4. Dyslexic Head

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Na manhã seguinte, fiz minha rotina  matinal, banho, uniforme, café da manhã e despedida dos meus pais. Coloquei os meus fones e decidi caminhar pois tinha mais tempo e eu estava no clima para ouvir mais musicas.

Me aproximei da entrada da escola, mas antes que eu pudesse tirar os fones e voltar à realidade, senti meu braço ser puxado por alguém. Arregalei os olhos e me virei me deparando com Victoria.

— Como você é capaz de fazer isso comigo? Me joga uma bomba daquelas e vai embora! - Ela pôs as mãos na cintura me encarando com aquelas orbes verdes.

— Está falando dos prints? - Me fiz de inocente sorrindo levemente.

— Os próprios! - Ela falou e eu suspirei dando meia volta e começando meu caminho até os armários, mas tendo Victoria na minha cola. — Você vai dar aulas particulares para ele e não está pirando?

Parei enfrente ao nosso armário e me virei para ela pegando em seus ombros e focalizando em seus olhos, fazendo-a calar a boca.

— Não, não estou, porque Mark Tuan é um ser humano normal como todos os outros, ele pode ter uma boa aparência e um comportamento de príncipe, mas pra mim ele é só o cara do basquete, ok? - Libertei seus ombros vendo a expressão de choque no rosto de Tori, me virei e abri o armário. — E você sabe muito bem que ele não é meu tipo ideal, Victoria.

Terminei de pegar meu material, bati o metal da porta do armário e suspirei vendo uma expressão parcialmente triste no rosto de Tori. Coloquei  uma mecha de seus cabelos lisos para trás da orelha e ergui seu queixo.

— Se você é tão apaixonada por ele, por que não envia uma mensagem? Ele é gentil, nunca te destrataria. - Toquei na ponta de seu nariz, fazendo-a rir fraco. — E sinceramente, você é muito mais bonita que aquela loirinha que ele namora, ok?

— Ah ah, por que você tem que ser assim, Jane? Agora estou me sentindo mal por ter ficado com ciúmes de você com o Mark! - Ela falou abaixando a cabeça e eu ri passando um braço por cima de seus ombros.

— Fique tranquila, eu nunca ficaria com ele sabendo da sua paixonite. - Recebi uma risada dela enquanto rumava para nossa sala de aula. — E além do mais, ele parece um dinossauro.

— Yah! Não parece nada! - Ela socou levemente meu braço fazendo pirraça e eu ri enquanto chegávamos na sala.

A primeira aula era história, umas das minhas favoritas, o professor parecia realmente gostar de mim. Diferente dos outros professores que me aprovavam pela minha inteligência e competência. O sr. Gregory era legal comigo.

O tópico da aula era sobre a Grécia, mais precisamente os Deuses gregos. O sr. Gregory explicava as raízes das lendas dos deuses enquanto escrevia algumas palavra em grego, cujas quais nosso idioma havia se originado, no quadro.

Olhei para o quadro, depois desviei meu olhar para Mark sentado na minha frente. Se ele estiver entendendo grego, saberemos que estamos na presença de um semi-deus. Ri com aquele pensamento, recebendo olhares de estranheza dos meus colegas de classe. Mark seria filho de Apolo com certeza.

Vocês podem se juntar em duplas para fazer os exercícios das páginas 67 e 68. - O professor disse e todos começaram a se levantar e caçar as suas duplas pela sala.

Puxei minha cadeira e me sentei ao lado de Victoria abrindo o livro na página pedida pelo professor. Mark se sentou ao lado de um de seus amigos, Youngjae se não me engano, e apoiou os cotovelos na mesa fazendo o mesmo processo que eu.

A dupla dos garotos estava próxima da minha com Victoria, eu sabia porque a menina secava Mark sem parar, me espanta o fato dele não ficar desidratado todas as aulas, porque os olhares de Victoria... só não percebe quem é cego.

— Você pode, por favor, parar de secá-lo e fazer o dever?

— Ai, não dá, ele fica adorável quando faz os exercícios.

Revirei os olhos e parei-os em Mark. É claro que ele ficava adorável, ele estava confuso! O texto da primeira questão era gigante, e óbvio que ele ficaria piscando os olhos e coçando a cabeça como se estivesse resolvendo uma questão de vestibular.

Tuan. - O chamei em baixo tom, mas ele pareceu não perceber. — Mark Tuan.

Falei um pouco mais alto e ele ergueu a cabeça procurando quem o chamava, até seus olhos me encontrarem e um pequeno sorriso florescer em seu rosto.

— Jane. - Seus olhinhos diminuíram por culpa do sorriso e eu pigarrei desviando meu olhar de seu rosto.

— É a B, a resposta da primeira é a B. - Falei baixo apontando para a questão em seu livro.

— Ah... obrigado. - Ele voltou sua atenção para o exercício chamando por Youngjae e informando-o da resposta.

— Ah, demorei três séculos para ler o texto do exercício e você dá a resposta para ele como se já tivesse gravado na sua cabeça! - Victoria grunhiu e marcou a resposta certa enquanto eu ria baixo.

Peguei o livro o folheei-o ate a ultima página onde tinha as respostas, busquei a da questão e apontei para a ela, chamando a atenção de Victoria.

— Se você fosse um pouquinho mais esperta... - Ri e ele xingou socando levemente meu braço.

Voltei o livro para a página do exercício e continuei a fazê-lo.

•     •     •

Finalmente era hora do intervalo, não aguentava mais ouvir a chata da sra. Jhonson falando sobre fotossíntese. Ciências era a matéria que eu menos gostava, plantas e animais eram irritantes de se aprender sobre, porém eu ainda sim me saía bem, porque eu nunca daria o gostinho da vitória à sra. Jhonson, que nunca foi com a minha cara.

Enquanto eu e Victoria saíamos da sala, ela me disse que tinha de ir à diretoria para resolver alguns problemas com sua matrícula, assenti e me despedi dela. Segui meu caminho sozinha até o pátio, abri meu pacote de biscoito e desviei de alguns alunos e seus grupos que ocupavam o pátio.

Cruzei a área de cimento e empurrei a porta do ginásio, entrei no local e fechei-a, me sentei na arquibancada e comecei a balançar as pernas enquanto comia mais um biscoito.

Após analisar o local, vi uma bola de basquete perdida perto da porta do almoxarifado. Procurei por mais bolas, mas não havia nenhuma, alguém a esqueceu aqui? Desci da arquibancada e cruzei a quadra me aproximando da bola de cores preto e cinza. Aquela bola de basquete não era do colégio pois, as cores das bolas do colégio são as clássicas.

Me agachei pegando-a. A analisei e quiquei-a no chão uma vez, suspirei procurando na bola alguma sinal do dono dela. Até que encontrei, em uma das faixas cinzas um nome escrito em letras pequenas e tão tortas que eu tive dificuldades em entender. Ma... Mar... Mark! Mark Tuan.

Ai, eu não acredito. Revirei os olhos, eu teria de entregar a bola pra ele, afinal, o que eu faria com uma bola de basquete? Ah, desgraça... Bom, eu posso simplesmente deixa-la aqui e esperar que aquela cabecinha disléxica lembre-se onde deixou sua bola e venha pega-la.

Encarei o objeto em minhas mãos e o nome grafado em uma escrita pobre, digna de um aluno do terceiro ano... do ensino fundamental. Suspirei grunhindo de raiva. Por que eu sou tão boa assim?

Coloquei a bola sobre meu braço esquerdo e rumei para fora do ginásio. Encarei o pátio como a selva que era, então respirei fundo e comecei a atravessa-la...

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora