26. Angles

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Lá estávamos nós. Sentados no centro da quadra de basquete ao lado da minha residência. Mark mantinha as pernas cruzadas e o olhar fixo ao céu, eu mantinha meus joelhos sob meu queixo, meus braços envoltos às minhas pernas e meu olhar fixo à Mark, admirando-o.

— Aquela mulher que eu vi em sua casa no dia do churrasco, era sua madrasta, não era? - Eu perguntei e ele assentiu descendo os olhos até mim. — Ah sim, eu desconfiava, você não parece nem um pouco com ela.

— Deus me livre parecer um pouco com aquela mulher. - Ele disse em um tom de intenso desgosto. Estranhei e cerrei o cenho, cruzando minhas pernas. — Se um dia eu me tornar parecido com ela, peço que se afaste de mim.

— Hey, não fale desse modo, é sua madrasta. - Disse sentindo claramente a aversão naquelas palavras que ele dizia.

— Se você a conhecesse do jeito que eu conheço, garanto que não diria isso. - Ele grunhiu tornando sua expressão séria. — Ela não é a pessoa que você conheceu quando visitou minha casa com seus pais.

— Não acredito que ela tenha te feito tanto mal para você pensar nela dessa forma. - Falei firme e ele riu incrédulo, correndo uma das mãos pelos cabelos.

— Esqueça, só eu sei o que eu passo com aquela mulher na minha  casa. - Ele falou, forçou o maxilar ao terminar a frase e eu percebi o castanho de seus olhos se intensificarem. — Eu não gosto de falar sobre ela.

— Mark, o que ela-

— Eu disse que não gosto de falar sobre ela! - Ele exclamou com ódio explícito em suas palavras, fazendo meu coração acelerar e meu corpo se arrepiar de susto. — Que droga, Jane.

— Tudo bem... - Falei simplista e abaixei meu olhar para o chão de cimento criando círculos imaginários com meu dedo indicador direito.

— Me perdoe. - Mark disse capturando minha atenção outra vez, ergui meu olhar ele pegou na minha mão direita erguendo-a e entrelaçando seus dedos nos meus. — Nossas conversas são tão  boas, eu não quero estraga-las falando daquela mulher.

— Eu entendo, Mark, não precisa se desculpar. - Falei expressando um sorriso fraco, tentando assegura-lo de que estava tudo bem se ele não quisesse falar sobre ela. Então dei ombros rindo nasalado. — Não é da minha conta, de toda forma.

— Mas, isso te preocupou, não foi? - Ele perguntou e eu assenti fraco, então ele sorriu fechado levando minha  mão até seus lábios e deixando-lhe um beijo nas costas. — Só saiba que aquelas lágrimas que você secou aqui há uns dias atrás, foram culpa dela.

Então, naquele dia, em que eu o encontrei em lágrimas aqui, a razão delas era sua madrasta? Fitei os olhos de Mark, que haviam adquirido de volta sua coloração castanha amendoada normal e tentei olhar através dele, tentei descobrir o que aquela mulher, que ele julga ser tão má, fizera à ele. Entretanto, a única coisa que consegui foi me perder ali e sofrer pelo feitiço que se voltou contra o feiticeiro.

— Não pense sobre isso, eu estou bem, não se preocupe, ok? - Mark assegurou, como se lesse meus pensamentos, e usou a mão livre para por uma das mechas de meu cabelo para trás da minha orelha. — Jura que não vai se preocupar, jura de mindinho.

Ele levou o mindinho até os lábios e deixou ali um singelo beijo, ri fraco e revirei os olhos fazendo o mesmo. Ergui meu mindinho e ele o envolveu com o dele. Mark sorriu e começou:

Eu, Jane Lewis, juro de mindinho não me preocupar com Mark Tuan. Repita comigo.

— Eu, Jane Lewis, juro de mindinho não me preocupar com Mark Tuan. - Repeti em uníssono à voz de Mark e ele desvinculou nossos mindinhos e toques. — Você leva isso à sério?

— Claro que sim! - Ele exclamou com falsa indignação.

— Você é um bebê mesmo. - Ri fraco.

Olhamos um para o rosto do outro nos desandamos à rir.

— Talvez seja a hora de você começar a me chamar de babe. - Ele falou e eu o empurrei para trá afim de fazê-lo cair de costas no chão.

Entretanto, Mark enlaçou ambos meus pulsos no mesmo instante, fazendo-me cair sobre seu corpo e entre suas pernas. A única coisa que que salvara fora minhas próprias mãos que me serviram de apoio e impediram que minha queda fosse completa.

Nós dois estávamos arfando pelo ato inesperado, as mãos de Mark paradas sobre o cimento e as minhas no chão, acima de seus ombros. Engoli seco e ele subiu o olhar pela extensão do meu corpo. Comentando:

Você... fica mais bonita vista desse ângulo.

O que?! Um arrepio desceu pela minha coluna.

Mark, Jane? - Ouvimos a voz da minha mãe e arregalamos nossos olhos, logo nos afastamos, levantando-nos do chão tão rápido quanto tiramos a poeira de nossas roupas. — Ah, vocês estão aí. - Nos viramos para fonte da voz e vimos minha mãe na calçada. — Venham o jantar está pronto.

Eu e Mark nos entreolhamos rápido. Voltamos nossa atenção para minha mãe assentimos seguindo-a de volta para adentro da minha casa. Assim que entramos, vimos meu pai sentado à mesa, nos juntamos à ele enquanto minha mãe servia o jantar. Oito hambúrgueres caseiros e uma jarra de suco de uva, era tudo o que eu precisava naquele momento.

Me sentei na mesa ao lado de Mark e peguei um hambúrguer, fiz sinal para ele fazer o mesmo, então o fez. Durante a refeição, meu pai perguntou sobre o pai de Mark e como as coisas estavam indo, minha mãe não tocou no assunto comigo, mas também não puxou assunto, então permaneci em silêncio apenas respondendo perguntas direcionadas à mim. A conversa se estendeu até que todos os hambúrgueres estivessem acabado.

— Espero que Susan não fique chateada comigo e que deixe você voltar mais vezes. - Minha mãe disse se referindo à madrasta de Mark. — Diga à ela que foi um prazer ter você jantando conosco aqui em casa, Mark.

O garoto sorriu ajeitando a mochila nas costas e agradecendo à gentileza dos meus pais. Recebeu um abraço da minha mãe e um aperto de mão sincero do meu pai antes que eu o levasse até a calçada enfrente à minha casa.

— Você vai ficar bem? - Perguntei ajeitando sua franja recentemente bagunçada pela mão do meu pai.

— O que nós conversamos sobre você se preocupar comigo? - Ele perguntou sorrindo e eu suspirei admitindo meu erro.

— Força do hábito. - Dei de ombros e ele estalou um beijo no ar enviando-o à mim. Ergui minha mão e dei um peteleco no ar lançando o beijo para longe. Mark fingiu uma expressão triste e eu dei um passo para trás ajeitando meu cabelo. — Me mande uma mensagem avisando-me quando chegar em casa.

Ele assentiu e se virou caminhando pela rua até que meus olhos não pudessem mais o acompanhar. Rapidamente me pus na ponta dos pés e capturei o beijo que se encontrava rejeitado flutuando pelo ar. Puxei-o até meu peito e ali o prendi.

The Attraction Of Imperfection 》 Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora