Capítulo 36

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Ao olhar para cozinha, vi minha família sentada a mesa comendo. Aproximei estranhado aquela cena.

— Demorou, mas chegou a margarida! — comentou sarcástico Fernando.

— Tem sorte que sua mãe esqueceu de colocar o frango para assar, senão iria ficar sem jantar. — Falou meu pai.

Sentei na cadeira ao lado de Fernando. E observei enquanto minha mãe brigou divertida com meu pai, sobre o caso do frango. Meu irmão estava rindo e pediu para nosso pai passar a maionese. Não me lembrava de ter minha família reunida no natal ha tempos. Nem de poder compartilhar um momento agradável desse com eles. Meu pai não estava bêbado e minha mãe, era só minha mãe. Arrumada para um jantar em família.

— Não vai colocar o seu prato, Dess? — perguntou minha mãe, estendendo um prato vazio. — Ou vai continuar ai só olhando?

Peguei o prato sorrindo. Agradecendo a Deus pelo seu agir nos mínimos detalhes. Talvez eles não vissem o que eu via, mas eu sabia quanto um tempo de qualidade valia. E não havia dinheiro no mundo que comprasse.

Naquela mesma noite, mandei um e-mail para Eduardo, com as informações do Afonso. Pedi para que ele encontrasse a filha dele e lhe desse informações sobre seu pai. Disse que era urgente e que agradeceria dando uma miniatura nerd como pagamento. Não demorou muito para o garoto me responder e gostar da troca. Minha noite estava completa.

No dia seguinte recebemos a visita de tia Lucia, tio Tony, tia Nicole e Luiz aqui em casa. Meu pai fez um churrasco como de costume e o momento da noite passada se estendeu. A conversa pairou sobre casos do passado. Aventuras e momento constrangedores de todos. Consegui até zoar Luiz e o chamei de comedor de brigadeiro escondido. Ele ficou admirado por eu ainda lembrar isso. Rimos e após o almoço, peguei meu violão e toquei para eles.

Pela primeira vez na minha vida fiz algo com meu pai que realmente gostava, ele pediu meu violão emprestado e cantou comigo. Minha mãe chegou a se emocionar. Era uma canção que eles cantavam pra mim quando era pequena, e que havia ate esquecido. Foi uma sensação incrível.

A noite Leandro me pegou em casa às dezoito horas e me levou ao shopping. Ele havia convidado também nossos amigos, mas não deu pra ninguém ir. Chegando lá, ele me levou na área de jogos e brincamos em alguns brinquedos. Nunca me divertir tanto com ele. Na verdade, nunca tinha ido naquela área. Depois fomos ao cinema e insistir em ver um filme romântico, ao invés de ação. Tive que me controlar para não dar uma de chorona e fiquei constrangida nas partes que os atores se beijavam. Finalizando a noite, ele me levou para praça de alimentação. Enquanto comia, comentávamos sobre o filme.

— Não acredito que me fez ver aquele filme, estava na cara que alguém morria no final. — Disse indignado, enquanto comia uma batata frita.

— Ainda assim é lindo. Eu amei. — rebati.

— Percebi, pelo tanto que você chorou. — caçoou.

— Bobo! — arfei.

Comi então meu sanduiche.

— Então, soube que largou o curso...

— Sim! Eu não gostava muito dele.

— Suas notas sempre foram boas, pensei que gostasse.

— Existe uma linha fina entre ser inteligente e gostar de algo. Acho que isso me definia, mas já passei para outro curso e vou começar depois do verão.

— Biologia, suponho?

— Sim! Sempre foi meu sonho e nem acredito que vou realiza-lo.

— Imaginei. O Mike e minhas plantas sentiram sua falta. — Riu.

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