7 - Sobre a utilização correta de um tabuleiro OUIJA

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Horácio estava parado em frente ao vaso da samambaia chorona, parecendo um tanto abobalhado

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Horácio estava parado em frente ao vaso da samambaia chorona, parecendo um tanto abobalhado.

"Então quer dizer que ela pode nos escutar e também falar na sua cabeça?"

Celestina encontrava-se alguns passos atrás dele, achando muita graça em sua confusão.

"Isso mesmo. E adianto que Tilda simpatiza muito com você."

O garoto envolveu com cuidado um dos compridos ramos da planta, balançando-o de um lado para o outro numa tentativa de aperto de mãos.

"OLÁ" ele quase gritou, colocando pausas rítmicas entre cada uma das palavras. "MUITO. PRAZER. EM. TE. CONHECER."

Diga a ele que não sou idiota.

"Você pode falar normalmente" Celestina riu.

Horácio ficou embaraçado. Soltou o raminho que segurava e olhou para o chão.

"Desculpe, é minha primeira vez conversando com uma samambaia. Você é uma planta muito bonita, Tilda."

A sinceridade do elogio destruiu todas as já poucas defesas do vegetal.

Ah! Quanta gentileza! Deixe-me vê-lo, Celestina.

"Ela quer ver você" a garota adiantou-se e tocou com delicadeza um punhado de folhas. Um pequeno choque de estática percorreu seu braço, indicando que Tilda estava acessando suas memórias visuais. Concentrou-se em olhar para Horácio, tentando captar todos os detalhes de seu rosto. Focou especialmente nos dois olhos escuros, descendo até o nariz reto e finalmente alcançando os lábios finos. Os dois permaneceram se encarando, um pouco desconfortáveis, em silêncio.

Uh lá lá. Diga a ele que faço muito gosto se ele a convidar para sair.

"E então, o que ela achou de mim?"

"Que você é muito gentil" Celestina riu amarelo. "Agora vamos cuidar da vida, não é mesmo? Tenho uma varinha para encontrar."

A garota saiu da sala deixando Horácio sozinho com Tilda. O rapaz estava pouco à vontade, balançando os braços para frente e para trás, sentindo a mesma sensação de quando se vai a um consultório médico e, mesmo com uma sala lotada, ninguém é capaz de puxar assunto. Tinha consciência de que a planta podia observá-lo, provavelmente estava fazendo isso naquele mesmo instante, mas a comunicação dos dois era bem limitada. Não poderia dizer nem mesmo que parte dele Tilda estaria olhando. 

Celestina voltou poucos minutos depois, trazendo uma espécie de tabuleiro e um copo de vidro. Posicionou os objetos no piso de cerâmica da sala, o copo por cima do tabuleiro, sentando de pernas cruzadas no chão. Horácio percebeu que haviam várias marcas no tabuleiro, como letras e números. Arregalou os olhos:

"Isso é o que estou pensando que é? Você vai fazer a brincadeira do copo?"

"É um ótimo método aleatório de adivinhação" ela assentiu.

Mamãe Vai Comer Meu FígadoOnde histórias criam vida. Descubra agora