QUATRO ANOS DEPOIS...
Hailee passou a mão pelos seus cabelos agora curtos e olhou em direção ao horizonte apreciando a vista. Após acordar no hospital descobrira que o seu pai havia sido preso e que logo seria acusado de inúmeros crimes fiscais. A sua mãe não aguentou a pressão dos repórteres e foi levada para uma clinica, onde permanecia internada sem melhoras. Com o dinheiro que havia restado, a jovem se mudou para a Islândia. O único lugar longe o suficiente de Ivan e Hugo. Ela não queria mais ser afetada pelas pessoas que odiava. A universidade que sonhara em cursar, fazia a distancia em seu tempo livre. Ninguém na pequena comunidade a conhecia realmente. Para todos, ela era Hai.
Apenas Hai.
Poucos conheciam o seu nome real.
O seu ombro doía em alguns momentos como aquele. O mesmo ombro em que havia sido acertado pelo segurança antes que conseguisse puxar o gatilho, se matando. O segurança a salvara, lhe dando uma cicatriz para se recordar sempre da dor que Ivan havia lhe causada. O homem que desprezava sobrevivera e ao acordar não a acusou de nenhum crime. Ela se recusara a vê-lo mesmo após a sua insistência. Hailee o odiava.
No momento em que conseguiu alta do hospital, pegou todo o dinheiro que possuía e desapareceu. Ela queria esquecer tudo o que acontecera consigo e de Ivan.
O barulho de pequenos passos atrás de si a fez sorrir ao se virar e olhar para o seu filho. A sua benção após tantas tragédias.
— Mamãe, tô co fome – O garotinho murmurou choroso ao parar próximo a porta, enquanto olhava para Hailee, a qual sorriu se abaixando e estendendo os braços. O garoto correu em sua direção sorridente.
— Deveria estar dormindo – Beijou a sua bochecha – O que acha de leite?
— Num quelo – negou ao apertar seus braços pequenos e fofos contra o pescoço dela, fazendo-a relaxar ainda mais. Quando descobrira que estava gravida, Hailee chorou de felicidade por saber que aquela seria a sua chance de mostrar que sua família estava errada. De mostrar a todos que amar um filho era mais importante do que dinheiro.
— Então pão com queijo? – O garotinho assentiu ansioso ao ver a sua mãe entrar na pequena casa e ir em direção a cozinha com ele em seus braços. A casa de Hailee era alugada, a qual ela pagava com o emprego que conseguira em uma loja. A pequena sala possuía diversos brinquedos espalhados pelo chão – Fique aqui, enquanto faço – Colocou o seu filho no tapete felpudo da sala e sorriu ao ir para a cozinha. A sua vida era simples e pacifica. Cantarolou uma musica infantil ao abrir os armários e encontrar tudo o que buscava, em seguida abriu a pequena geladeira e fez o sanduiche de Timothy. O seu doce tim. O pequeno possuía cabelos negros e olhos também escuros que sempre a recordavam de Ivan.
Ele não será como Ivan. Ivan jamais irá saber de sua existência. Repetiu para si incontáveis vezes ao pegar o sanduiche e entregar a Tim, o qual comeu, enquanto assistia um programa infantil.
***
— Vamos beber hoje? – A garota com cabelos loiros perguntou ao olhar para Haileen assem que entrou na pequena mercearia vestida com seu jeans característico e sua blusa folgada. Todos da cidade sabiam que Hailee jamais se vestira de outra forma – Estou cansada, briguei com o Dan.Hailee sorriu ao olhar para Pamela, a jovem com quem trabalhava nos dias de semana. Após perder o seu dinheiro, descobrira que as verdadeiras amizades existiam, e a jovem ao seu lado era a prova disso. Chegou na Islândia perdida, confusa e com medo de todos e a garota ao seu lado, apesar de ser mais jovem 2 anos, lhe ajudara em tudo, inclusive a encontrar aquele emprego. Hailee não contara sobre a sua vida a ela com receio. O medo de ser traída e usada ainda era latente.
— Sabe que preciso cuidar de Tim – Sorriu ao ver a careta na amiga – E além do mais, eu não bebo.
— Pode ficar ao meu lado, para impedir que o canalha do Dan se aproxime.
Hailee gargalhou, pois Pamela e Dan estavam noivos e mesmo assim brigavam a cada segundo. Hailee viu aquilo como amor verdadeiro.
— Você sabe fazer isso muito bem bêbada.
— Não é a mesma coisa e pelo que eu lembre, fiquei de te apresentar alguém.
— Sabe que não quero me envolver com ninguém. Vivo por Tim. – Suas palavras verdadeiras a emocionaram por alguns segundos. Após sair do hospital, Hailee passou dia após dia presa em seu quarto sem comer com a morte em sua mente, demorou um mês para descobrir estar gravida, e foi quando desistira da morte e da tristeza. Se mudou para a Islândia com o objetivo de Ivan jamais descobrir que ela levara um filho seu consigo. – E não há ninguém que eu goste aqui.
— Bobagem, tem que ter alguém.
—Não tem. – Garantiu.
— Você não é lésbica, é? – Hailee negou sorrindo ao balançar a cabeça assim que foi para a parte de trás do balcão. – Então me dê uma chance para te apresentar alguém.
—Apenas uma chance depois desiste, tudo bem? – Pamela assentiu sorridente ao abraçar Hailee.
***
Elisa olhou frustrada para o segurança do edifício mais uma vez antes de tentar avançar e ser barrada. Vinicius permanecia ao seu lado desolado como sempre acontecia quando ela decidia ir atrás de Ivan.Ivan Thompson se tornara o dono das empresas Harrisons e todas as propriedades da família assim que Hugo foi preso e tudo foi a leilão. Ivan conseguira a sua vingança mais rápido do que pretendia. Após sair do hospital, ele acusou Elisa de destruir tudo e não hesitou ao mantê-la afastada dele. Desde aquele dia, Elisa não o vira mais. Ivan os tirou de sua vida.
— Me perdoe senhor, mas ela está aqui novamente – A voz formal de sua secretária fez Ivan erguer os olhos e a encarar com tédio. Ivan agora representava tudo o que mais desejava e mesmo assim não lhe era suficiente. – O que eu devo fazer?
O olhar do homem fez a mulher se encolher. Ela trabalhava para Ivan já fazia três anos e mesmo assim ainda se sentia acuada diante de seus olhares vazios. Todos o temiam.
— Chame a segurança ou a policia. Ela não deve entrar neste edifício – A mulher assentiu saindo rapidamente de sua sala. A mesma onde havia enganado Hailee. Ivan vivia recluso em seu próprio passado como um meio de adormecer a sua dor. Ele esperou paciente por quatro anos até ir encontra-la. Quatro anos foi o tempo em que ele havia estipulado para deixa-la livre, tempo suficiente para fazer a sua faculdade. Ivan queria que Hailee permanecesse livre até encontra-la novamente e por isso não procurou saber onde estava e nem o que fazia, porém manteve um homem seguindo-a. O homem deveria avisá-lo apenas se ela se encontrasse com outro homem, esta havia sido a clausula para ser informado sobre o paradeiro dela. Ele aguardou quatro anos.
Quatro anos vivendo a base de dolorosas recordações.
— Amanhã estarei indo até você, onde quer que esteja – Ivan disse a si mesmo ao olhar para uma fotografia dela que mantinha em sua mesa.
***
A passagem aérea de Ivan permanecia em sua mão ao olhar para o painel, o qual indicava todos os voos. Ele ainda sorria ao se recordar que Hailee decidira ir para a Islândia, o local para onde dissera que fugiria com ele.— Você ainda deve me amar, precisa apenas meperdoar – Esperançoso foi em direção ao portão 23. Ele se mantinha certo de queHailee esperava por ele.
CONTINUA...
E ai.. o que acharam? O que Ivan vai fazer ao descobrir que pode ter um filho?
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A Besta [concluida]
عاطفيةUma besta sanguinária e doentia. Ivan H. Thompson não possuía princípios ou sanidade mental. Conhecido por todos como a besta, ele estava disposto a tudo para fazer com que todos pagassem pela morte de seus pais, vinte e três anos atrás. Nada mais...