A caneca quente fazia com que Hailee se sentisse melhor ao segurá-la, enquanto Ivan digitava algo em seu laptop. Desde que ela levantou da cama, ele permanecera da mesma forma: concentrado em algo. A jovem supôs ser trabalho ao vê-lo grunhir minutos após ela retornar com a caneca em suas mãos, sentou ao seu lado e apoiou a cabeça em seu ombro. Ela se sentia protegida ao seu lado por saber que seu pai desconhecia onde estava. Para Hailee, apenas Ivan conseguia lhe trazer a paz e tranquilidade.
— Devo imaginar isso como um convite? – Ivan perguntou sorrindo ao tirar os olhos da tela de seu laptop e voltar a sua atenção para a jovem seminua ao seu lado. Hailee vestia apenas uma de suas camisas sem nada por baixo.
—Talvez – Sorriu ao levar a xicara aos lábios sentindo o gosto do café. Ela preferia não pensar em seu futuro ou em como o seu pai estaria furioso com ela. – O que deveríamos fazer quanto a isso? – Depositou a xicara no chão, retirou o laptop do colo de Ivan para em seguida se sentar em cima dele. Colocou seus braços envolta de seu pescoço e o beijou no pescoço – Queria ficar assim para sempre com você – Confessou sem se importar com o que ele pensaria.
— Eu também gostaria disso – Seus olhos mantiveram-se presos na parede branca. Seu olhar vazia não demonstrava emoção – Mas antes precisamos falar de algo – Ela se afastou ligeiramente de seu corpo e o encarou – Prometi lhe ajudar com a sua família, mas para isso precisará me prometer algo.
— O que? – Perguntou confusa ainda mantendo as suas mãos no peito dele.
—Não verá mais aquele jovem ou irá se drogar.
Hailee sentiu suas faces avermelharem ao assentir. Ela sabia que não estava errada desde o inicio, mas a solidão a fez se tornar uma tola.
— Nunca mais – Prometeu séria.
— E o que fará em relação ao seu pai? – Ivan manteve o seu olhar fixo em Hailee. Ele precisava descobrir o que ela possuía em seus pensamentos, pois para a próxima fase de seu plano, ela era de suma importância. Ele não poderia perde-la.
— Eu não sei – Murmurou com o olhar perdido – Não quero voltar para aquela casa fria – Aconchegou-se a ele o máximo que conseguiu. Hailee precisava sentir o seu cheiro para se sentir calma.
— Fique comigo então.
A voz calma de Ivan a deixou feliz. Hailee não hesitou ao assentir.
— Mas para isso precisamos fazer algo ou o seu pai poderá fazer algo contra mim.
— Contra você?
— Sim, afinal é menor de idade ainda – Transpareceu preocupação quando em seu íntimo sentia vontade de sorrir diante da ingenuidade dela. – Precisamos fazer algo se quisermos ficar juntos.
— Eu farei qualquer coisa.
Ivan sorriu ao passar a mão pelos cabelos de Hailee.
— Hailee, sabe que o poder de seu pai vem do dinheiro, não é? – Ela assentiu concentrada – Ele já mencionou sobre suas ações? – Ela assentiu novamente – Eu prometi que iria protege-la e ser um demônio para me vingar de todos, mas não posso fazer isso sozinho. Para ficarmos juntos é preciso que o seu pai... Saia do caminho.
Hailee o olhou demoradamente até compreender o que ele lhe dizia.
— Está querendo matar o meu pai? – Assustada se viu afastando-se dele até sair de seu colo e sentar-se no sofá atônita.
— Por Deus – Gargalhou entusiasmado – Não sou um assassino, querida. Eu a quero ao meu lado apenas isso, e estou pronto para que seu pai nos aceite.
—Eu não estou entendendo.
—Seu pai irá me respeitar se eu controlar a empresa que ele tanto ama. A empresa que ele ama acima de qualquer coisa – Disse cuidadoso ao insinuar que Hugo amava mais a empresa do que a filha.
— E como fará isso?
— Com a sua ajuda. Há ações em seu nome. Só precisarei que assine um papel me permitindo usá-las para enfrentar o seu pai. Obviamente elas continuarão sendo suas, e eu nada poderei fazer com elas, apenas quero que ele acredite que tenho controle do maior número de ações.
Hailee analisou a estratégia dele, e se viu sorrindo ao concordar.
É algo inofensivo. Disse a si mesma antes de sentir Ivan segurar em seus cabelos e a beijar.
***
Patricio, o advogado dos Harrison, se viu amedrontado ao olhar para o mandato que o policial que lhe estendeu ao entrar em seu escritório e levar os computadores consigo. Ele estava sendo investigado por distribuição de material pornográfico. Patricio não conseguia compreender como haviam chegado a ele.— Temos um informante que foi preso alguns meses. Ele fez um acordo – Um policial disse após a insistência do advogado – É melhor se virar para a parede, senhor Tivani e colocar as mãos atrás das costas.
— Está me prendendo?
— Sim, está sendo investigado e precisamos fazer algumas perguntas – O semblante sério e profissional do policial o fez sentir calafrios.
***
Vinicius não conseguia esconder o sorriso de felicidade em sua face ao beber o champanhe em seu apartamento. Ele pensara por um longo tempo como expor Patricio sem que Ivan soubesse que ele havia interferido, e após conhecer um criminoso sexual, não hesitou ao lhe fazer uma proposta.Conseguirei um bom advogado para você e em troca precisa apenas entregar um de seus companheiros.
O homem aceitou rapidamente, pois criminosos sexuais sempre eram condenados sem uma defesa que eles consideravam justa.
Vinicius escutou a porta sendo aberta e ergueu a taça ao ver Elisa abrir a porta com a chave que ele lhe dera.
— O que estamos comemorando? – Ela perguntou ao ir até ele e beber o champanhe ao virar a garrafa.
—Vejo que está com problemas – Vinicius só a via beber daquela forma quando ela tentava esconder algo ou se sentia insegura. E ele tinha certeza que envolvia Ivan. – Sabe que pode me contar a verdade.
Elisa sorriu ao se sentar no chão, próximo a poltrona onde Vinicius se encontrava sentado. A garrafa ainda estava em sua mão.
— Eu estou sendo uma tola, não estou?
— Imagino que eu deva saber o motivo de sua pergunta, mas infelizmente não sei.
— Ainda acredito que Ivan vai desistir de tudo após conseguir sua vingança. Ainda acredito que ele ficará comigo como prometera.
Vinicius a olhou fixamente com receio de sua própria resposta. Ele sabia que Ivan jamais desistiria de acabar com toda a família Harrison e que jamais ficaria com Elisa.
— Se tem tantas duvidas porque permanece ao seu lado?
—Por amá-lo – Sorriu levemente antes de se deitar no chão – Sou uma mulher vergonhosa, não sou?
— Acho que é incrível – Admitiu sincero ao sair da poltrona e deitar-se ao lado dela – Hoje o advogado dos Harrison foi preso, e por minha culpa. – Ele não precisou olhar para Elisa para saber que seu olhar era repleto de incredulidade – Eu não poderia deixa-lo livre, e Ivan não saberá que fui eu de qualquer forma.
— Ele poderá descobrir, mas não me importo. Fez o que era certo – Confessou ao fechar os olhos – Eu teria feito o mesmo ou pior.
Vinicius sorriu aproveitando os breves momentos de vitória.
CONTINUA...
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A Besta [concluida]
RomanceUma besta sanguinária e doentia. Ivan H. Thompson não possuía princípios ou sanidade mental. Conhecido por todos como a besta, ele estava disposto a tudo para fazer com que todos pagassem pela morte de seus pais, vinte e três anos atrás. Nada mais...