Após explicar, Sofia entendeu o acaso e acabamos passando a tarde juntos. Não sou muito de sentir vergonha pelas minhas ações, pois bem sei que já fiz coisa pior. Mas confesso que senti no início aquela inocência de ter sido pega fazendo algo errado e não gostei muito da sensação. Para se repetir precisava de mais privacidade.
Após assistirmos um filme e comermos um pouco, me despedi de ambos e fui me deitar. Não gostava daquela sensação de dormir. Em minha mente, penso que já dormi tempo demais até aqui, mas era necessário. Em todas as noites seguintes não sonhava com nada. Tentava voltar ao sonho com Jesus, mas parecia que realmente havia sido um sonho. Mesmo parecendo tão real.
Nos dias seguintes permaneci presa dentro da minha própria casa e meu pensamento de vida mansa ficou só em pensamento mesmo, por que eles foram bem trabalhosos. Beth foi mandada embora enquanto estava em coma e não havia mais empregados para cuidar da limpeza, sendo assim, sobrou pra mim e para Fernando que não gostou nada da ideia, mesmo já sendo acostumado por morar sozinho, mas tive que o obrigar, ainda mais o quintal cheio de cocô do Bob. Vendo minha enorme satisfação, e para fazer uma graça, sempre brincava com os materiais de limpeza ou com a água enquanto limpávamos. Admito que as horas passavam depressa, pois era divertido.
Minha mãe havia conseguido um emprego de contadora. Ela não se orgulhava muito de ter que voltar a trabalhar, por isso nunca tocava no assunto. Ele sempre chegava tarde e por isso, pedi uma ajuda à tia Nicole para os jantares. Aproveitei o tempo, para aprender um pouco de culinária caseira e até que me saí muito bem nessa primeira semana. Sofia era minha cobaia e para surpresa de todos: ela não morreu!
Meu pai quase não ficava em casa e quando acontecia sabia muito bem se camuflar e me ignorar durante sua estadia. Com o tempo resolvi não ligar e entender que era melhor assim. Luna e Eduardo haviam me mandado algumas flores no hospital e às vezes trocávamos mensagens para saber como o escritório estava. De acordo com ela, o clima não estava lá essas coisas. Ainda mais quando souberam da minha desistência, dando a entender que Luiz seria o novo diretor da empresa.
A rejeição de Luiz não era da minha parte, mas de toda empresa. Meu primo já era detestável antes do poder e todos sabiam disso. Seu machismo, orgulho, soberbo e altivez faziam dele o chefe que os empregados não respeitavam e sim temiam. Era a única que conseguia enfrentá-lo, abaixo do meu pai. Para ele não importava as consequências, para satisfação de um cliente valia tudo.
No fundo sabia que isso se dava pelo fato dele ser órfão. Meu tio Henrique morreu quando Luiz tinha dez anos de idade e sua mãe, tia Estefânia em seu parto. Após a morte do meu tio, até atingir a maior idade, ele morou com minha avó paterna Laura. Contendo sempre em mente enquanto crescia o desejo de mostrar seu valor à família. Mesmo com todo amor da minha avó, ele ainda sentia essa necessidade, essa carência de atenção. Querer se mostrar sempre o melhor. Com os anos, essa ideia o fez virar o patife, idiota, arrogante de hoje em dia e só bastou Fernando renunciar seu direito a cadeira do meu pai na empresa para ele abrir suas asinhas e se tornar meu rival em tudo.
No fundo, bem lá no fundo, quase chegando do outro lado, acredito que exista um Luiz legalzinho. Certa noite em que havia brigado com Leandro, o encontrei sentado no balcão da cozinha ao chegar em casa. Admito ele foi compreensivo e consegui conversar com ele civilizadamente sem trocar farpas. Acabamos ficando aquela noite — mas não quero entrar nesse assunto. O que quero dizer com tudo isso seria: até os caras mais idiotas do mundo, conseguem ser bacanas quando querem.
Por que está fazendo esse resumo sobre o Luiz, Andressa?
Pois bem!
Era sexta-feira, meia noite e quarenta e cinco minutos, Sofia estava deitada do meu lado, pois pediu aos pais dela para dormir aqui, devido ao fato que no dia seguinte ela iria me ajudar a comprar as coisas da festa de domingo. Depois das compras iríamos a uma reunião na igreja dela, pois o pastor dela quer me conhecer. Não lembrava se já o conhecia, mas estava apreensiva por isso. Sofia me disse que ele que impulsionou as orações pela minha vida. Pensei que meio que devia isso á ele, sendo assim eu iria.
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Palavras ✔
SpiritualLIVRO UM Tendo sua vida completamente ditada pelas palavras que definiam como ela deveria ser, Andressa Loughester seguiu rigorosamente o protocolo de fazer a vontade de sua família. Prestes a se formar na faculdade de Direito, a jovem divide seu te...