23 ANOS DEPOIS
Todos sorriam entusiasmados uns para os outros ao adentrarem na mansão da família Harrison cobrindo seus rostos com as máscaras que recebiam na entrada. A música preenchia o ambiente interior ajudando que todos se deslumbrassem com a exagerada decoração. Lustres reluzentes iluminavam o andar de baixo, quadros famosos enfeitavam as paredes assim como algumas esculturas. Todos conheciam a riqueza da família Harrison. Uma fortuna avaliada em bilhões.
Os convidados caminhavam em suas roupas formais pelo salão, escondendo seus rostos, porém apenas uma pessoa mantinha a sua face descoberta. A aniversariante.
Hailee Harrison acabara de completar dezesseis anos e era a primeira vez em que toda a alta sociedade via a sua face, pois sua família a enviara para um colégio interno quando mais nova. A leve timidez da jovem era considerada adorável por todos que conversavam com ela. Hailee possuía longos cabelos castanhos, o qual encontrava-se preso em um coque evidenciando seu longo pescoço, olhos na cor avelã. Seu corpo encontrava-se coberto por um vestido feito sob medida de um estilista famoso. O vestido possuía um decote de coração acompanhado de uma fenda generosa em suas costas. A cor preta valorizava o seu tom de pele e os pequenos diamantes distribuídos pelo corpete a fazia brilhar na luz. O tule dava a sensação de que ela flutuava ao andar.
— Ela é linda – uma das mulheres falou ao vê-la passar por elas. Hailee caminhava de forma elegante entre os convidados, sorrindo contra a sua vontade. Jamais gostara de festas como aquela e tinha consciência do motivo de seus pais fazerem algo como aquilo. Eles acreditavam que ela poderia se interessar por algum dos herdeiros presentes na festa. Eles não se importavam com a idade e muito menos se ele poderia ser repugnante, para eles, o dinheiro era a única coisa que valia a pena.
Desde pequena, crescera sobre a pressão de ser a filha perfeita e a herdeira inteligente. Ela se viu sorrindo ao perceber o quão frustrados seus pais estariam agora que descobriram que ela era mediana. Suas notas no melhor colégio interno europeu viviam na média, o que lhe custara algumas noites sem dormir. Hailee jamais seria a filha que eles desejavam, e saber disso nunca a abalara.
— Minha querida – a voz de sua mãe a fez virar o rosto. A mãe de Hailee possuía longos cabelos loiros, seu corpo causava inveja a todas as mulheres que conhecia devido ao seu corpo extremamente bem cuidado e, seus olhos castanhos se iluminavam sempre que a palavra dinheiro era mencionada. Hailee suspirou antes de sorrir. – O que está achando? Sua festa está agradável? – perguntou ao segurar uma máscara em seu rosto – Deveria lhe apresentar a alguém?
Hailee segurou-se para responder da forma mais grosseira possível. A última coisa que desejava era brigar com a sua mãe na celebração de seu aniversário. O primeiro em que eles estavam juntos após ser enviada para o colégio interno.
— Não precisa – respondeu sorrindo incomodada – E onde está o papai?
— Trabalhando, é claro – sorriu largamente ao acenar para uma das mulheres que olhavam em sua direção – Aquela mulher tem uma fortuna estimada em alguns milhões, deveria conhecer o seu filho. Filho único – disse animada – Ele deve ter vinte e cinco anos.
— Eu tenho dezessete – revirou os olhos.
— Deveria aproveitar essa oportunidade – tocou em seu ombro com delicadeza. Um toque que Hailee não sentia a anos – Irei conversar um pouco e depois faremos a sua apresentação formal – a avisou antes de deixa-la sozinha.
Hailee sorriu novamente ao ir em direção ao jardim onde revelou sua verdadeira face. Ela se sentia desgastada e entristecida. Sentou no banco de pedra, fechando os olhos em seguida ao sentir a brisa noturna. O silêncio era agradável e acolhedor. Já começara a se arrepender de ter saído, pois dificilmente conseguiria entrar novamente.
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A Besta [concluida]
RomanceUma besta sanguinária e doentia. Ivan H. Thompson não possuía princípios ou sanidade mental. Conhecido por todos como a besta, ele estava disposto a tudo para fazer com que todos pagassem pela morte de seus pais, vinte e três anos atrás. Nada mais...