20. Forgotten

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O churrasco perdurou por mais horas do que era esperado por mim. Eu imaginei que assim que o relógio batesse cinco da tarde todos se despediriam, eu iria pra casa e o clima estranho que havia se formado entre eu e Mark terminasse, mas não.

Eram oito da noite e meus pais não davam sinal de que iriam para casa tão cedo. Eu me encontrava no jardim da frente, sentada em um sofá de palha trançada com um estofado estampado de folhas. Meus olhos se fixavam no céu e minhas mãos corriam pelos cabelos platinados do garoto em meu colo.

— Você é realmente tailandês? - Perguntei ainda descrente da descendência de Bambam, ele riu da minha pergunta.

— Por que eu não seria? Ou melhor, por que eu mentiria pra você sobre isso? - Ele questionou e eu dei ombros rindo fraco.

— Fala alguma coisa pra mim. - Pedi e ele pensou por um momento.

Cor ber tho-ra-sap kong khun dai mai khrup? - Ele deixou essa série de sons saírem da sua boca e em seguida riu da expressão de estranheza presente em meu rosto.

— É o que?! - Exclamei e ele riu puxando seu celular do bolso traseiro e me estendendo o aparelho.

Posso ter seu número de telefone? - Ele traduziu e eu sorri revirando os olhos em divertimento.

Peguei o aparelho e digitei meu número, registrando-me como Jane Lewis 💛. Bambam pegou o celular de volta e checou o contato.

— Entendo, ainda não somos tão íntimos para um emoticon de coração vermelho... - Ele fingiu tristeza e eu ri de sua expressão.

— Vamos com calma, conheço você há uma semana. - Ele assentiu rindo fraco e guardando o celular no bolso.

A porta da frente foi aberta chamando nossa atenção. Duas figuras passaram por ela, uma delas era Mark e a outra Bettany. Parei com as carícias nos cabelos de Bambam e movi meus olhos para a cena de despedida entre o casal de namorados, que contava com um simples selinho, um breve abraço e um até mais.

Bettany entrou no conversível azul que estava estacionado enfrente à casa de Mark e acenou para o namorado uma última vez antes de sair da vaga e se distanciar da casa. Mark correu a mão pelos cabelos e se virou notando nossa presença no sofá da varanda.

Seus olhos alcançaram minha mão ainda entre os cabelos de Bambam, então desviou-os para a direção oposta limpando a garganta. Bambam rapidamente se levantou do meu colo e foi até Mark pondo a mão na maçaneta da porta a sua frente, o impedindo de entrar novamente na casa.

— Vocês têm alguns assuntos a resolver, vou deixá-los à sós. - Bambam olhou para o amigo e puxou a maçaneta. Entrou na casa e fechou a porta deixando Mark parado na mesma posição.

Ouvi o som da tranca ecoar pela varanda e o suspiro de Mark. Desviei meus olhos dele e trouxe meus joelhos até meu rosto abraçando minhas pernas, senti a presença de Mark se aproximar, até que ele sentou no sofá ao meu lado.

Não me atrevi à olhá-lo e nem ele à dizer algo. Ficamos assim por alguns minutos até que aquele silêncio ensurdecedor fosse quebrado por mim.

— Está melhor? - Perguntei ainda mantendo meu olhar fixo na rua, Mark virou o rosto pra mim e eu respirei fundo. — Sua ressaca, melhorou?

— Ah... sim. - Ele coçou a nuca deixando a cabeça deitar sobre o estofado. — Tomei um remédio.

— Que bom... - Falei tentando encontrar forças para questiona-lo sobre a noite passada. Era o momento certo, estávamos sozinhos e ninguém nos atrapalharia, mas eu tinha receio, receio de tocar num assunto que deveria ter sido esquecido. Entretanto, se eu não perguntasse, nunca saberia a resposta. — Você se lembra de alguma coisa da noite passada?

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora