21. The Reason

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O sol daquela manhã clara incomodava meus olhos, filetes de luz iluminavam meu rosto, quando abri meus olhos e chequei as horas. Eram cinco e meia da manhã, suspirei sabendo que não voltaria a dormir tão cedo.

Caminhei com passos lentos até a saída do meu quarto, desci até a cozinha e preparei um leite quente que pudesse aquecer  meu corpo. Peguei a caneca de gatinho onde o líquido estava e sorri para as minhas pantufas do mesmo animal.

Fui até a porta de casa e a abri com cuidado para não acordar meus pais com nenhum barulho. Me sentei sobre a namoradeira na varanda e cruzei minhas pernas fechando meu casaco sentindo um vento frio me incomodar.

Levei a borda da caneca até meus lábios e bebi o líquido com gosto doce de achocolatado, que esquentava meu corpo. Deixei minha cabeça recostar sobre o encosto e fechei os olhos me lembrando de ontem.

Eu estava tão cega, tão rendida aos meus sentimentos, que não acreditava que era eu. Aquela garota que chorou no meio da rua, não era Jane Lewis. Entretanto, quem eu podia culpar? Eu estava tão assustada, tão receosa sobre esse sentimentos desconhecidos  e repentinos em meu peito, eu precisava chorar para limpar meu coração e aquela angústia do meu estômago.

Se eu gostava de Mark? Eu tinha certeza. Houve uma razão para eu agir daquela forma, e mesmo não querendo admitir, mesmo sendo enganada pela minha mente, eu gostava de Mark. Talvez mais do que deveria.

Eu sabia que Mark Tuan era um caminho e sem volta e mesmo assim eu quis avançar. Eu desejava nunca te-lo conhecido, talvez dessa forma eu nunca teria descoberto o quão incrível ele é, e o quão lindo ele fica, mesmo entregue às lágrimas. Eu queria que ele continuasse sendo apenas o idiota que faz cestas, o idiota que eu nunca teria interesse em conversar.

Eu só queria poder continuar invisível como sempre fui... Dei um último gole na minha bebida e olhei para o horizonte onde sol nascia ao oeste. Entretanto, agora não tem mais volta.

A partir daquele momento eu sabia que teria de lidar com Mark da forma diferente, como se nosso histórico tivesse sido zerado e fossemos bons amigos. Os amigos que um dia eu acreditei que poderíamos chegar à ser. Apenas esquecer esses sentimentos e tratá-lo como seu amigo. Não se preocupe Jane Lewis... Você já fez isso antes.

— Sei que fiz isso antes, só espero que essa estória não tenha um final triste como da última vez... - Disse sentindo os raios de sol iluminarem meus olhos.

Me levantei da namoradeira e fiz meu caminho para dentro de casa. Quando fui deixar a caneca na cozinha, ouvi a voz da minha mãe chamar pelo meu nome. Ergui meu olhar e a encontrei descendo os degraus da escada.

Bom dia. - Ela falou e eu assenti dizendo o mesmo, fui na direção da escada, mas ela tocou meu ombro me impedindo de continuar. — Eu quero conversar com você, aproveitar que seu pai ainda está dormindo.

Eu não podia contestar, mesmo que quisesse desviar das perguntas que minha mãe faria ali e ir para o meu quarto, eu assenti me dirigindo até o sofá. Nós duas nos sentamos no mesmo sofá e ela olhou para meu rosto.

— O que aconteceu ontem na casa de Reynold, Jane? Você saiu sem dar explicações à ninguém, parecia que ia desabar em lágrimas à cada momento, o que te deixou assim? - Ela perguntou com preocupação presente em seus olhos.

— Nada, eu simplesmente queria ir embora. - Ela encarou meus olhos como se soubesse que eu estava mentindo e quisesse arrancar a verdade por trás deles.

— É algo relacionado à Mark? - Ela perguntou e eu forcei meu maxilar desviando meu olhar para o chão.

— Por que seria? - Frisei e ela suspirou como se já tivesse ouvido o mesmo discurso várias vezes. — O que você tem comigo e esse garoto juntos? Já disse que somos amigos e ele tem uma namorada.

— O que posso fazer se você me dá motivos para me preocupar com vocês dois? - Ela falou correndo a mão pelos curtos cabelos.

— Motivos? Você está louca, mãe, procure outras pessoas para criar um romance. - Eu falei e me levantei, farta daquela conversa.

— Sou louca o suficiente para ver minha filha e um rapaz se beijando no meu jardim em plenas três da manhã?! - Ela falou e eu congelei no mesmo instante.

Meus olhos se arregalaram e eu engoli seco xingando baixo. Não acredito que ela me viu com Mark naquela noite, eu sabia que havia algo de errado com ela.

— Então você viu... - Falei cerrando o cenho para o chão ainda sem me virar. — Viu o quanto eu fui idiota?!

— Não vou te julgar por nada, só espero que você se acerte com esse garoto antes que seja tarde demais.

— Minhas contas com ele já estão acertadas. - Falei abaixando minha cabeça e rumando até a escada.

Segui até meu quarto, onde me tranquei. Deitei em minha cama pegando meu celular e checando minhas mensagens, notei no ecrã que haviam seis mensagens não lidas de Bambam

Bambam: Por que você saiu daquela maneira?
Bambam: Janeeeeeeeee
Bambam: Yugyeom me disse que você parecia estar chorando
Bambam: O que aconteceu?
Bambam: Aaaaaaah o que o Mark fez?
Bambam: Eu vou quebrar aquele moleque ao meio!

Ri imaginando os dedos longos e finos de Bambam tocando no teclado desesperadamente enquanto erravam as letras. Suspirei e vi que eu precisava aclamar as preocupações do tailandês. Digitei uma mensagem dizendo que eu estava bem e que não havia acontecido nada demais, em seguida a enviei.

Por mais que Bambam fosse um garoto legal e eu sentisse que teríamos uma ótima amizade, não queria me abrir com ele naquele momento. Eu não gosto de me abrir com ninguém, nem mesmo meus pais, talvez seja por isso que eu acabo me engasgando com meus próprios sentimentos.

Sei que a dor compartilhada é metade da tristeza, e que é saudável para minha saúde mental e emocional que eu converse com alguém sobre meus sentimentos. Entretanto, eu preferia manter tudo para mim, conversar comigo mesmo e chegar á uma conclusão sozinha.

Sempre foi assim, sempre tive que dissertar o certo do errado e a razão da emoção sozinha, ainda mais quando se tratava de amor.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora