A minha cabeça doía, como se eu tivesse tomado todas, e agora estava com uma baita ressaca. Na verdade, meu corpo inteiro doía, eu estava quebrado. Me mexi na cama dura em que me encontrava e gritei quando senti algo subindo pelo meu braço.
Levantei num salto e joguei para longe a aranha que audaciosamente subia em mim. Olhei finalmente a minha volta, e notei que estava num cubículo sujo, com uma pequena janela no alto. O lugar em que dormia, na verdade não era uma cama, mas sim o chão do cubículo.
- O belo adormecido finalmente acordou. – A voz de Valentina encheu o recinto e girei a cabeça para localizar aonde ela estava.
A loira se encontrava sentada, num canto atrás de mim, suas roupas estavam sujas e ela não usava mais os saltos. Eles estavam jogados de qualquer maneira próximo a ela.
- Dormi tanto tempo assim? – Indaguei, e massageei as têmporas, afim de tentar aliviar a dor que me afligia.
- Você acordou, parecia que algum herói da Marvel havia possuído o teu corpo. – Tina explicou. – Quando os caras trouxeram a comida, você partiu para cima deles igual um doido. Tentei evitar que eles te machucassem, mas foi em vão, você acabou levando uma coronhada na cabeça.
- Isso explica a dor. – Murmurei.
- Sim, imaginei que você acordaria com uma baita dor. – Ela retrucou. – Já inspecionei e você não sofreu nenhum ferimento, somente um galo.
- Mas, por que... – Ia perguntar o motivo da dor na minha costela, quando vi o sangue. – Ah merda.
Valentina se aproximou rapidamente e rasgou a minha blusa sem cerimônia alguma. Seus olhos se detiveram no corte entre a minha última costela e o meu abdômen. Não era nada profundo, mas sangrava o suficiente para encharcar o tecido da minha camisa.
- Como você se cortou? – Ela quis saber, enquanto pressionava a ferida, com o intuito de estancar o sangue.
- Ora, foi você que presenciou a briga, algum dos caras estavam armados?
- É claro que eles estavam, né Nicolau? Pergunta mais besta! Eles são sequestradores! Na hora da briga algum deles deve ter tentado te deter com uma faca, ou algo do tipo. – Ela não tirava os olhos do ferimento, onde o sangue já estava contido. Valentina se afastou um pouco para pegar uma garrafinha de água, depois se reaproximou e jogou no ferimento. Fiz uma careta, mas não falei nada, ao sentir a pequena ardência. – Ainda bem que não foi nada profundo, já limpei, mas acredito que seria melhor nós procurarmos um hospital assim que saímos daqui.
- Nós? Hospital? – Ecoei perplexo. – Valentina, quando sair daqui a primeira coisa que farei é saber se a Alessandra e os bebês estão bem. Prometi que ajudaria ela, pois não passa de uma bela mulher indefesa.
- Ah, claro, Romeu. – Falou com sarcasmo. – Sua Julieta corre grandes perigos.
- O marido bate nela. – Esclareci, irritado com o pouco caso da loira tatuada. – Ela fugiu daquele desgraçado, mas tenho medo de que ele encontre ela e os meninos e faça alguma coisa.
- Ela é muito sortuda de ter alguém zelando pela proteção dela, mesmo já tendo a família. – Tina comentou. – Sei que Ana Luiza, a mãe e o pai dela fariam de tudo para proteger Alessandra e as crianças. Você não precisaria se preocupar, mas é bonito isso da sua parte. – Ela acabou de limpar a minha ferida e se afastou. – Quisera eu ter tantas pessoas assim, quando...
- Quando o que? – Quis saber. – Você nunca conta o teu passado para nós, Valentina.
- É por que não sou nenhuma dama frágil, que precisa de um príncipe encantado para proteger. Sempre soube me virar sozinha, desde pequena, não preciso da compaixão de ninguém.
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Nick
Romance**VOLUME IV DA SÉRIE GOLDEN BLOOD** A vida é feita de escolhas, exceto quando se trata de família...mas especificamente a minha. Tudo parecia certo na minha vida: carreira, amigos e a garota certa. Porém, tudo mudou em um completo giro de 360°. Agor...