Sete

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É a milésima vez que ligo para Alessandra e ela não me atende, nem pensei em deixar recado, Elijah disse que brasileiro não tem costume de checar a caixa postal.

Após a ligação terminar sem nenhuma resposta, jogo o celular em cima da cama e saio do meu quarto. Estou na casa da minha mãe, na Sicília, finalmente estou fazendo a tão esperada visita anual a minha mama.

Sim, vejo somente uma vez ao ano a minha mãe, não é que eu seja um filho desnaturado, mas a vida de um músico não é só glamour, como muita gente pensa. Somos obrigados a cortar coisa importantes do nosso cotidiano, e isso inclui visitas a família. Então, há 10 anos me restringido a conversas pelo celular.

No começo eu até gostava do fato de não ter que ficar vindo a Itália, a relação dos meus pais nunca foi a coisa mais legal de se presenciar. Tudo piorou, quando eles decidiram se separar e me usarem como a corda do cabo de guerra deles.

Então, fiz a coisa mais doida da minha vida, decidi colocar o pé na estrada. Conversei com a minha mãe, e a convenci de que as coisas na minha terra natal não eram mais as mesmas. Assim que a mama Antonella consentiu, eu viajei para Inglaterra, onde morava a minha tia.

Foi em território inglês que eu conheci o doido do Aaron e o seu fiel escudeiro, Luke. Logo mais tarde conheci o Elijah, e em seguida me contaram do plano de criar uma banda de rock, que é claro, topei na hora.

A GB foi criada, nós começamos a viajar sem parar por todo o Reino Unido, para logo depois expandir para o restante da Europa e finalmente todo o mundo. Eu consegui esquecer que os meus pais brigavam mais que gato e rato, e só por um momento eu pude viver a vida que eu realmente queria.

Agora, estou de volta ao meu lar. As coisas aqui em casa não mudaram muito nesses longos anos, mama Ella apenas reformulou a posição de alguns moveis e acrescentou um tanto de outros. Mas, as fotografias espalhadas em cada superfície da casa, eram as mesmas; as flores ainda eram girassóis, os favoritos da minha mãe

Você deve estar se perguntando "Nick, se você vinha visitar ao menos uma vez ao ano a sua mãe, então por que agora que percebeu isso? ". Eu vinha visitar, mas na casa dos meus avós, na toscana. Ficava com receio de vir até aqui, encontrar o meu pai e ele começar a discutir com a minha mãe. A minha visita seria estragada, então não gostava de correr o risco, por isso também não coloco os pés aqui há muito tempo.

- Nico! Desce aqui, carinho, tem um carro se aproximando. – O grito da minha mãe ecoou até o topo da escada que eu estava descendo.

- Está esperando alguém? – Indaguei curioso, e desci os degraus que faltavam.

Encontrei a minha mãe olhando pela grande janela da sala, o sol de final de tarde, dava um tom alaranjado para as paredes cor de creme. Me aproximei da mama e olhei para o caminho que de terra que cercava o jardim da casa, e por onde o carro seguia caminho.

- Puta merda! – Resmunguei e recebi um tapa forte no peito. – Desculpa, mama, é que eu não esperava eles...

- Oh, são os meninos? Há tanto tempo que eu não os vejo! Ainda estão do mesmo jeito? – Quando não respondi e fechei a cara, ela continuou. – Eles vieram ver como está você!

- Eles já sabem que eu estou bem, e ele também sabem que eu não gosto que eles venham aqui.

- Nicolau Bianucci Pazinatto! – Censurou. – Nada de ser grosseiro com os seus amigos.

Antonella abriu um amplo sorriso para os rapazes, que nesse momento desceram do carro e acenavam para ele, e seguiu rapidamente para a porta. Fui logo atrás da minha mãe, com o oposto de entusiasmo dela.

NickOnde histórias criam vida. Descubra agora