A casa de Ana estava pronta. A coroa de flores encontrava-se ajeitada no devido lugar e aguardávamos o corpo dela chegar. Apesar de tudo, André foi um grande apoio naquele momento. Não queria acreditar, mas suas ações mostravam que ele realmente se importava com Ana e de certa forma, isso me deixava feliz.
A família de Ana chegou do hospital e aproveitei para ir casa me arrumar, para logo mais voltar e ficar para o velório. Pensava que se em algum momento eles precisassem de mim, estaria ali pronta para ajudar.
Dirigi até em casa e assim que estacionei meu carro, vi que tínhamos visitas e isso incluía a presença de meu pai. Ele devia estar uma fera comigo. Por isso, torci fervorosamente para não topar com ele quando entrasse. Não estava com cabeça pra isso, depois do meu longo dia.
Respirei fundo, frente à porta da minha casa e entrei. Minha primeira visão foi a escada em direção ao meu quarto, mas infelizmente, meu campo de visão á minha direita conseguiu avistar meu pai em pé na sala, como se estivesse aguardando eu entrar.
Tentei ignorá-lo e segui adiante, mas assim que dei meu segundo passo, ele me interrompeu.
— Aonde você pensa que vai? — sua voz entoou irritada.
Olhei sem ânimo para ele.
— Para o meu quarto! Preciso tomar um banho para sair novamente.
— Você acha mesmo que não vamos conversar depois de nos deixar na mão naquele tribunal? Depois da sujeira toda que você e o que chama de equipe fizeram? — seu olhar acusador me deu medo.
De repente, do sofá que ficava de costas para mim, Luiz se levantou e me deu um sorriso satisfeito. Neguei com a cabeça.
Não dê o que eles querem.
Voltei a andar em direção a escada.
— Eu tenho mais o que fazer! — disse em bom som para que pudessem me ouvir.
Ouvi passos pesados vindo em minha direção e rapidamente alguém puxou com força meu braço. Olhei assustada para meu pai que com fúria me arrastou até a sala e me jogou ferozmente contra o sofá.
— Você está louco? — questionei assustada.
— Mais o que fazer? — riu sarcástico — Você não pensou nisso antes de ferrar com sua família!
— Você sabe que essa nunca foi minha intenção! — tentei me defender, ainda abalada.
— Que se dane sua intenção Andressa. — ele andou de um lado para o outro — Você sabe o que aconteceu hoje?
O encarei esperando me dizer.
— Fala para ela Luiz! — ele o encarou exigindo.
— Nosso Cliente foi preso! — falou meu primo sem jeito, olhando meu pai e voltando-se a mim.
Meu pai estava vermelho. Ele desajeitou a gola da gravata e tentou se acalmar.
— Em vinte anos de empresa, pela primeira vez, um cliente nosso é preso. Você tem noção da proporção do problema que nos meteu? — ele me encarou friamente — E ainda ter que ouvir de um juiz que haverá investigações extras sobre o caso?
Abaixei minha cabeça. Não sabia o que responder.
— Olhe para mim, quando estiver falando com você! — Ele levantou meu queixo exigindo.
— Eu dei o meu melhor pai. Juro! — meu coração se apertou e não pude conter as lágrimas o que me fez sentir ainda pior, ele odiava drama. Vi o desdém em seu rosto rígido, mas não consegui segurar, elas saiam sem permissão — Me dediquei o máximo a esse serviço, nunca iria trair o senhor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Palavras ✔
EspiritualLIVRO UM Tendo sua vida completamente ditada pelas palavras que definiam como ela deveria ser, Andressa Loughester seguiu rigorosamente o protocolo de fazer a vontade de sua família. Prestes a se formar na faculdade de Direito, a jovem divide seu te...