Ao fechar meus olhos, não tinha exatamente um sonho. Via um lenço flutuando. Não entendia o que significava, mas ao abrir novamente meus olhos vi que havia se passado mais tempo do que pensei. Sofia e Fernando não estavam mais no quarto, havia um rapaz moreno de cabelos longos que, me olhava com um olhar terno. Em seu colo tinha um violão e, assim que me viu abrir os olhos um largo sorriso se formou em seus lábios.
— Que bom que acordou dorminhoca, pensei que o privilégio de poder ver seus olhos novamente abertos era exclusivo a Sofia e ao Fernando. — Segurou em minhas mãos e me beijou — Eu sabia que iria melhorar! Devo ter ficado atrás de Sofia na fila de torcida, mas que bom que nossas preces foram atendidas por igual.
Vi seus olhos ficarem marejados. Ele os limpou depressa, antes que as lágrimas caíssem sobre seu rosto e, passou uma das mãos sob a cabeça.
— Você é uma guerreira Dess e, logo mais vai sair dessa cama, acredito na sua força. — em seguida desviou seu olhar para o violão, seu dedo fazia círculos em sua lateral — Quando me ligaram aquela noite, pensei que também havia perdido você. Fiquei desesperado ao te ver toda machucada naquela ambulância. Foi a primeira vez que criei coragem para orar a Deus depois de tudo que aconteceu. Agora, só de poder ver você com esses olhos que, parecem duas amêndoas redondas abertas — ele riu — vejo que alguém lá em cima me ouviu.
Quem é esse rapaz? Por que foi ele que me trouxe aqui? Será que dormi com ele? Ou era alguém que passava na hora e me trouxe ate aqui? Pensa mente, pensa.
Ele pegou uma palheta e ajeitou o violão no colo.
— Caso esteja me ouvindo, essa canção tenho cantado para você todos os dias. Já que está fazendo efeito, vou continuar cantando. Se quiser posso te ensinar, aliás, aqui entre nós, você foi a melhor aluna que tive.
Como assim aluna? É sério que sei tocar violão?
Suas mãos começam a tocar uma melodia em seguida começa a cantar.
"Que haja palavra"
Era a frase que ficou na minha memória. A música era linda e a voz dele era perfeita. Estava curiosa para saber seu nome. Queria perguntar isso a ele. Ele era meu professor? Só isso? Ele tinha um estilo diferente que me trazia certeza de que não éramos amigos. Como conheci então ele?
Assim que terminou de tocar, pôs o violão escorado ao lado de sua cadeira. Sentou mais folgado na cadeira e me olhou novamente.
— Espero que tenha gostado. — Seu sorriso se encaixava perfeitamente em um rosto com uma barba rala. Pude ver também que, vestia uma camisa preta justa o suficiente para marcar seu peitoral e músculos que, neste momento havia se contraído devido sua posição. Ele era muito bonito. — Sofia me disse que conversar com você pode ajudar na sua melhora. Não sei se estivesse boa, estaríamos tendo essa conversa. Da última vez que conversamos você ainda estava com raiva de mim.
Merda! O que será que esse cara fez? É como dizem, nada na vida é bom o bastante para durar mais que um minuto.
— Arrependo-me de tanta coisa que te fiz. — balançou a cabeça negativamente — Mostrei-lhe um lado do evangelho que não O representa e me sinto um lixo pelo péssimo testemunho que dei. — esbravejou consigo — Deus é incrível, entende? E você está no caminho certo para desvendá-lo. Suas dúvidas é o melhor sinal para se achegar até Ele. No fim você vai entender que Ele quer sua fidelidade. Como um amigo, no inicio de uma amizade; você não confia tanto nEle, mas suas atitudes e sua intimidade com Ele, revela quem Ele é. Nem sei por que estou lhe dizendo isso, mas acredite Dess. Você já é um milagre dEle.
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Palavras ✔
SpiritualLIVRO UM Tendo sua vida completamente ditada pelas palavras que definiam como ela deveria ser, Andressa Loughester seguiu rigorosamente o protocolo de fazer a vontade de sua família. Prestes a se formar na faculdade de Direito, a jovem divide seu te...