Roda do destino

33.4K 2.1K 221
                                    


No dia seguinte, a mansão da família Harrison não trazia mais o brilho deslumbrante de riqueza, apenas a de uma residência tradicional de uma das famílias mais ricas. O silêncio trazia alento para os empregados que rondavam o local. Entretanto logo o barulho de passos apressados ecoou pela mansão silenciosa da família Harrison. A mansão passada de geração para geração possuía obras de artes inestimadas nas paredes logo no hall de entrada. O caminho que dava para as escadas, que levava para o segundo andar, possuía câmeras, o que fez o homem vestido sobriamente suspirar frustrado. Não havia ninguém a sua espera, como acontecia sempre que os visitava. Passou a mão pelo seu terno caro e se viu acenando para a câmera, como se habituara a fazer. Ele sabia que em poucos instantes alguém da família iria aparecer, e não demorou a acontecer. Logo os passos pesados de Hugo Harrison foi escutado fazendo com que o advogado se retraísse.

— Não lhe esperava – a voz dura de Hugo não surtia mais o efeito de outrora, quando começara a trabalhar para a família Harrison acreditava que espíritos malignos iriam atrás dele sempre que falava com Hugo. Sorriu de si mesmo ao perceber o quão havia sido jovem e medroso. – Diga de uma vez o que deseja.

O advogado olhou com cuidado para Hugo Harrison, não conseguindo evitar de admirá-lo, pois o homem a sua frente dificilmente se passaria por alguém de sua idade. Seus cabelos brancos lhe davam um ar maduro, seus olhos possuíam uma expressão viva e seu corpo encontrava-se em ótima forma.

— Trouxe informações que deve ser do seu interesse. – se viu falando em automático ao abrir a pasta que trazia consigo e retirar um documento – Alguém deu entrada em uma documentação um tanto incomum.

— O que é? – Hugo perguntou impaciente ao olhar para o advogado. Ele odiava ser interrompido quando estava em sua casa descansando.

— Alguém está reivindicando  o seu irmão, Ivan Harrison, como uma pessoa viva. Imaginei que gostaria de saber.

Hugo nada fez por alguns instantes até gargalhar. Aquela era a primeira vez que o advogado o viu rir daquela forma.

— Isso deve ser realmente surpreendente – o advogado falou sem jeito.

— Isso é ridículo e uma mentira – Hugo tornou sério – Meu irmão foi morto vinte e três anos atrás. Notifique a polícia que alguém está se passando por ele, e se este foi o único motivo que o fez vir até aqui, a sua viagem foi perdida.

Sem mais nada a dizer, Hugo lhe deu as costas e começou a subir as escadas sem olhar para atrás.

— Essa família me dá calafrios – murmurou ao dar de ombros e seguir para a porta, enquanto pensava em como iria relatar algo como aquilo a polícia. Ao passar pela porta se viu olhando para os papeis – Eles são parecidos – percebeu ao ver a foto do homem. Ivan Harrison Thompson – Talvez o irmão dele esteja vivo – deu de ombros ao perceber que continuar pensando naquilo não iria lhe trazer nada de positivo.

***
O som de gargalhada ecoou pelo apartamento. Ivan sorria diante da tela do computador que Elisa lhe mostrara. Elisa se tornara a sua salvação anos atrás quando precisou trocar toda a sua história. A mulher habilidosa possuía longos cabelos loiros, os quais ela insistia em mantê-los presos sempre deixando algum fio escapar, seu corpo esbelto evidenciava sua fascinação pelo exercício. Os olhos de Elisa eram o que sempre que lhe confundia. Ivan acreditava veementemente que Elisa era algum tipo de bruxa que conseguia mudar a cor de seus olhos conforme suas emoções, e naquele instante eles se encontravam quase cinzentos. Ela estava preocupada.

— Isso é bem divertido – Ivan disse calmo ao cruzar suas longas pernas e apoiar o braço no encosto do enorme sofá escuro. Na tela a sua frente constava que acabavam de abrir uma queixa contra ele na polícia, acusando-o de roubar a identidade de alguém morto – Sempre fico impressionado com a sua habilidade – a elogiou ao observá-la com cuidado. Elisa vestia um short curto jeans e uma blusa folgada que escondia suas curvas. Ela sempre fora despreocupada nesse sentido.

A Besta [concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora