5 - Sobre visitas inesperadas

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"Prontinho" Horácio entregou o controle remoto para Celestina

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"Prontinho" Horácio entregou o controle remoto para Celestina. A televisão mostrava um daqueles filmes de pancadaria e explosões. "Está como nova."

Eu já AMO esse rapaz.

"Olha, muito obrigada por ter vindo a essa hora..."

"Não, tudo bem. É o meu trabalho."

"Espero que dê tudo certo na sua carreira de hacker...Hórus."

O rapaz sorriu um pouco envergonhado, enquanto Celestina assinava a papelada dos recibos. Já estava guardando todos os equipamentos na mochila quando a coisa toda aconteceu.

Na verdade, começou como um pressentimento. Algo no jeito com que o vento soprou naquele instante. Bruxas conseguem sentir o cheiro dessas coisas.

Epa.

Uma névoa cinzenta adentrou o apartamento, vinda pela janela da frente. Celestina arregalou os olhos.

"Gente, mas como tá tarde, né? Você deve estar muito cansado" começou a empurrar Horácio para a saída.

"Será que você..."

"Tudo resolvido por aqui."

"Sim, mas..."

Porém, antes que pudesse jogar o técnico porta afora, a névoa avançou com rapidez para o meio da sala, tornando-se cada vez mais densa e formando uma esfera de fumaça cinza em constante movimento. A bola prateada pairou no ar como uma imensa lua, oscilando levemente com a brisa.

"Que diabos...?" Horácio olhava a bola de névoa sem compreender.

"Olha, você tem que ficar calmo" a garota segurou-o pelo braço. "O que você vai ver dentro de instantes é..."

"AAAAAAAAAAAAAAH!"

O técnico gritava porque, em questão de segundos, a névoa que antes era cinza e disforme agora formava uma esfera perfeita, lisa e perolada. E dentro da esfera, de costas para eles, havia uma cabeça flutuando no ar.

"Celestina?" a cabeça de sua mãe falou.

"Aqui atrás, mamãe..."

A cabeça pareceu se virar com certo esforço.

"Ah, aí está você!" em seguida deu uma risadinha. "Não sabia que estava com companhia, docinho. Posso voltar mais tarde."

Horácio estava amarelo e suas costas escorriam pela parede em direção ao chão. A garota esfregou as têmporas:

"Mãe, este é o Horácio, técnico da tv a cabo. E a senhora está matando o pobre sujeito do coração. Não pode sair usando a bola de cristal assim sem avisar!"

A cabeça de Artemisia não parecia nem um pouco preocupada.

"É só você apagar a memória dele."

"Não posso, mãe. Não tenho varinha."

"Então não jogue suas incompetências sobre mim como se fossem minha culpa."

Celestina sentiu os dentes rangerem. A mãe observava Horácio com ternura, mesmo que o rapaz estivesse sentado no chão, agarrado à Ícaro, quase chorando. Alguns momentos de silêncio incômodo se passaram, enquanto Artemisia derretia-se mais e mais pelo mancebo desesperado.

"Mãe...?" Celestina abriu os braços, incrédula. "Podemos ter um pouco de foco aqui?"

A cabeça pareceu sair de seu devaneio.

"Oh, sim. Encontrei uma coisa que pode ajudá-la."

"Sério?"

"Estive lendo umas coisas e telefonei para a tia Dolores. Dei uma desculpa qualquer sobre dúvidas puramente acadêmicas. Sabe que ela me deve uma desde o incidente com as ostras, né?"

"E o que descobriu?"

"Basicamente, que o modo mais fácil de saber o paradeiro da varinha é consultando você mesma."

"Como é?"

Artemisia tomou fôlego para explicar:

"A varinha Hypatia é um artefato muito antigo, então já está impregnada com a energia da família. Já está nos nossos genes, é parte de nós. Por isso, você, como atual proprietária, está ligada à varinha num nível energético. Tia Dolores acha que a localização pode estar escondida no seu subconsciente. Que, se deixada ao acaso, seus pés acabariam por lhe levar até lá, atraídos pela conexão. Penso que se usar um método de adivinhação aleatório, pode acabar descobrindo alguma coisa."

Celestina balançava a cabeça, processando a informação.

"Sim, sim...é viável. Faria sentido, até. Será que daria certo com o copo?"

A mãe ponderou.

"Vale a pena tentar."

Um suave baque vindo do chão indicou que Horácio havia desmaiado, mas ninguém pareceu se importar  muito.

"Bem, vou indo nessa. Boa sorte pra você."

Celestina umedeceu os lábios, colocando as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans. Seus olhos encontraram os de Artemisia.

"Obrigada pela ajuda, mãe, de verdade."

A mãe pareceu ser pega de surpresa,mas sorriu para ela. Por um breve instante, as duas sentiram toda a carga emocional daquele momento incomum em família. Pelo menos até Artemisia acrescentar:

"E aproveitando que o jovenzinho aí não pode nos escutar agora...uma gracinha de menino, viu?"

Pessoal, andei sumida por motivos de: intoxicação alimentar, que me deixou de cama por uns bons dias

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Pessoal, andei sumida por motivos de: intoxicação alimentar, que me deixou de cama por uns bons dias.  D: 

Mas não se preocupem, sobrevivi e não vou deixar essa história inacabada como legado para a humanidade. Hoje retomo os capítulos e, de brinde, vocês ainda recebem capítulo duplo como cortesia da casa.

Beijins, obrigada por estarem aqui comigo!

Mamãe Vai Comer Meu FígadoOnde histórias criam vida. Descubra agora