15. Stupid Cupid

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Naquela tarde eu me tranquei meu quarto com meus pensamentos que passavam como raios pela minha mente. Meu coração desesperado por uma resposta, e a emoção implorando para que a razão lhe desse logo uma ordem antes que ela assumisse o controle. E eu não podia deixar aquilo acontecer de maneira alguma.

Eu me deitei na cama assim que o sol se pôs, pus minha cabeça sobre o travesseiro tentando esquecer o ocorrido e dormir em paz. Entretanto, os olhos intensos de Mark, o perfume que seu pescoço exalava, seu toque em minha nuca, sua voz me questionando você não quer que eu te beije aqui até tirar o seu fôlego? eu não conseguia esquecer, eu simplesmente não conseguia apagar da minha mente, ou melhor, do meu coração.

• • •

Era de manhã quando meu despertador me acordou no horário certo. Fiz minha rotina matinal e desci as escadas já vestida devidamente com o uniforme, me sentei na mesa ao lado da minha mãe e ela me serviu uma porção de panquecas. Sorri fraco iluminando o meu rosto não muito bom naquele dia.

Tivemos uma breve conversa, ela questionou minha cara não muito boa e  eu menti dizendo que havia ficado até tarde conversando com Victoria. Falei que estava dando aulas particulares à Mark, filho de seu amigo do trabalho, e, surpreendentemente, meu pai não contestou, apenas assentiu e disse que ele parecia ser um bom garoto.

Me despedi dos meus pais recebendo um pacotinho com o lanche que minha mãe havia preparado. Agradeci e saí de casa  montando na minha bicicleta. Pedalei numa velocidade média ouvindo uma música que pudesse acalmar meus pensamentos.

Deixei minha bicicleta no bicicletário e segui caminhando para dentro do prédio escolar. Subi um andar e encontrei o corredor dos armários, logo avistei Victoria mexendo em nosso armário e sorri apressando meu passo até ela.

— Oi, sumida. - Falei e ela se virou abrindo um sorriso ao me ver, então me abraçou rindo fraco. — Está melhor?

— Sim, foi só uma virose boba, mas estou melhor agora. - Ela disse dando-me espaço para pegar meus materiais no armário. — Entao, me conta, como estão indo as aulas com Mark? Eu perdi algo importante?

Muita coisa. Limpei minha garganta fechando meu armário e colocando a mochila em minhas costas novamente.

— Não, nada de muito destaque. - Dei de ombros.

Eu e Victoria começamos a fazer nosso caminho até a sala de aula. Sentamos em nossas respectivas carteiras e esperamos até que o resto dos alunos se acomodasse e o professor chegasse dando início à aula.

— Meu Deus! - Victoria exclamou tirando minha atenção do celular em minhas mãos, fazendo meu olhar se erguer para onde seus olhos arregalados fixavam. — O que aconteceu com ele?!

Victoria cobriu a boca vendo Mark e seus ferimentos no rosto cruzarem a sala. Os olhos dele me encontraram e eu abaixei o olhar apertando a borda da mesa. Como eu vou falar com ele depois do que aconteceu? Balancei a cabeça negativamente e fui tirada das minhas preocupações pelo toque de Victoria sobre meu ombro.

— Você sabe de alguma coisa, Jane? - Ela perguntou preocupada enquanto eu me virava.

Suspirei e neguei com a cabeça voltando à minha posição original e vendo o professor chegar na sala de aula. Assim que todos se assentaram, ele deu início à aula.

•      •      •

Era hora do intervalo, o sinal tocou e Victoria se levantou junto de todos os alunos, disse que precisava se apressar para pegar um dos muffins ainda quentinhos. Ri e assenti dizendo para encontrar-me enfrente ao nosso armário. Ela fez que sim com a cabeça e correu até a saída da sala.

Movi meus olhos e vi que Mark continuava sentado em sua carteira, suspirei desviando meus olhos do garoto. Ajeitei meu uniforme e me levantei pegando minha carteira em minha mochila.

— Jane. - Ele me chamou, apertei o objeto em minhas mãos e me virei já estando meio caminho andado até a porta. — Espera, eu quero falar com você.

— Não posso, eu... eu tenho que pegar um bom lugar na fil-

Por favor. - Ele se levantou vindo até mim, dei um passo à trás e ele tocou em meu pulso. — Me desculpe por ontem.

Me afastei desvinculando meu pulso de seu toque e recebendo um olhar triste. Mark correu as mãos pelos cabelos e fechou os olhos erguendo o queixo, tentando buscar palavras para dizer o que queria.

— Não é à mim que você deve desculpas. - Falei cerrando o cenho e ele respirou fundo. — Você vai contar à Bettany? Vai ser homem o suficiente para dizer à ela o que você queria fazer comigo?

— Nós brigamos, se eu contar só vai piorar nossa situação. - Ele xingou baixo abaixando o olhar para o chão, e em seguida erguendo-o de volta para o meu rosto. — Jane... - Cerrei o cenho balançando a cabeça negativamente em sinal de repreensão.

— Eu pensei que você era diferente deles, pensei que não era mais um idiota que fazia cestas, Mark. - Caminhei até a porta apertando minha carteira am mãos. Me virei e vi a expressão desolada de Mark encarando-me. — Mas parece que eu estava enganada.

Saí da sala caminhando rápido pelos corredores. Minha cabeça estava atordoada, o olhar decepcionado de Mark não escapava da  minha mente e eu sentia uma enorme angústia se formar em minha garganta. Eu sabia, eu devia esperar por aquilo, por que estou tão decepcionada? Eu tinha certeza que ele não era perfeito.

Perdida em meus pensamentos, eu acabei por esbarrar em uma pessoa, dei um passo atrás e ergui meu olhar após a batida. Era uma menina, cabelos louros ondulados e olhos claros. Bettany.

Oh, me desculpe, eu não estava prestando atenção. - Ela sorriu pra mim e eu pisquei rápido tentando entender o que ela estava fazendo aqui.

— Ah, me perdoe, a culpa é minha, eu ando muito distraída. - Por culpa do seu maldito namorado, aquiete o seu garoto antes que eu mesma o faça. Sorri para ela.

— Você estuda aqui, certo? - Assenti. Claro que sim, não dá pra ver pelo uniforme? — Poderia me dizer onde é a sala 3A?

— É no final do corredor, a primeira à esquerda. - Informei e ela abriu um sorriso agradecendo à informação.

Bettany então, se virou seguindo o caminho dito por mim. Suspirei e continuei minha rota até a cafeteria. Assim que cheguei no meio da escada que dava acesso ao pátio, tateei  meu bolso a procura do meu celular. Senti a ausência dele e revirei os olhos xingando baixo a conspiração que o mundo andava realizando contra mim naqueles dias.

Me virei e fiz meu caminho de volta até a sala, me aproximei da porta que se encontrava fechada e toquei na maçaneta. No entanto, antes de gira-lá e abrir a porta, ouvi vozes vindo de dentro da sala.

Eu te amo, Mark.

— Eu... Eu também te amo.

Me pus na ponta dos pés e olhei pelo vidro da janelinha na porta. Bettany envolveu os braços ao redor do corpo de Mark e o garoto enterrou o rosto no pescoço da namorada deixando-lhe um beijo  no pescoço. Oh...

Desci da minha posição e recostei minhas costas na parede ao atrás de mim, deixei minha cabeça cair para trás fechando os olhos com força. Não, por favor, ele não.

Estúpido cupido.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora