Capítulo 38

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Estou na porta do Hospital criando coragem para ver pessoas chorando, não quero chorar, estou aguentando desde quando sai da escola.
Quando vi minha avó pela penúltima vez, bem antes da minha mãe ir visitá-la, ela estava mais  doente do que agora,  eu lembro que ela me disse que se houvesse qualquer coisa com ela, eu tinha que ser a forte, eu não poderia chorar, eu teria que consolar minha mãe. No dia que ela me disse isso eu chorei muito porque sempre fui muito apegada a ela, e jamais em toda a minha vida suportaria saber que ela podia morrer.
E aqui estou eu, cumprindo a minha promessa, não suporto nada disso.
A vida é muito engraçada, quando ela manda coisas boas, parece que cai oportunidades do céu.
Mas quando ela quer te mandar coisas ruins, ela não só tira, ela te magoa e fere o que você mais ama.
Vendo pelo único lado bom dessa história, eu pelo menos vou aprender algo com isso, aprender a escutar as pessoas que são importantes pra mim, aprender a valorizar quem se importa comigo, parar de julgar sem saber.
Eu fiz tudo ao contrário com o Henrique, ele tem toda a razão de me odiar.
E se minha avó estava sofrendo aqui na terra, eu agradeço a Deus por levá-la.
E assim como ele fez tudo isso tenho certeza que vai acalmar o coração do meu avô, da minha mãe, do Lipe, meu pai, o meu, e de toda a minha família.

Não tinha o que fazer, não podia nem ver mais a minha avó, era tarde demais.
Meu pai cuidou de toda a papelada e retirada de minha avó do hospital.
Não soltei minha mãe por nenhum segundo, só tentava acalmá-la, e trazer a tranquilidade.

Minha vó foi encaminhada para o crematório, pois foi o que minha mãe decidiu junto com meus tios.

E assim foi o procedimento, eu permaneci sem emoção alguma.
Cheguei em casa tão tarde que só pude tomar um banho e tentar dormir.

A noite pareceu tão longa, acredito que só cai no sono por volta das quatro da manhã. E praticamente em um piscar de olhos,meu alarme tocou. Eram 6h 20.

Mesmo ainda com sono e não tendo forças para ir para a escola, me vesti e desci para tomar café, a final era semana de prova e se eu faltasse poderia prejudicar meu ano inteiro.
Minha escola é rígida em tudo por isso, duvido que eles tentarão entender o meu lado
Mas eu tenho que entender que não é só porque minha avó faleceu que minha vida tem que parar, tenho que seguir em frente mesmo que dizer isso seja difícil.
Ao invés de minha mãe fazer o café, quem fez foi meu pai. Provavelmente, minha mãe nem deve ter dormido, acredito que ela não está muito bem.
Eu queria poder falar com ela, mas não quero fazê-la lembrar disso tudo.
Então só esperei Felipe terminar de tomar o café para seguirmos o caminho até a escola. Ele permaneceu quieto, isso acabou comigo, ele que sempre me anima, não posso deixar ele mal.

Bella: Felipe - chamei

Lipe: Que foi? - parou de andar e me olhou fixamente.

Bella: Odeio te ver mal, você é meu maninho, você é tudo pra mim.

Ele pensou um pouco, parecia inseguro do que ia falar.

Lipe: Bella, por favor te peço que não se importe comigo - suspirou - Vai que você estraga tudo como sempre! - ele desviou o olhar e seguiu em frente, me deixando plantada na rua.

O que está acontecendo? Esse é o pior mês da minha vida, logo quando meu aniversário está chegando, minha avó morre, perco o Henrique, meu irmão muda comigo, minhas amigas estão do lado do Henrique, minha mãe está de luto, meu pai se encarrega de tudo sozinho.

Só pode ser um pesadelo!

Quando cheguei na escola, meu olhar se voltou  para Luma, ela o retribuiu com um sorriso enorme, ela me perguntou se estava tudo bem e me faltou palavras para explicar como eu estava me sentindo, já Lívia pegou a conversa no ar.

Eu só as abracei e chorei, implorei para elas não me abandonarem. Elas não responderam nada.
Tem algo errado e eu vou descobrir o que é.

Na hora da prova minha cabeça estava quente, mas respirei fundo e tentei dar o meu melhor, graças a Deus não estava tão difícil, pois eu tinha estudado a matéria.
Assim que terminei, fui para casa sozinha, duvido que o Felipe queira me ver, só não entendi porque ele mudou, há algo errado.

Quando abri a porta de casa vi minha mãe no sofá vendo um filme um pouco mais tranquila - aparentemente- joguei a bolsa no sofá e abracei ela.

Joana: Você está bem filha, Felipe disse algo que te magoou, não se preocupe.

Que?

Bella: O que importa aqui é você, como você está?

Joana: Filha deve estar sendo difícil pra você assim como é pra mim, mas não podemos parar nossa vida, na verdade não temos tempo nem pra luto - concordei - você tem que terminar o ano, eu tenho que trabalhar, seu pai também, ainda falta um mês e meio pro ano acabar!

Bella: Você tem toda razão!

Joana: Sua avó vai fazer muita falta,mas precisamos mostrar para ela que somos fortes, lembra quantas vezes ela disse, que não era para nós chorarmos? Vamos realizar o desejo dela.

Bella: Você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa né?

Joana: Lógico que eu sei - sorriu- por isso temos que fazer uma festa incrível pra você.

Bella: Não! Esse foi o pior mês da minha vida, não quero comemorar nada.

Joana: Tem certeza? Só temos 17 anos uma vez!

Bella: Pode ter certeza que sim - ela só sorriu e continuou a assistir o filme.

Eu hein.

Subi para o quarto para melhorar minha cara, tomei um banho e coloquei uma roupa confortável.
Desci as escadas e o Felipe já tinha voltado, eles estavam conversando algo sobre mim.

Lipe: Ela vai querer festa?

Joana: Não! Ela foi bem clara enquanto a isso.

Lipe: Ótimo!

Tô dizendo que tem algo errado nessa história toda!











COLAR DE BEIJOS 🌼 🌸

O Melhor Amigo Do Meu Irmão (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora