Capítulo 19

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Passei por vário+s exames e ao final de todos sempre obtive o mesmo resultado: Sem sequelas. Doutor Matias me disse que o cérebro era assim mesmo e que o fato das lembranças anteriores ao acidente ainda serem ocultas na minha mente se devia a este fato. Durante um dia não pude ver ninguém, mas minha agonia estava prestes a acabar.

Fazia uns trinta minutos que estava sentada. Não consegui dormir direito. Olhei para o relógio e eram exatamente seis da manhã. Doutor Matias disse que Fernando e meus amigos estavam ansiosos para me ver, porém não mais do que eu. Não sabia exatamente o que fazer ou falar e isso me fazia rir com a enfermeira que trocava regularmente meu medicamento, pois durante um mês e meio, isso era o que mais gostaria de fazer. Apenas ouvi o som da minha risada. Algo incomum pra quem pouco sorria, mas ali estava eu. Complemente mudada.

A porta se abriu bem devagar a minha frente. Ajeitei meu corpo e verifiquei meu cabelo. Tentei um sorriso, mas preferi rapidamente que melhor não. Era péssima neles. Vi então um boque de flores aparecer e logo em seguida a cabeça do meu irmão apontar. Ele sorriu discretamente e entrou, vindo em minha direção, puxando alguém atrás de si.

Sofia!

Que graça, ela havia se arrumado.

Ela não conseguia conter o largo sorriso. Carregava em suas mãos uma bolsa de papel reciclável. Era pequena, provavelmente continha um presente dentro. Ela olhou pra meu irmão admirada e voltou a olhar pra mim. Pela primeira vez vi minha amiga sem palavras.

— Dess, você está bem? — perguntou.

Olhei para ela sem nenhuma expressão. Não percebi, mas desde que entraram estava assim. Meus pensamentos se passavam em cada minuto que passei ao lado de cada um. Eles eram minhas colunas que me sustentaram até ali. Foi devido as orações dessa garota que estava viva. E agora, estava sem palavras para dizer. Irônico, mas só conseguia observar cada um para guardar esse momento para sempre em minha memória.

— Davi está mais forte do nunca Jônatas, ele esta vivo graças a sua fidelidade. — Recordei nossa aliança.

Ela surpresa pôs suas mãos na boca chocada e virou novamente para Fernando que sorriu para ela. Voltou seu olhar para mim e me agarrou em um abraço que há muito tempo ansiava. Assim como ela, lancei meus braços ao redor do seu corpo e a apertei o máximo que conseguia. Ela chorou em meus ombros e agradeci a Deus em pensamentos.

— Obrigada por não desistir de mim. Eu também tenho uma aliança contigo!

Ela soluçava ainda mais e eu acariciei seus cabelos. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas assim que me soltou, ela ficou acariciando meu rosto em silêncio. Com aquele sorriso terno e amoroso que ela sabia dar como ninguém.

— Será que eu também posso falar com minha irmã? Aliás, eu tenho prioridade aqui por ser da família. — reclamou Fernando.

— Cala boca, Fernando. Não estraga o momento. — O repreendi, enquanto Sofia voltou ao seu lado próximo a minha cama. Ela limpava as lágrimas em seus olhos discretamente e respirava fundo.

— Tem nem quarenta e oito horas falando e já está assim toda saidinha. Preferia você calada sabia? Era bem mais legal.

— Tá repreendido! — Sofia deu um cutucão em sua costela e ele fingiu que doeu. — Pronto, fique a vontade de abraçar sua irmã.

— Agora não quero também. — recusou divertido.

O encarei com um olhar desafiador.

— Está bem! — disse rendido — Só porque sei que sentiu minha falta! — seu ar convencido, me fazia ver era o mesmo irmão exibido de sempre.

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