O olhar de Vinicius percorria o policial com completa atenção. Ele não conseguia acreditar QUE estava prestes a refutar uma denúncia contra Ivan. A sua gravata começava a lhe incomodar devido ao calor. Percebeu tarde demais que o ar condicionado da delegacia encontrava-se quebrado. Todos em sua volta se abanavam com o que podiam, ou usavam ventiladores.
— Deixa ver se eu entendi – O policial abanou-se com um papel que encontrou ao olhar para o advogado a sua frente. Ele já trabalhara em inúmeros casos em sua vida, mas nada como aquilo. – Esse Ivan foi declarado morto anos atrás, mas agora o cara diz estar vivo, apesar da família afirmar que está morto, correto? – Vinicius assentiu sorridente incomodado com o calor. – E que merda é essa?
Vinicius sorriu ainda mais diante do tom do policial.
— Não é como se a vida não fosse surpreendente, certo?
O policial resmungou algo inaudível antes de avaliar os documentos entregues por Vinicius.
— É advogado, não é? – Ele concordou – Então procure um juiz. Não vou me envolver com algo assim.
— Eu sei que preciso fazer isso, mas por hora poderia suspender esse relatório policial. O senhor Thompson não está se passando por alguém morto.
— Olhe, eu não ligo, mas quero continuar trabalhando aqui e por isso faça o que eu disse. Não irei me envolver.
Vinicius suspirou frustrado ao se levantar e pegar todos os documentos. Desde o início soubera o quão difícil seria lutar contra uma família poderosa.
— Obrigado por nada – resmungou ao ir em direção a saída. Ele sabia que Ivan não ficaria feliz ao saber do que acontecera – E u deveria ter pedido a Elisa para invadir o sistema deles – coçou a cabeça frustrado ao sair da delegacia e agradecer aos céus pelo vento que recebera. Enfim se sentia fresco. Agora sua caminhada em direção ao demônio iria começar.
***
O silêncio sempre fazia Hailee se sentir mais solitária do que realmente deveria estar. Seu quarto encontrava-se na temperatura perfeita, mas a sensação que sentia era de frio ao olhar para as paredes brancas. Não havia nada pessoal em seu quarto com exceção de uma antiga fotografia sua.Seus olhos seguiram pelo quarto e em seguida parou no tapete felpudo. Ela odiava tudo aquilo. O tamanho do quarto não coincidia com a sua necessidade, o seu closet conseguia ser maior do que a sua quantidade de roupas e acima de tudo odiava a enorme cama que piorava a sensação de vazio.
— Que droga! – grunhiu ao se levantar da cama e andar pelo quarto. Sua vida permanecia exageradamente vazia, percebeu frustrada. – Eu preciso fazer algo – olhou para si mesma ao olhar para si mesma. Ela vestia uma legging preta e uma blusa longa. Soltou os cabelos que encontravam-se presos e não demorou para abrir a porta do quarto e sair.
Apenas um pouco de liberdade.
Ao descer as escadas sorriu aliviada ao perceber que não havia ninguém. Nenhum segurança estava a vista.
Isso só pode ser um milagre.
Correu em direção a porta e ao abri-la sentiu o calor do sol em seu rosto. Olhou para os lados e não pensou duas vezes antes de seguir o mais rápido que conseguia em direção ao portão principal. Quando o abriu uma sensação de paz apoderou-se de seu ser. Seguiu sem direção pela vizinhança inexistente. Não havia nenhuma residência em um raio de quinze quilômetros, talvez vinte. Mas ainda assim, ela se sentia feliz. Continuou a caminhar sem rumo até escutar um barulho atrás de si. Virou-se assustada, e sorriu aliviada ao perceber um jovem em uma bicicleta. Relaxou ao escutá-lo cada vez mais perto.
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A Besta [concluida]
RomanceUma besta sanguinária e doentia. Ivan H. Thompson não possuía princípios ou sanidade mental. Conhecido por todos como a besta, ele estava disposto a tudo para fazer com que todos pagassem pela morte de seus pais, vinte e três anos atrás. Nada mais...