56. Nightmares Inside My House

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A verdade era, eu não sabia se tudo ficaria bem. Eu não podia assegurar que Mark passaria de ano, eu não sabia nem mesmo se era capaz de ajudá-lo, e aquilo me afligia, me deixava inquieta, me deixava preocupada. Merda, como eu odiava quando as coisas não estavam dentro do meu controle, e como eu temia o e se. E se ele não passar? E se ele for para Northville? E se eu falhar? Mark era importante para mim, eu não podia deixar aquilo acontecer. E se eu deixasse?

• • •

É lindo. A luz do sol transpassando pelas folhagens das arvores, iluminando meu rosto, diminuto um par de braços envolve meu corpo, e eu me sinto segura. Eu desfruto do calor do sol em minha pele se misturar ao calor daqueles braços, sorrio e fecho meus olhos por um instante.

Entretanto, o claro se torna escuro e eu não consigo abrir meus olhos, mas desço meu olhar e vejo um par de mãos manchadas de sangue envolvendo o cume de uma lâmina cravada em meu abdômen, fincada por trás de meu corpo. Sinto a dor e o desespero, os braços se desfazem, fracos, tornam-se pó avermelhado.

Um grito de dor ecoa, é uma voz feminina, mas não é a minha. Mentiroso, mentiroso, mentiroso, como teve coragem de fazer isso comigo?! ela grita em meio àquela escuridão. Sinto um toque sobre meu ombro e me viro, não vejo ninguém, à minha esquerda, uma risada familiar, viro-me para a fonte e encontro um relógio despedaçado, entretanto os ponteiros ainda seguiam contanto os segundos, minutos e horas, que passavam rapidamente. Nenhum segredo é eterno, ouço e logo o relógio para, se desfazendo em pó como os acolhedores braços que antes me envolviam. Meus olhos ainda lacrados, meu coração em desespero, sinto olhares cairem sob mim. E logo vozes ecoando vadia, desgraçada, adúltera, traiçoeira.

Não consigo responder, estou muda, cega, mas não surda. Uma bola de basquete de rola até meus pés, eu conseguia vê-la, mal a pego e de repente já vira pó escorrendo pelos meus dedos, dou alguns passos, ainda desorientada sinto uma mão tocar meu rosto, e logo ouço a doce-amarga voz dele ecoar, me perdoe, Jane. Meu coração arde.

— Não! - Meus olhos se abriram, e de repente eu estava em meu quarto, com a respiração descompassada, o coração acelerado e uma sensação de angústia em meu estômago. Foi só um pesadelo.

Toquei minha testa sentindo uma fina camada de suor misturar-se com duas lágrimas grossas que escorreram pela lateral das minhas têmporas. Sentei sobre o colchão ainda com aquela angustia revirando-se em meu estômago. Meu coração, por sua vez, se acalmava. Foi só um pesadelo. Eu repetia para mim mesma relembrando alguns flashes do que minha mente havia me feito ver.

Peguei meu celular e vi que eram duas da manhã, desbloqueei-o e procurei pelo contato de Mark. Hesitei, não queria acorda-lo, mas tinha a necessidade de falar com ele. Eu não queria incomoda-lo, mas aquele pesadelo o envolvia e eu sentia que aquela angústia não passaria se eu não falasse com ele, ao menos saber se estava tudo bem. É óbvio que está tudo bem com ele, Jane, deixe de ser boba. Minha mente tentava convencer meu coração aflito. Eu não sei, eu não sei...

Entretanto, antes de eu decidir se deveria ligar ou não, o celular vibra em minhas mãos, fazendo-me dar um pequeno salto na cama, de susto. Peguei o aparelho que havia caído no colchão e olhei o ecrã. Mark Tuan.

Mark?! - Eu disse rapidamente, minha respiração ainda levemente alterada.

— Jane... você estava acordada? - Ele perguntou e eu suspirei correndo a mão pelos meus cabelos.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora