Os olhos de Ivan mantinham um brilho animado que fazia qualquer pessoa que o encarasse sorrir em resposta. Desde que Hailee lhe prometeu dar uma chance, sua vida se tornou mais brilhante e repleta de expectativas. Para alguém como ele que não tinha esperanças, a atitude dela o fez acreditar estar no paraíso. Quando perdeu seus pais, Ivan sempre acreditou que nunca permitiria ninguém entrar em seu coração, por medo de perder novamente, até se deparar com a jovem impetuosa. Hailee surgiu como uma ferramenta para sua vingança, mas aos poucos se tornou indispensável como o oxigênio. Sem ela, Ivan sabia que poderia morrer.
A vida dele sempre foi obscura com o único objetivo: vingar a morte de seus pais, porém tudo mudou ao encontra-la. Quando ela atirou nele, seu ultimo pensamento não foi sobre ódio ou vingança, e sim sobre a dor que causou a pessoa que amava.
Seus olhou pousavam em seu filho, o qual permanecia sentado no chão, rodeado de brinquedos e com um largo sorriso no rosto. Desde que começou a morar juntos, Timothy ganhou peso e parecia estar mais feliz com suas bochechas macias.
Abaixou-se ficando em frente do filho com um sorriso amoroso no rosto.
― Tim, você quer ver sua mãe? – O pequeno assentiu freneticamente ao sorrir para Ivan. – Vamos encontra-la e depois jantar fora. – Explicou com calma. Em seus olhos era possível enxergar a sua felicidade.
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Na mercearia, Hailee olhou para sua amiga Pamela com um olhar complicado, pois no instante que chegou começou a escutar sobre as qualidades de Julio como se desejasse que os dois se tornassem um casal. Indefesa, Hailee sorriu suavemente ao escutar paciente para as explicações do quanto Julio faria um bom amante para qualquer mulher.
― Ele parece perfeito. – Foi o que Hailee concluiu após escutar sobre todas as qualidades dele. – Mas porque nunca se casou ou ficou com alguém? – Ela tinha ouvido alguns comentários sobre o fato de Julio nunca ter ficado realmente serio com alguém. Diante da pergunta, Pamela fez uma ligeira careta ao confessar.
― Sinceramente, Julio tem um grande histórico de rejeição. – Confessou constrangida. – Nunca entendi o motivo, mas toda mulher que se aproxima dele acaba o afastando. Talvez ele seja amoroso demais ou carente. – Falou após uma breve analise. – Nunca chegamos a conhecer oficialmente nenhuma delas.
― Mas você está realmente achando que seriamos um bom casal? – Sorriu ao menear a cabeça, incrédula como o cérebro de sua amiga funcionava. – Não quero pensar em me envolver com alguém. – Desviou os olhos para a entrada. – O pai do Timothy pediu uma chance e estou considerando isso.
Pamela arregalou os olhos, chocada com a informação. Ainda que tivesse imaginado um desenvolvimento como aquele nunca pensou que seria tão rápido.
― Achei que você o odiasse.
― Algo assim, mas tudo é muito complicado. – Suspirou ao se recordar do que sentiu quando desejou mata-lo anos atrás. Naquele momento, ela queria apagar a traição e puni-lo por lhe dar uma falsa esperança. – Tudo foi sobre egoísmo. Os dois eram egoístas demais para serem sinceros.
― Então vocês ainda se amam?
Hailee demorou alguns segundos para responder.
― Ele diz me amar, mas talvez seja apenas um reflexo de culpa. Os meus sentimentos por ele são complicados demais.
Pamela resignou-se a assentir ainda confusa sobre o relacionamento dela com Ivan, mas deu de ombros imaginando qual mulher deveria apresentar a Julio, já que ele havia perdido sua chance com Hailee.
Horas depois quando saíram da mercearia após fechá-la se depararam com Ivan em pé, segurando Timothy nos braços. Os olhos de Pamela percorreram o corpo de Ivan, compreendendo as razões de Hai em dar uma chance ao belo espécime a sua frente. Sem qualquer vergonha ou timidez, se aproximou dele, estendendo a mão.
― Espero que cuide muito bem dela. – Sua expressão séria fez Ivan sorrir ainda que erguesse uma sobrancelha diante do tom de voz dominante. Ele não tinha se acostumado a desconhecidos agirem daquela forma como ele.
― Eu irei. – Afirmou com segurança sabendo que não cometeria o mesmo erro de perdê-la. Mesmo que precisasse sacrificar sua própria vida nunca a machucaria novamente. – Gostaria de jantar conosco? – Perguntou educadamente com um suave sorriso no rosto, o qual deixou Hailee confusa. Ela ainda não tinha se acostumado com os olhares de gentileza dele ou seus sorrisos sem malicia. O Ivan a sua frente parecia distante do homem que a levou ao abismo.
O que estou pensando? Ele é o mesmo. Meneou a cabeça ao sorrir para Pamela, a incentivando a aceitar.
― Claro! – Pamela concordou ao ver que Hailee não se importou. Os quatro caminharam em direção a um restaurante familiar próximo. Quando chegaram, a maioria das mesas estavam ocupadas restando algumas no centro do restaurante e próxima a cozinha. Ao perceber que as duas mulheres não se importava sobre o lugar que escolhia, optou pela mesa no centro do restaurante. Logo depois de fazerem seus pedidos, Pamela começou a contar sobre suas experiências interessantes na cidade, como conheceu Dan e os lugares mais bonitos. O casal escutou com extrema atenção, sorrindo e dando algumas opiniões até o garçom depositar seus pedidos na mesa. – Nunca esperei que você fosse tão agradável de conversar. Quero dizer, seu rosto as vezes é assustador. – Sorriu ao beber um pouco do vinho branco.
Ivan não sabia como deveria se sentir diante da sinceridade da jovem a sua frente, pois ela foi a primeira pessoa a afirmar que ele era assustador. A maioria o olhava com admiração e apreciava sua personalidade comunicativa.
― Obrigado. – Ivan agradeceu, escutando o riso agradável de Hailee ao encará-lo. Ele não mencionou mais nada, limitando-se a ajudar Timothy a comer, deixando a jovem ao seu lado livre para conversar com Pamela e beber agradavelmente. Durante todo o tempo, Ivan tentou ignorar, mas sentiu alguém o encarando e não importasse o quanto tentasse encontrar foi em vão. Duas horas depois, Ivan e Hailee se despediram de Pamela e foram em direção ao carro, estacionado perto da mercearia. À noite, a rua silenciosa combinada com o vento frio criou um ambiente agradável.
Em um momento, Hailee parou fazendo Ivan fazer o mesmo e encará-la, segurando Timothy adormecido.
― Obrigada por ter sido gentil com ela. Quando me mudei Pamela foi extremamente carinhosa e solidaria. Me ajudou inúmeras vezes.
Um suave sorriso voltou a surgir no rosto de Ivan.
― Eu imaginei. Quando vi seu relacionamento com ela, me dei conta que ela era alguém em quem você confiava e isso foi o suficiente para mim.
Inquieta pelo seu coração batendo ligeiramente mais rápido, Hailee desviou o olhar. Ela não queria voltar a sentir nada por ele, mas parecia ser impossível.
― Eu devo ser a pessoa mais louca que existe no mundo. – Sussurrou ao sorrir sem vontade. Passou a língua pelos lábios ao olhar Timothy. – Sabe o que mais odiei em você? Não foram as mentiras, mas a falsa esperança. Acreditei que alguém realmente me amava e que estaria disposto a arriscar tudo por mim. Acreditei que teria uma família, mas no final foram mentiras. – Respirou fundo apreciando o vento frio. – E é por isso que não quero me envolver mais. A ultima coisa que desejo é sofrer de novo. – Confessou com seriedade deixando Ivan sem palavras. – É melhor adiantarmos. – Passou por ele ao caminhar em direção ao carro deixando o homem parado com os olhos perdidos para trás.
CONTINUA..
Foco em atualizar toda sexta!!
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A Besta [concluida]
RomanceUma besta sanguinária e doentia. Ivan H. Thompson não possuía princípios ou sanidade mental. Conhecido por todos como a besta, ele estava disposto a tudo para fazer com que todos pagassem pela morte de seus pais, vinte e três anos atrás. Nada mais...