Capítulo 40

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Existe uma definição exata para o amor? Em minha opinião, eu acho que não. Procurei no dicionário e nenhuma de suas explicações me pareceu convincente. Talvez quem o escreveu nunca tenha de fato experimentado amar. O amor não esta ligado a afeições ou ao desejo sexual. Ele vai além. Vai além do que queremos, vai além do outro e de nossas convicções. Por onde passa ele transforma como um poder que não podemos ver. Maior que nós, que este mundo e até mesmo do que este universo.

Li em uma história uma vez que só o tempo é capaz de ajudar a entender o amor. Na época, eu pensava que o conhecia, mas infelizmente estava enganada.

Um poeta tenta descrever o amor, como o som de uma pétala caindo. Um músico tenta descrevê-lo durante a melodia de uma canção. Já eu, uma garota comum, entendo que quando o amor esteve no mundo, Ele foi profundo e puro demais para uma raça tão leiga e suja.

Incompreendido.

Renegado.

Assim como na história da minha infância, somente o tempo foi capaz de nos ajudar a compreendê-lo. Ele sofreu, acreditou, esperou e suportou. Talvez seja por isso que quem ousou defini-lo, certamente não tenha compreendido a intensidade que essa palavra possui.

Cheguei enfim a conclusão que posso nunca chegar a amar de verdade, pois quando me vi frente ao verdadeiro amor, percebi que o quanto oferecia não era nada comparado ao que Ele me dava.

Perguntei a Ele:

— Como posso me relacionar com o Senhor se o que tenho é tão pouco? Sendo que o quanto me dás, chega a me constranger.

E ele na sua simplicidade me respondeu:

— Eu não quero que me ame como eu te amo. Quero que me ame com tudo que tens. Eu sou infinito! Eu sou o amor! Acredite e tenha fé, para que o indefinido se mostre real.

Eu me sentia amada e aprendi a amar. Não precisava temer ao amor.

Foi então que aprendi os três diferentes tipos de amor que convivia diariamente, fora ao do Deus Pai. O primeiro era o amor familiar. Aquele que sentia por meus pais, meu irmão e parentes. Era um amor sem rancor. Não conseguia guardar magoa deles, eu os amava independente de tudo. Aprendi isso assim que aprendi a perdoar. Foi difícil, mas quem disse que amar é fácil?

O segundo amor é o relacionado à amizade. O amor que sentia por meus amigos era algo único. Uma dádiva de Deus. Cheguei a confundir com outro tipo amor de tão parecido que ambos são. Mas não quero adiantar os fatos, por isso vou lhes contar como um fim de semana conseguiu marcar pra sempre a minha vida.

Sofia. Meu pai. Eu pensei que havia acabado, mas Deus havia preparado aqueles três dias para mostrar que Ele continuava sendo um bom arquiteto. Porém como Ele é o todo poderoso, Ele não só planeja como ajuda a construir, decorar e ainda faz umas faxinas quando preciso.

Na minha vida, Ele havia acabado de construir, agora precisava decorar. Porém a decoração de certa forma fica a comando do dono da casa, o que significava que eu deveria escolher pessoas para meu convívio que aumentasse minha unção e não que despertasse minha carne. Pessoas que eu pudesse me espelhar.

Contudo existe um terceiro amor. Aquele que pra mim foi sempre o mais complicado. Nunca consegui entendê-lo direito, pois minha primeira experiência com ele foi um mero desastre. Devido a isto, passei a ignorá-lo e evitar compreende-lo.

Admito que estava machucada. Pessoas feridas, não esquecem rapidamente seus ferimentos, eles continuam lá durante um tempo, até cicatrizarem. E sempre que olhamos para aquela cicatriz vem a nossa memória o que a causou. Na minha memória, sempre aparecia um nome: Leandro.

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