Treze

8.2K 1.1K 277
                                    


Me mexi nos lençóis quentes e ergui o braço para puxar Tina para mais perto dos meus braços. O que encontrei? Travesseiros. Acordei imediatamente e me sentei na cama, os meus pensamentos giravam em torno de se eu tinha ou não tido um bom desempenho.

Será que fui rápido demais? Não toquei nos pontos certos? Dieu! Soltei um som exasperado e me virei para ir atrás da Valentina. Fiz isso, só para encontrar um homem grisalho, sentado numa poltrona que estava virada para mim, trajando um terno aparentemente caro.

- Ciao, Niccolò. – A voz de barítono reverberou pela suíte.

- Ciao, Papà. – Respondi, tentando cobrir a minha nudez. Que porra era essa? – Você sequestrou a garota que estava comigo? – Indaguei, quando consegui ficar um pouco apresentável.

- Você fala como se eu tivesse o costume de sequestrar as pessoas. – A declaração tranquila me fez erguer as sobrancelhas. – Bene, talvez eu sequestre algumas pessoas, de vez em quando. Porém, são ossos do oficio, figlio.

- Você não respondeu a minha pergunta.

- Não tinha motivo para sequestrar a moça. – Ezio apagou o charuto que fumava no cinzeiro perto de si. – Esperei ela sair e entrei.

- Como você entrou aqui? Tem um bocado de seguranças nesse corredor.

- Eu tenho os meus próprios seguranças. – Retrucou simplesmente. Minha língua coçou para dizer que o que ele tinha não poderiam ser chamados de seguranças.

- Você...você...

- Não precisei. Niccolò, você sabe que isso deixaria rastro para trás, e eu não posso me dar ao luxo de cometer estupidez. – Ezio se acomodou mais na poltrona. – Falei com aquele seu agente, e ele me liberou a entrada. Ninguém saiu ferido, dou a minha palavra.

- O que você está fazendo aqui? Explorando novos territórios?

- Não, vim falar com você. – Meu pai me fitou mais sério.

- Então, veio se desculpar por me sequestrar e por quase ter me matado? Ou veio para pedir perdão por não ter se preocupado em vir me ver, durante esses anos que procederam o seu divórcio com a mamãe?

- Eu não sequestrei você, Niccolò. – A expressão impenetrável se suavizou. – Nunca sequestraria o meu próprio filho. Que tipo de homem você acha que eu sou?

- Um mafioso, que sequestra, tortura e mata pessoas. – Veio a minha resposta seca.

- Ora, vejo que a sua mãe se manteve muito ocupada elogiando a minha pessoa. – Falou com sarcasmo. – Enquanto eu era o vilão, ela se divertia na cama do inimigo.

A fúria desceu em mim rapidamente e disparei em direção do meu pai em passadas rápidas. Olhei bem nos seus olhos, para que ele visse que eu não era mais aquele garoto fraco, de alguns anos atrás.

- Nunca mais fale assim da minha mãe, ouviu bem?

Um sorriso de escarnio formou-se nos lábios finos do meu progenitor, enquanto ele meneava a cabeça. Seus olhos brilharam com alguma emoção que eu não soube identificar.

- Estou orgulhoso e ao mesmo tempo decepcionado com você, Niccolò. – Disse com voz tranquila. Aquele homem parecia nunca erguer a voz, era tranquilo, frio. – Orgulhoso, pois fico feliz em ver o seu sangue italiano entrar em ação. Decepcionado, pois você coloca sempre a sua mãe num pedestal, ela é tão santa quanto eu sou. – Ezio apartou a vista. – Vá colocar uma roupa.

Me afastei e fui à caça de alguma roupa. Acabei colocando a mesma calça jeans de ontem, sem me preocupar com a cueca. Quando eu ia me aproximar para abrir as cortinas da janela, a voz do meu pai me fez congelar:

NickOnde histórias criam vida. Descubra agora