Capítulo 38

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"O amigo ama em todos os momentos" — Provérbios 17:17

Eu não sabia o que amizade representava até perder um amigo. Para mim, essa era uma palavra comum que se dava as pessoas a nossa volta, essas que convivem com a gente diariamente.

Já parou pra pensar quantas pessoas você já chamou de amigo? E quantas delas não fazem mais parte da sua vida? Não sei a sua, mas a minha lista estava cheia.

Então Ana se foi, debaixo dos meus olhos. Foi quando percebi que além de não ter amigos, eu também não era uma amiga. Não que não quisesse. Eu simplesmente não sabia ser.

Amizade de acordo com o dicionário tem haver com fidelidade. Não é se dar bem, ou dizer um "oi" quando passa por ela na rua. Dar aquele sorriso constrangedor e não esperar ela responder se esta bem. Não é ter ela como sua seguidora nas redes sociais. Nem aquele que você faz um texto enorme no dia do amigo, para mostrar que você não é solitária. Não, não é isso!

Amigos de verdade nós contamos nos dedos. Eles são chatos, nos falam a verdade, mesmo que a gente não goste. Estão conosco nos momentos de alegria e celebram com a gente. Assim como estão nos momentos ruins, nos emprestando seu ombro para chorarmos. Aqueles que suportam nossos defeitos, mas não nos julgam. Seus nomes são os primeiros que aparecem em nossa mente quando estamos na pior. Quando queremos sair, se mostram sempre dispostos, mesmo quando não querem.

E assim criamos laços. Laços fortes que nem o tempo é capaz de quebrar. Pode se passar dias, meses, anos. Quando você a encontra, parece que nunca se separaram. Ela vai sempre estar ali por você e você sempre vai estar ali por ela. Torcendo por sua vitoria. Conquista. Sucesso. Porque não há inveja. Porque a alegria dela é a sua.

Um sentimento raro, pouco encontrado ultimamente.

Você conseguiu pensar em alguém? Porque na minha mente, a palavra amizade se definia em dois nomes: Sofia e André.

Chegando próximo a mesa de som. Eu chamo com um gesto com meu dedo indicador. Dou um sorriso cheio de malicia que o anima e ele vem.

— Ei! — saúda me olhando de baixo a cima.

— Olá! Soube que conheceu minha amiga Sofia — indiquei onde ela estava, dentro de casa — rola alguma coisa entre vocês? — perguntei curiosa.

— Quem? A moreninha? — pergunta e eu afirmo — Ah, gata! — ele se aproxima, com uma investida — Tem nada serio entre eu e ela não. Dei um esfrega nela ontem, mas ela tem carne demais pro papai aqui. Estou solteiro e pronto pra outra, se a gatinha quiser...

Não sei em que momento exato a bomba explodiu se foi no "esfregou" ou se foi "carne demais", só vi quando meu punho fechado atingia o nariz do infeliz na minha frente. O fazendo recuar no mesmo instante.

— Você tá louca? — bufou com raiva, tampando o nariz.

— Você não viu nada seu filho de... — corri pra cima dele o socando e gritando como uma louca, cheia de raiva.

Eu vou matar você!

Senti dois braços cruzarem minha cintura me puxando para longe do infeliz a minha frente.

— Me larga — rebati e gritei — Eu vou matar ele! Eu vou matar ele!

Todos a nossa volta pararam para ver o que estava acontecendo. O nariz do infeliz escorria sangue, minha mão latejava e eu continuava gritando. Atravessei o olhar da minha mãe, que me olhava horrorizada, até minha casa onde estavam Sofia, Fernando e Leandro — o que ele esta fazendo aqui? — me olhavam sem entender.

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