Capítulo 18

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No dia seguinte acordei com a luz solar dentro do quarto. Todos que residiam junto comigo dentro do quarto, não deixava isso acontecer. Mas enfim, alguém abriu as janelas. Fazia tempo que não sentia aquele calor. Era tão bom. Sol me lembrava o mar. Que saudade! Saudade da minha bicicleta, do vento em meu rosto. Meu coração acelerado e minhas pernas pedalando a toda velocidade. Momentos simples e comum que agora se tornara era tão especial.

Ao olhar ao meu redor vi minha tia Nicole sentada no sofá tirando um cochilo. Não acreditava naquela cena. Ela era tão linda e tinha vindo, é claro! Ela nunca me abandonaria. Minha tia querida que sempre foi minha confidente e me acobertava em minhas loucuras na maioria das vezes. Não somente a mim, mas junto com Priscila não éramos nada fáceis.

Priscila era minha prima, filha única de tia Nicole e tio Tony. Tínhamos sete anos quando o carro a atropelou em uma rodovia. Estávamos vindo da praia com tia Nicole, quando Priscila soltou a mão de minha tia e saiu correndo para atravessar. Era sinal verde e o inevitável aconteceu. Tia Nicole prendeu sua dor para si mesma e voltou seu amor pra mim de uma forma ainda maior. Vê-la em um quarto de hospital, mostrava que ela lutou bastante contra sua dor para estar novamente aqui.

A porta do quarto se abriu e o barulho a acordou. Seu olhar assustado se dirigiu primeiramente a mim, que ao encontrar com meu olhar, lagrimas surgiu em seus olhos e ela se levantou vindo depressa em minha direção. Pegou minhas mãos e começou a beijá-las copiosamente.

— Andressa! — entoou baixinho.

Fernando estava parado na porta. Ao observar a cena, preferiu voltar e deixá-la a sós comigo. Voltei meu olhar para minha tia que soluçava de olhos fechados para mim. Ela abriu os olhos e acariciou meu rosto com carinho.

— Nunca me perdoaria se não visse esse olhar novamente. Não depois do que fiz. Perdão minha menina. Perdão por ser essa chata exagerada. Eu tento! Juro que tento me distanciar, parar de me intrometer na sua vida, mas não consigo, é mais forte do que eu. Quando soube do seu acidente... — ela gemeu. Sua respiração estava ofegante e demorava mais do que previsto para completar o que dizia.

Por que minha tia está se desculpando? O que aconteceu? Merda de mente, pensa.

Ela se sentou, limpando suas lágrimas.

— Oh, minha princesa. Você não sabe como sua tia está feliz por ver esses olhinhos de mel acesos igual uma lamparina outra vez. — Voltou seu olhar para mim e pela primeira vez ela abriu seu sorriso amoroso que me fazia sentir especial — Dessinha a tia te ama. Mesmo às vezes passando dos limites, dando umas más respostas e te ignorando. É porque quero e sempre vou querer o seu bem.

Minha tia linda. Eu sei! Você é a pessoa mais importante no mundo pra mim. Nada do que fizer, nem suas loucuras poderá mudar isso. Só queria te dizer isso. Acho que nunca tive essa oportunidade de falar o que a senhora significa pra mim. Eu te amo!

Ela olhou em volta.

— Você vai sair dessa, meu amor. Vai sair daqui normal. Depois de tudo que viveu, de uma coisa essa tia sua sabe, você é mais forte do que imagina Dessa. Lute! Não se dê por vencida. Você já chegou até aqui, falta só mais um pouco, meu amor.

Vou sim titia, pode deixar!

— Se não melhorar seu tio disse que virá aqui e te fará falar rapidinho e você sabe como ele é teimoso, quando birra com algo é difícil tirar isso da cabeça dele.

Tio Tony, saudade do meu teimoso favorito. Do jeito que é, me faria rir tanto que voltaria a falar mais rápido que qualquer pessoa no meu estado.

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