capítulo: Segunda, quarta e sexta. Boa leitura <3

Nick estava em pé na minha frente, óculos escuros aviador no rosto, t-shirt branca simples, calça jeans detonada e tênis All star nos pés. Os braços cruzados sobre o peito definiam os músculos, sua pele adquiriu um tom de mel mais intenso devido ao sol do verão europeu e os cabelos...ah, eles pareciam desleixadamente sexy. Nicolau Pazinatto parecia quente como o inferno. O telhado do hotel dava uma vista privilegiada da linda Madrid, os ventos fortes açoitavam os meus cabelos, enquanto fitava a obra prima de homem na minha frente.

Eu poderia estar perdidamente encantada parada aqui olhando para ele, se não fosse a expressão séria em seu rosto. Nenhum sorriso, não que Nick fosse do tipo sorridente, esse papel sempre foi do Luke...talvez até Aaron. Mas, quando Nicolau Pazinatto sorria era daqueles sorrisos de tirar o folego, do que você para de fazer qualquer coisa só para admirar. Porém, agora, não havia sorriso algum.

- Você tem noção do quão preocupados nós ficamos? – Declarei. – E o que foi aquela cena hoje de madrugada? Não querendo falar com os seus amigos, não querendo falar comigo.

Esperava que cada palavra deixasse transparecer o quão chateada eu estava com ele.

- Já me desculpei com os rapazes, antes de vir até aqui. – Explicou. – Claro, tive que ouvi um discurso gigantesco de cada um deles, inclusive do Zach. Por favor, não quero ouvir de você também; eu já entendi, fiz besteira.

- E das grandes, diga-se de passagem. – Acrescentei. – Desde quando você é amiguinho do Chase?

- Às vezes converso com ele, quando os nossos caminhos se cruzam.

- Às vezes, e mesmo assim era ele que sabia a droga do seu paradeiro. Foi ele a pessoa que você foi procurar. – Falei. – Ele, não a mim ou os rapazes.

- Eu sei disso. – Disse simplesmente.

- Porra, Nick, você está me irritando. – Declarei. – Esperei pacientemente até você querer falar, já que hoje de madrugada você não queria. Quando chega o momento da nossa conversa você não liga para a porcaria nenhuma, e fica aí com essa cara de cuzão.

- Valentina, escuta, eu não estou muito bem...

Cortei a distância entre nós dois rapidamente e toquei o seu rosto com ambas as mãos, odiava não poder os olhos dele, mas mesmo assim continuei. Interrompi o que ele queria dizer com um beijo; Nick demorou, mas logo retribuiu, segurando a minha nuca com uma mão e o meu quadril com a outra. Porém, ele logo separou, e deu as costas para mim.

Nick passou as mãos nervosamente pelos cabelos escuros, e então voltou a me encarar, e droga como eu queria ver a droga dos seus olhos. Foi a minha vez de cruzar os braços sobre o peito e encarar estaticamente.

- O que, Nick? Pode dizer.

Não é como se fosse um mistério a situação na minha frente, já tinha visto a cena antes, ou melhor, já tinha vivenciado. Droga, eu sou uma mulher forte, encarei antes tranquilamente, mas por que será que eu acho que dessa vez vai doer muito mais? Essa é a forma do meu coração me avisar que no final nós estaríamos fodidos, ouvindo Scorpions e comendo sorvete.

Nick ficou em silencio, me encarando, pelo menos eu achava que eles estava me olhando. Ele se aproximou e beijou a minha testa, as duas bochechas, o nariz e finalmente os lábios. Eu não sabia até aquele momento, que beijos tristes poderiam existir, e nem queria ter descoberto.

Seus lábios devoravam os meus, o gosto salgado das minhas lagrimas se misturou e ergui as mãos para puxar Nick pelos cabelos e aprofundar o beijo. Quando acabou, Nick enfiou o rosto na curva do meu pescoço, e ficamos lá abraçados.

- Isso é muito mais difícil do que eu imaginei. – Ele murmurou.

- Não precisa ser, sabe? – Argumentei.

- Acho que não tenho nenhuma opção. – Nick disse e afastou-se.

- Como assim, Nick? Todos nós temos. Então, por favor, não me venha com essa.

- EU não tenho, Valentina! – Ele gritou.

- Tem! – Gritei de volta, e apontei um dedo acusador na sua direção. – E você já escolheu.

Com isso Nick ficou calado.

- E quer saber, Nick? Toda essa situação me ajudou a enxergar que você não liga uma merda para mim. – Disse magoada, estava chorando, eu estava uma bagunça. – Sei que você está com algum problema, e se me contasse poderíamos tentar encontrar uma solução. Em vez disso, você foi procurar a porra do Chase Ward que liga um grande NADA para você.

- Talvez seja por isso que eu procurei a droga do Chase, talvez simplesmente a droga do assunto fosse problema meu e não seu ou do Aaron, Luke e Elijah!

- Foda-se, Nick! Eu cansei dessa merda. – Gritei chorando para ele. – Cansei de você, de sempre correr atrás da sua atenção. Eu mereço mais do que migalhas! Sou a porra de uma empresaria milionária, pelo amor de Deus. – Ri sem humor. – Não preciso da droga de um homem que não saiba me valorizar.

- Sim, Valentina, você não precisa de mim na sua vida. Você tem razão, e é exatamente por isso que você precisa ir seguir sua vida sem mim. Somos melhores separados do que juntos.

- Você é um idiota, Nick. – Meneei a cabeça. – Tão cego quanto um morcego.

- Tanto faz. – O idiota deu de ombros. – Pode me xingar se isso ajuda você a se sentir melhor.

- Eu não ouvi isso. – Pus as mãos na cabeça, completamente incrédula. – Que raios há de errado com você? O que te possuiu?

- Não sei, Valentina, a única coisa que sei é que não daríamos certo mesmo. Então, por que insistir?

- É, por que? – Disse amargamente. – "Os bastidores do mundo do rock é um verdadeiro inferno, se não tomar cuidado você se queima nas chamas" – Citei. – Quem diria que o seu amigo Chase estaria certo?

- Sinto muito, Valentina. – Murmurou.

- Eu também, Nick, sinto muito por ter amado demais você.

- Não...

Não deixei ele falar.

- As maiores merdas que fiz na minha vida foi por causa da droga desse amor que sinto por você. – Falei. – E olha só onde fui parar.

- Não foi minha culpa. – Foi a única coisa que ele disse, o idiota.

- Sim, foi, você foi a única pessoa que desistiu de tentar. Desde o começo foi você, e eu cansei.

- Sinto muito. – Ele repetiu.

- Não mais do que eu, Nicolau.

Disse aquilo e caminhei para a porta de metal que era a saída do terraço, sentindo que a cada passo um pedaço do meu coração ficava no caminho. Lágrimas pinicavam os meus olhos, mas eu não iria mais derramá-las por nenhum homem, eles não valiam a pena. Antes de sair declarei, sem me virar:

- Eu não vou mais correr atrás de você, Nick, nunca mais.

Então, sai tão altiva quanto uma rainha. Uma rainha com o coração sangrando? Sim, porém não menos rainha.

NickOnde histórias criam vida. Descubra agora