Palavras ✔

Capítulo 30

Leandro

Um dia antes.

Hoje faz exatamente seis meses que tomei a repentina decisão de viajar. Não coloco a culpa em ninguém. Precisava de um tempo para esfriar a cabeça, sobre as escolhas que havia feito e que me trouxeram até aqui. Meu pai tinha razão ao dizer que eu estava perdido nos caminhos que resolvi trilhar. Quando soube que estava sendo usado por causa do ciúme de Barbara, me senti o cara mais idiota do mundo. Sei que dei uma grande mancada com ela, por ter me envolvido com Andressa e com ela ao mesmo momento, mas não justificava sua mentira, por mais que não quisesse, havia escolhido ela.

Barbara era uma garota doce. Conheci-a no meu último ano do ensino médio e me deixei envolver por sua beleza e simplicidade. Ambos tínhamos planos de entrar na faculdade, ela faria letras e eu direito. Quando passamos para a mesma universidade, ficamos felizes por não termos que nos distanciar. Porém, ao invés de nosso relacionamento ficar cada vez mais forte, ele foi se tornando frio e distante.

Estava focado nos estudos e ela logo sentiu meu distanciamento. Não sou idiota de dizer que não havia percebido que outras garotas davam em cima de mim, mesmo sabendo do meu relacionamento. Ao contrário, percebia e gostava de me sentir desejado. Mas acima de tudo, eu a respeitava e ignorava essas garotas.

Imagino que como um animal marcando território, Barbara percebeu o interesse das outras meninas e começou a ir diariamente ao prédio da minha faculdade, chegando ao ponto de atrapalhar meus estudos no meio de uma aula. Compreendia o lado dela, mas chegou uma hora que sua presença se tornou insuportável. Decidi assim dar um tempo, o que foi o ápice para ela explodir e não querer mais me ver. Enfim, esse era o propósito.

Eu a amava e foi difícil para mim, mesmo nosso relacionamento não sendo como era antes. Meus amigos começaram a me chamar para ir a festas da faculdade e acabei aceitando. Com a pressão dos estudos e a falta de Barbara comecei a beber e pegar várias garotas. O que era novo pra mim, já que Barbara foi primeira garota que me envolvi daquela forma. Até meus olhos encontrar aquela garota, iniciando assim a maior aventura vivida por mim.

A garota de cabelos longos, uma boca vermelha que aumentava seus lábios e um olhar inocente e receoso, logo chamou minha atenção. Nunca a tinha visto antes. Estava sentada com outras garotas e logo reparei que haviam notado meu olhar. Esperava que ela houvesse percebido. E logo confirmei quando ela veio andando em minha direção. Não tinha muitas curvas, mas era sensual ao seu modo. Vi que se sentia insegura quando chegou até a mim e pediu meu telefone. Sua voz era doce e tentava em vão parecer firme, mas suas mãos diziam ao contrário. Elas se esfregavam abaixadas, bem próximas ao seu corpo. Não pensei muito e logo lhe passei, não acreditei que me ligaria.

Na noite seguinte, enquanto estudava meu telefone tocou e vi que era um número estranho. Atendi e percebi que a voz dela não mudava em nada em questão a noite anterior. Conversamos durante toda a madrugada. Seu nome era Andressa, ela era caloura do mesmo curso que eu. Sua conversa não era forçada e fluiu muito bem. As noites seguintes eram da mesma forma, até chegar um momento que percebi que a voz dela era a última que queria ouvir antes de dormir.

Começamos a sair para ir ao cinema, lanchar e todas as tardes ela aparecia nas minhas aulas de natação para conversamos um pouco. Amava a risada dela quando dizia ou fazia algo idiota. O modo como colocava o cabelo atrás da orelha, quando se sentia tímida e como revirava os olhos quando estava irritada. Percebi que ela começou a confiar em mim, quando começou a me contar sobre sua família e a pressão que sofria para terminar logo o curso, para assumir o lugar de seu pai no escritório dele.

Ela me encantou e me atraiu de uma forma diferente. Algo que eu nunca havia sentido, nem mesmo por Barbara. Sentia o desejo de protegê-la. Achando-me inútil quando me ligava chorando e sem poder estar ao seu lado a abraçando e confortando. Queria cada vez mais estar perto dela e mostrar que ela poderia confiar em mim. Foi quando dei a ideia de estudar com ela. Inevitavelmente acabamos nos beijando na primeira noite de estudos e seu beijo era ainda mais doce que sua voz e travesso sem nem mesmo forçar. Ao me dizer que era sua primeira vez, me senti o cara mais sortudo do mundo por ter sua confiança e poder tê-la comigo. A partir disso iniciamos nosso relacionamento.