Por não saber para onde íamos. Coloquei uma roupa normal, não tão ousada como na noite anterior, aliás, estava saindo com minha tia. Mas com um decote para valorizar, não sabia quem poderíamos encontrar no caminho. E como dizia meu pai: "Cada encontro, uma oportunidade". Na parte de baixo, pus uma calça jeans justa, um escapam preto. Soltei meu cabelo e fiz uma maquiagem básica. Talvez fossemos ir lanchar ou sei lá, um cinema. Estava normal.
Ao chegar embaixo, tia Nicole já me aguardava. Ela era muito pontual, tinha que admitir. E estava muito elegante em um vestido lilás, uma bolsinha de lado, um cordão de perolas e um coque.
— Titio sabe que você vai sair assim toda elegante comigo? — A olhei com uma expressão divertida.
— Para com isso menina! — Ela corou e tapeou o ar — Agora podemos ir. Não queremos chegar atrasadas.
— Tudo bem, gatinha! — E rir quando ele me deu um leve tapa com a bolsa.
Ao entrarmos no carro, fiz a pergunta que estava na minha cabeça desde que ela me chamou pra sair.
— Então? Aonde vamos? — perguntei empolgada.
Ela abriu a bolsa e tirou um papel.
— É este endereço aqui, vê se conhece. — Me entregou o papel que me era familiar, mas não forcei o pensamento.
Vi que não ficava muito longe de casa e assim fomos. Ao chegar em frente ao local, me deparei com um galpão enorme e com vários carros na frente. Ele não havia placa, mas consegui assimilar ao que era. Observei novamente bem o papel.
— Aonde conseguiu esse papel tia? — O levantei na sua frente.
Ele ficou sem graça e engoliu seco.
— Na sua mochila, quando a levei para o seu quarto hoje cedo. Eu juro que não mexi em nada, mas ele acabou caindo do bolso e acabei lendo sem querer, me desculpe.
Fiquei digerindo por um momento.
— E de onde você tirou a ideia de que eu viria a uma igreja? Eu não tenho o que fazer aqui!
— Eu sei, também nunca vim aqui. Mas ao ver esse papel, não sei explicar, senti que algo ou alguém aqui poderia te ajudar — Estava começando a ficar nervosa.
— Ajudar em que tia? Eles são um bando de fanáticos que pensam saber mais que os outros. E enchem o bolso do pastor de dinheiro. É ridículo. Não preciso disso.
— Tenta pelo menos uma vez! Ficamos para reunião dessa noite e se você não gostar, não voltamos mais. — Seu olhar era de súplica.
Sabia que tia Nicole estava sofrendo por me ver daquela forma. E somente por ela, eu fiz. Por seu olhar de compaixão e amor que estava sempre a disposição quando precisava.
— Esta bem! — me dei por vencida e desliguei o carro — mas saiba que é por você!
Saímos e fomos em direção à entrada. Algumas pessoas também estavam entrando. Já outras, ultrajadas com coletes verdes abraçavam todas que passavam por ali.
Devem ser conhecidas.
Quando passamos por essas pessoas, elas também abriram os braços para nós. Uma moça, jovem até, deveria ter uns vinte anos no máximo, tinha um sorriso radiante no rosto, me puxou e me abraçou. No começo me senti constrangida, mas depois percebi que ela emanava carinho. Não sei dizer como, mas o abraço dela me trouxe paz. Assim que me soltou, ainda sorridente disse. ·.
— A paz do Senhor princesa. Seja bem vinda!
Sorri de volta e concordei com a cabeça. Era muito estranho. Assim que Tia Nicole abraçou a todos — porque ela era simpática demais — resolvi que sentaríamos nas últimas cadeiras, mas me arrependi, ao perceber que todas as pessoas que passavam por nós, paravam para nos cumprimentar. Perdi as contas das vezes que disse "sim eu sou uma visitante!".
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Palavras ✔
EspiritualLIVRO UM Tendo sua vida completamente ditada pelas palavras que definiam como ela deveria ser, Andressa Loughester seguiu rigorosamente o protocolo de fazer a vontade de sua família. Prestes a se formar na faculdade de Direito, a jovem divide seu te...