O desespero de Hailee

13.1K 1.2K 401
                                    


Hailee não conseguia conter a sua felicidade ao sentar no banco do carona com Ivan ao seu lado atrás do volante. O vestido antes que lhe era incomodo, parecia não mais existir, pois aos seus olhos existia apenas o homem sentado ao seu lado. O homem que havia declarado a todos que a amava.

— Meu pai pode fazer algo contra você – O advertiu assim que o carro parou em um sinal vermelho. Hailee não queria retornar a realidade, mas era impossível. Seu pai não a deixaria humilhá-lo na frente de todos como fizera e sair impune – Eu... É melhor voltar – Murmurou assustada ao pensar nas possibilidades de ruina do homem ao seu lado. Ela não desejava que Ivan fosse destruído por sua culpa. – Pedirei desculpas ao meu pai e... tudo ficará bem – Lagrimas começavam a se formar em seus olhos ao abrir a porta do carro, após retirar o cinto de segurança.

— Seu pai nada fará contra mim – Ivan sorriu ao afirmar – E fique calma, eu disse que iria protege-la.

— Mas eu não poderei protege-lo – Murmurou chorosa – Meu pai... ele me odeia, mas ainda assim não ficará quieto por eu traí-lo daquela forma. Não quero que nada aconteça com você – Revelou ao passar o dorso de sua mão contra a sua própria face – Eu não poderia continuar a viver se soubesse que a única pessoa que já se importou comigo foi destruída por minha causa.

A sinceridade contida nas palavras da jovem fez Ivan se surpreender para em seguida um sentimento de arrependimento envolve-lo. Ele passara anos planejando a sua vingança, passo após passo, porém nunca pensara que uma possibilidade tão remota fosse acontecer. A possibilidade de se sentir próximo a jovem que deveria usar e descartar em seguida. Fechou os olhos ao retirar o seu próprio cinto e puxar a jovem contra o seu corpo, abraçando-a. O som de buzinas dos carros que os ultrapassava não o afetou. Ivan Thompson desejava apoiar e consolar a garota em seus braços. Permaneceram daquela forma por longos minutos até Ivan indagar algo que já sabia, mas desejava que Hailee lhe contasse.

— O que seu pai faz para acreditar que ele a odeia? – Perguntou com a voz calma e controlada.

— Ele – Fungou antes de revelar a realidade sobre a sua família. Uma realidade sombria que apenas ela conhecia – Sempre me ignorou quando criança. Uma criança sente quando não é amada, e eu sempre soube. Minha mãe com o passar do tempo começou a me ignorar também fruto dos remédios que meu pai dá a ela. Hugo jamais me abraçou ou foi gentil comigo. Sempre quis que eu fosse a melhor em tudo e quando percebia que não era, me humilhava e em seguida me ignorava. Eu sei que deveria ser grata pelo dinheiro, pelos estudos e pela segurança, já que nada nunca me faltou, mas... Eu nunca senti amor. Sou muito egoísta por querer isso do meu pai? – Perguntou chorosa ao sentir o abraço de Ivan se tornar ainda mais apertado – Eu deveria ser grata a ele, mas só consigo odiá-lo. Eu devo ser um monstro, Ivan.

Ivan poderia chama-la de incontáveis nomes, mas nenhum deles seria de monstro. Para ele, Hailee era uma jovem que havia enxergado a dura realidade cedo demais exatamente como ele.

— Hugo é um tolo e sempre foi. Estará segura ao meu lado.

— Eu não quer estar segura, eu quero ser amada – Revelou ao se afastar dele, olhando em seus olhos – Você me ama? Para desejar me proteger dele precisa me amar, Ivan.

Ivan piscou confuso.

— Sei que sinto algo por você – Disse sabendo que poderia ter mentido, mas no ponto em que estava, Hailee já assinara todos os documentos que precisava, e se viu revelando aos poucos a verdade de si – Mas não sei se é amor. Também não fui amado em minha vida, Hailee. Fui desprezado assim como você ou pior.

A Besta [concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora