Capítulo 16

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Laura Sofia :

Dormi tranquilamente, não acordei nenhuma vez se quer e sempre que durmo fora de casa, acordo, mas aqui foi diferente eu me sinto protegida e segura, é aconchegante o simples quarto. Me espreguiço na cama, e sinto um vazio nela, será que rato não dormiu aqui? Abri meus olhos e olhei, não tinha ninguém ali, estava sozinha. Me levantei, é melhor não bancar a preguiçosa na casa dos outros né? Arrumo a cama e pego uma toalha indo para o banheiro, tomo um banho não muito demorado. Sai do banheiro e procurei por alguma roupa na pequena bolsa que minha tia arrumou, peguei um short jeans branco, e uma camisa da Pólo preta, calço minhas chinelas. Passo uma make básica para tampar o roxo do rosto, ajeito meus cabelos e opto por deixa lo solto, por último passo perfume. Nem noto a presença de rato, e quando isso acontece quase dou infarto de tanto susto que tomei.

- Bom dia pra você também. - falei com a mão no coração.

- Bom dia, tu precisava ver a sua cara de susto, é engraçada... - disse sorrindo.

- Não acho graça rato.

- Alguém acordou com o cão hoje é? - perguntou.

- Não sei, quem sabe né?

- Aí meu Deus, tá de tpm? - perguntou e neguei com a cabeça. - Então é o que? Tá pensando no desgraçado lá? - perguntou mas uma vez.

- Não rato, por favor não me lembre dele.

- Pode pá, não tá mas aqui quem falou... - disse levantando as mãos em rendição.

- Bom mesmo.

- Vai estourar aquele um milhão? - perguntou, hoje ele tá que tá em.

- Não sei, talvez... Estou precisando de um carro, uma moto também.

- Boto fé em, é só comprar... Eu arrumo pra tu sem precisar tu sair da boca. - disse e assenti.

- Pode pá, lá eu decido.

- Pode crê. - falou - Já tá pronta?

- Já sim, vamos? Quero tomar café...

- Pode pá, vamos. - respondeu.

Bem que estou precisando mesmo de um carro e uma moto, o carro para sair do Morro já que é menos arriscado e a moto para andar aqui mesmo. Não posso ficar dependendo para sempre de rato para ser meu moto táxi, então vou ter que comprar isso mesmo, acho que posso gastar. Antes claro vou estudar a contabilidade do Morro e depois decidirei. Saio mas rato da casa dele, ele dá partida e segue para a boca, não demora e nós chega, desço da moto.

- Salve bom dia pra nós... - falo para todos sorrindo. Tô pegando o jeito da coisa já.

- Bom dia patroa. - falam em uníssono.

- Patroa posso trocar uma ideia com tu? - pergunta linguiça, tive a oportunidade de conhecer alguns.

- Claro... Encosta no meu escritório lá.

- Pode pá, só termina aqui e encosto lá. - falou e assenti.

Entrei no meu escritório e me joguei sobre a cadeira, jogando minha cabeça para trás suspirei fundo e encarei o teto. Não consigo esquecer o que aconteceu ainda ontem, acho que não consigo é acreditar mesmo no que aconteceu. Não entra na minha cabeça que Pedro me odeia por causa desse destino, isso não levaria ele a me bater. Tem muita coisa aí por trás disso, mas por enquanto o melhor que tenho que fazer é esquecer de vez que tenho irmão e ir viver minha vida meu destino como herdeira do Morro da Rocinha e, é isso que vou fazer. Agora a única família que tenho são minhas tias, meu primo e meus dois amigos. Pedro vai ser riscado definitivamente da minha vida, como ele fez para merecer isso, e também nunca vou perdoar ele por isso tudo que me fez. Ele que aguente as consequências, por que a Laura bobinha morreu. Agora vai ser assim, não vou ter dó de ninguém, essa vida que estou levando não se pode mesmo ter dó de quem não faz por onde e não fortalece em nada. Agora nasceu uma nova Laura, a patroa, a dona do Morro, a bandida, a chefe do tráfico de drogas e tudo que quiserem me chamar, liguei o FODA-SE para os Zé povinho. Quem quiser me aceitar, aceita e aqueles que não quiserem? Vão ter que me engolir de todo jeito. Sorri soltando o ar e me assustei mas uma vez ao ver rato sentado à frente da minha mesa me olhando, acho que ele tirou o dia para me matar de sustos só pode, eu em!

A HERDEIRA DO MORRO [Concluído] Onde histórias criam vida. Descubra agora