52. We All Desire Something

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M A R K

Eu e Jane estávamos sentados na namoradeira do lado de fora da casa, sob o telhado da varanda. Ela com  um copo de chocolate quente nas  mãos e o olhar fixo no horizonte, os joelhos recostados sobre o braço do móvel, enquanto as pernas se mantinham encolhidas pelo pouco espaço. Eu me encontrava ao seu lado, com uma das mãos repousadas sobre sua coxa direita, e a outra descansando sobre o móvel.

— Você acha que vamos nos conseguir nos esconder para sempre? - Ela questionou de repente, me tirando de meus pensamentos turvos e nebulosos. — Jaebum me disse-

— E você ligou para o que ele disse? - Rebati com outra pergunta e ela suspirou encolhendo-se no estofado.

— Ele pode estar sendo um idiota no momento em relação às situações que estão acontecendo, mas ele tem razão, Mark.

— Não, não tem, quem é ele para julgar-nos? Ele gosta de Bettany, e pelo visto, bastante, não tem o direito de falar de nós. - Quase cuspi as palavras e ela recostou a cabeça sobre o estofado vertical. Cerrei o cenho fitando seu rosto, então continuei. — Por que está falando disso, huh? Ele te ameaçou? Ameaçou contar sobre nós dois à Bettany?

Eu senti as mãos dela envolverem meu rosto e logo meu sistema em alerta foi aclamado, minhas sobrancelhas relaxadas, assim como meus pulsos já contraídos. Logo, seu par de olhos intensos me olhando, seu polegar direito acariciando minha pele, enquanto seus lábios sussurravam-me acalme-se.

— Está tudo bem, Mark. - Ela assegurou e eu a olhei com certo desespero no fundo das minhas orbes, ela aparentemente viu, e me floresceu um sorriso, tentando acalmar-me.

Não estava tudo bem, e nunca estaria enquanto nós fossemos um segredo. O que eu podia fazer? Eu tinha tanto medo de perdê-la, medo dela se afastar de mim por culpa daquelas ameaças que Jaebum fazia... Eu não conseguiria negar, eu não conseguiria mentir caso a verdade viesse às claras, eu tenho medo dele revelar-nos, porque assim como eu me sinto em relação à Jane, ele se sente em relação à Bettany.

Confie em mim, eu vou proteger nosso segredo. - Eu disse involuntariamente pegando Jane de surpresa e a fazendo sorrir aberto e abaixar o olhar por um instante. — Não deixe o medo te impedir de continuar comigo.

— Não irei, Tuan. - Ela respondeu rindo fraco e eu senti um sorriso se formar em meus lábios.

Os olhos esperançosos e crentes dela me fitavam tímidos, seu indicador acariciando minha bochecha enquanto seus lábios hesitavam em dizer algo à mim. Haviam palavras em minha garganta, engasgadas ali, implorando para sair, foi quando eu soltei as correntes do medo e deixei-as escapar inevitavelmente.

Eu te amo.

Jane se manteve estática por alguns segundos processando aquela frase tão forte e significativa. Engoli seco receando que fosse cedo demais para me confessar daquela maneira à Jane, até que eu ouvi sua risada gostosa e divertida, que naquele momento parecia nervosa e envergonhada.

— E-Eu também te-

— Mark, Jane. - Uma voz vinda da porta cortou a frase de Jane pela metade, fazendo nossas cabeças se virarem à fonte, era Jinyoung recostado no batente da porta, com uma expressão de sono proeminente no rosto e um conjunto de pijamas de vovô cobrindo seu corpo. — Venham, o café está na mesa.

• • •

O dia estava nublado, mas não chovia, alguns dos garotos já preparavam suas coisas para ir embora, enquanto eu me mantinha avoado, perdido em meus pensamentos. Quando encontro um enigma ou qualquer outro tipo de problema que necessite de uma resolução, eu não consigo me focar em outras coisas, a não ser nele, é um dos efeitos da minha não-tão-considerada doença, dislexia. Ah, a maldita, se eu pudesse mudar algo em mim, seria não ter essa doença, e é claro, meus dentes, eu não via nada de errado neles, até Jane falar que eles parecem dentinhos de dinossauro, isso me fez reavalia-los. Jane Lewis é uma caixinha de surpresas, deveras..

— Mark? Está me ouvindo? - A voz de Jackson tirou-me dos meus pensamentos, me fazendo virar-me na direção dele. Ele estava encostado no batente da porta e eu sentado na borda da cama. — Estou te chamando há horas.

— Ah, desculpe, o que foi? - Perguntei passando a mão pelo meu torço e apoiando meus cotovelos sobre minhas pernas.

— Ya, você parece tão distraído esses dias, o que aconteceu? - Jackson perguntou fazendo seu caminho até mim e sentado na borda do colchão, ao meu lado.

— Não é nada. - Suspirei correndo a mão pelos cabelos. — Só... muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, não sei se tenho cabeça para isso.

— Com coisas você quer dizer...? - Ele deixou o espaço para que eu completasse.

— Minha casa. - Menti bagunçando meus fios. — Recebi algumas ligações do meu pai durante a viagem, minha madrasta está furiosa comigo. Ela recebeu um e-mail do colégio, falando sobre minhas péssimas notas...

— Ah, eu sei como é, fiquei sem meu querido XBOX semana passada, por culpa da minha nota no teste de química. - Jackson lamentou e eu deixei uma risada escapar pelo modo que ele falou. — Mas veja pelo lado bom, Jane está te ajudando nos estudos e eu tenho certeza que você vai melhorar suas notas.

— Ah yea, ela está... - Eu ri fraco lembrando do motivo de termos nos envolvido, minhas notas terríveis. Então, ergui meus olhos vendo o corpo da garota sentada no sofá rindo ao lado de Lia e Lin, um sorriso floresceu em meu rosto.

— Ela é realmente atraente, não acha? - Jackson comentou olhando para ela.

— Sem dúvidas. - Eu disse fraco, quase num sussurro, pela fraqueza que aquela menina me fazia ter.

Jane era hipnotizante, sua risada era gostosa, um dos sons mais bonitos de se ouvir, tão bom quanto a batida da minha música favorita. Seu corpo, aquela obra de arte, eu ansiava tanto por colocar minhas mãos nele, isso soa tão cafajeste, eu sei, mas é a verdade, eu desejava, nos meus piores sonhos, me apossar daquele quadril e desfrutar daqueles lábios. Se ela desejava o mesmo? Eu tinha minhas desconfianças. E sua personalidade, a parte que eu mais amo nela, seu jeito de ser, sua independência, maturidade... Se eu pudesse, ficaria o dia inteiro falando só da personalidade excêntrica que ela possuía. Mas, eu não posso, porque ela não é minha, ao menos, não fora de quatro paredes.

— Os garotos disseram que ficariam com ela, e você, Mark? - Jackson perguntou e eu virei meu rosto na sua direção levemente.

— Ela é minha amiga, e eu tenho uma namorada. - Reforcei e Jackson suspirou.

— Eu sei, eu sei, mas isso não te impede de ter desejos. - Jackson provocou, deixando um sorriso ladino aparecer em seus lábios. — Nós todos desejamos algo, alguns têm a sorte de tê-los, outros, como nós... apenas observam.

Eu voltei meus olhos à figura de Jane, no sofá, enquanto as palavras de Jackson ecoavam repetidamente pela minha cabeça. Já foi tempo em que eu apenas era um observador.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora