Sobre um EPÍLOGO muito aguardado

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Tilda estava novamente em casa

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Tilda estava novamente em casa. Seu vaso fora posicionado no lugar de sempre, abaixo da janela bem iluminada da sala de estar de Celestina.

Seu Rubem ficara feliz quando foram buscar a planta, mesmo que seus convidados estivessem cobertos de sangue e fuligem, com as pontas das roupas chamuscadas. Seu Rubem, claro, não fez muitas perguntas.

"Sei que é mais prudente continuar sem saber" ele dissera. "Mas olhe, minha filha, tire uma semana de folga. Você está precisando, pode confiar em mim. Para todos os efeitos, direi para Agnes que você está com...dengue. É, dengue é uma boa ideia."

Celestina estava radiante por estar de volta ao seu pequeno apartamento bagunçado. Sempre fora uma bruxa de rotina. Riscou um fósforo e acendeu a boca do fogão, depositando uma chaleira com água para ferver. Cantarolava baixinho, a varinha das Hypatias presa no coque do cabelo.

"Estou muito orgulhosa de você" disse a mãe, a seu lado, separando as folhas das ervas. Elas preparavam um tônico para acalmar os nervos. "Foi magia de primeira linha o que você fez nesta noite."

"Aprendi com a melhor" a garota respondeu. "Tive a melhor criação que uma bruxa poderia esperar."

Artemisia sorriu, mas permaneceu parada. Havia um pouco de dor em seus olhos.

"O que foi?" perguntou Celestina.

A mãe torceu as mãos por um instante, nervosa.

"Eu...eu queria dizer que você estava certa. E queria pedir desculpas."

Essa é nova pra mim...

Se Celestina não estivesse apoiada no balcão da pia, provavelmente teria caído no chão. Sua mãe pedindo desculpas? Admitindo um erro? Ela nem sabia de que erro Artemisia estava falando, mas tinha certeza de que aquele era um momento único na história da humanidade.

"Você disse que havia uma traidora na família e eu não quis escutar..." continuou ela. "Mas de fato havia uma. Mesmo que eu não tenha tido más intenções, fui eu que deixei o segredo das Hypatias escapar quando permiti que seu pai partisse com as memórias intactas."

"Não foi sua culpa" Celestina segurou a mãe pelos ombros. "Inocêncio teria descoberto outro meio para chegar até nós."

"Ainda assim, eu...logo eu, traí as regras do clã. Por amor, por causa de uma paixão maluca e adolescente."

"Está tudo bem, mamãe."

"Claro que não está!" ela retirou as mãos de Celestina de seus ombros e as segurou entre as suas. "Eu era jovem, tola...me deixei levar. Quando voltei para casa grávida, fiquei tão desesperada que a primeira coisa que fiz quando você nasceu foi pegar o cordão umbilical e enterrar debaixo de um broto de samambaia. Eu sentia que devia isso à família. Eu precisava criar uma herdeira que valesse à pena para compensar o meu erro."

Mamãe Vai Comer Meu FígadoOnde histórias criam vida. Descubra agora