Epílogo

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''Some kill, some steal, some break your heart.'' - desconhecido.

Matthew

Me forcei a ir ao velório do meu pai, aquela tarde até mesmo os céus pareciam chorar, a chuva começou minutos depois do corpo ser enterrado a metros debaixo da terra, a dor dentro do meu peito já não era mais suportável.

Eu o tinha perdido por absolutamente nada, o que o mais me rasgava por dentro era saber que nunca mais teria a chance de o ter de novo ou recuperar qualquer tempo perdido entre nós e se não bastasse isso eu a perdi. Katherine, meu raio de sol, a esperança que ardia no meu peito. Eu a queria ao meu lado mais do que tudo e ainda sim era orgulhoso o suficiente para deixa-la ir.

Não falei com a minha família e sai do cemitério antes que Scott me impedisse e dirigi por horas o mais rápido que podia até chegar na costa da praia, a mesma do festival de meses atrás.

O sol já não existia mais, as ondas do mar estavam agitadas como se entendessem a bagunça que era minha vida e no que ela havia se tornado. Toquei o metal gelado da pulseira em meu bolso, eu não a tinha tirado dali desde que a peguei em cima da minha cama e percebi a merda em que havia me metido. Eu disparei pela escada de casa em vão, quando cheguei ao lado de fora ela já não estava mais lá. Ela se foi e eu deixei que fosse. Eu era um filho da puta idiota, mas por mais que tentasse não conseguia tirar a imagem de outro tocando a porcaria dos seus lábios, aquilo me matou por dentro e só de me lembrar todos os meus órgãos se contorciam deixando ódio e frustração tomarem conta de mim.

Porra. Se eu pudesse apagar aquilo da minha memória.

Eu não conseguia entender o porque ela tinha feito aquilo. Eu amava Katherine com tudo que eu tinha com tudo que me restava e não era o suficiente. Odiava admitir que estava completamente apaixonado, mas, caralho ela era a porra do sol para mim e o céu inteiro.

Meu sonho em forma de mulher.

Como eu pude ser tão imbecil em relação a ela?

Eu estava perdido em meio ao nada, ao vazio que só crescia cada vez mais dentro do meu peito, um buraco negro sem fim. Eu estava morrendo por dentro.

Arranquei o anel que tinha colocado no outro bolso e o rolei entre meus dedos, eu o tirei dela e prometi que ele nunca voltaria para seu dedo, mas ainda assim ele a tocava. Josh ele era um babaca tanto quanto eu.

Ela não sabia, mas eu vinha guardando aquela porcaria a meses só para me lembrar que um dia ela pertenceu a outra pessoa e que eu nunca faria o mesmo que ele fez e no final de tudo quem estava se sentindo traído era eu.

Arremessei a porcaria do anel com todas a minhas forças restantes no mar deixando que as ondas o levassem para longe de tudo, minha vontade era de arremessar a pulseira junto, mas, eu não consegui. Era mais forte que eu, era a única parte dela que me restou, uma pulseira e um vestido amarelo, meus joelhos cairão sobre a areia enquanto meus dedos roçavam os pingentes.

Uma promessa que eu não queria me desfazer e deixar que o mar levasse de mim. Gritei não aguentando mais nada do que sentia, as malditas lágrimas escorreram sobre meu rosto, apertei com tanta força a pulseira que a ponta de cada pingente fincou a minha pele.

Eu nunca chorava, nem mesmo quando era só um garotinho, mas eu não suportava mais a dor de perder pessoas e as afastar de mim.

Prometi a mim mesmo que aquela seria a última vez.

Amar era uma tragédia que me corrompia por dentro e por fora e eu já não sabia mais o que minha vida seria sem ele ou melhor, sem ela.

Seguir em frente era a ultima coisa que eu queria ou conseguiria fazer.

Deus, eu desejava que tivesse sido eu no lugar do meu pai.

GREETINGS FROM CALIFOURNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora