Independência.

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"A mente comanda toda a nossa vida. Os pensamentos que transmitimos irão criar frequências que lançadas para o universo, trazem uma resposta controlável. Controla os teus pensamentos e controlaras a tua vida."

Anne Pov

Sentia-me pequena no meio de todo aquele espectáculo. Diziam-me que estava doente, eu doente. Com certeza acham que sou alguma maluca com mania pela estética mas não sou. Não estou doente e não vou fazer o que eles querem.

Enquanto bebo calmamente uma água que me foi entregue no bar, observo o ambiente a meu redor e só quero ir para casa. Todas estas pessoas infelizes e com tempo limite de vida estão a deixar-me deprimida.

Por isso levanto-me e caminho até ao quarto parando a escassos milímetros da porta ao ouvir o meu nome.

- Eu não vou a faculdade esta semana, quero ficar com ela.- Troy diz de um modo muito agitado. Mordo o lábio com o pensamento de que posso estar a perturbar a sua vida, algo que ainda não me tinha ocorrido.

-Tu tens de ir. Nós vamos todos estar com ela, dependendo dos horários. Também é importante que ela volte a faculdade o mais rapidamente possível.- Mary contra-argumenta e eu não estou a perceber esta conversa, não estou doente, não preciso deste tipo de tratamento especial.

- Perdes-te o juízo? - grita Tony e eu viro-me com lágrimas nos olhos sem saber o porquê. Eu adoro-os e não quero de modo nenhum magoa-los. Mas parece que quanto mais tento fugir da dor que tenho de modo a não a refletir para eles, mais esta se reflete sem que eu possa fazer nada para o impedir.

Corro pelos corredores do hospital até que algum corpo meio distraído embate no meu corpo apressado causando um estrondo que resulta em dois passos atrás e um abanar da cabeça.

-Anne ?- uma voz doce e familiar chama. Peter encontra-se mesmo à minha frente e eu mordo o lábios num gesto involuntário e olho para o chão e o padrão de quadrados perfeitamente delineados que forma. - Estás bem ?

Quero irritar-me e gritar-lhe que estou longe de estar bem mas pela primeira vez alguém está a fazer esta pergunta genuinamente, dando-me opção de resposta em vez de presumirem que estou mal. Isso faz-me sentir de algum modo, com credibilidade que me tinha sido retirada.

- Estou... bem? - digo um tanto confusa.- Podemos sair daqui? Ir dar uma volta, só os dois por favor ?- Eu não queria muita gente à minha volta e de certo modo sentia que Peter iria respeitar o meu silêncio e os meus momentos irritadiços pois é o que ele sempre fez connosco.
De algum modo Troy é que surge como uma figura paternal que nos ajuda a endireitar o nosso caminho sempre que é necessário. E neste momento eu preciso de uma indicação ou sinto que posso perder-me de vez. Mas Troy significa demasiado para mim pra o magoar com os meus pensamentos.- Podemos sair daqui?

- Claro que sim...- ele diz docilmente , e faz sinal para que siga em direcção a porta, seguindo os meus passos e caminhando em direcção ao carro.

Mary Pov

Ao ver que os ânimos se exaltavam, puxei Troy para um abraço e senti o seu corpo rígido a ir suavizando com o meu toque.
Só quero o bem da pequena Anne assim como ele, e toda esta situação é demasiado inesperada para sabermos como lidar com ela.

- Vai ficar tudo bem.- garanto, juntando as mãos nas suas costas e sentindo o seu corpo a tremer um pouco.

- Não a posso perder.- o meu coração afunda com esta confissão e pondero por momentos se me sinto assim em relação a Chad.
Eu sei que gosto da sua presença e que ainda nos estamos a conhecer e sei que já sinto algo mas não sei se esta vontade urgente que Troy sente por Anne é de algum modo parecida com a vontade que eu tenho de estar com Chad.
Todavia , ele faz-me sentir bem e mesmo com o mal entendido que sucedeu entre nós, parece que estamos a criar uma base na nossa relação sólida o suficiente para aguentar as minhas inseguranças e os pequenos conflitos que vão surgindo.

- Vamos ajudá-la.- garanto, e separamo-nos para procurar pela rapariga de cabelos claros.

Após uns dez minutos de confusão na nossa mente, e de revistar quase todos os quartos daquele lugar, recebo uma mensagem de Peter a pedir-me que não me preocupe e que daqui a umas horas estarão os dois de volta a casa.
Não sei avaliar a expressão que Troy fez ao perceber que Anne se encontrava com ele e não com o mesmo mas isso agora terá de ficar para segundo plano ao que recebo uma chamada de Megan e o meu coração acelera com a possibilidade de más notícias.

- Hey Mary. Estou na faculdade com a Susan e vou acabar o meu trabalho na biblioteca. Acreditas que a obrigaram a fazer um turno extra?! Se-ca. Depois vamos juntas para casa está bem?

- Está -

- Okay Mary, beijinho, adoro-te!- e com isto desliga o telemóvel.

Bom, de algum modo isto tranquiliza-me. Quanto menos pessoas estiverem em casa na hora de chegada de Anne, melhor.

O caminho foi calmo e diversos assuntos sobre nada em particular foram lançados para o ar. Parecia que estávamos a tentar preencher o silêncio com conversas desnecessárias pois este apenas nos lembraria o vazio que estávamos a sentir. O vazio de saber que as coisas vão ser dolorosas daqui para a frente.

- Rádio ?- este pergunta e eu aceno afirmativamente enquanto Linkin Park soa pelos altifalantes do carro.

Chegamos a casa e saímos do carro em direcção a porta. Cada um entra no seu respectivo quarto mas passado segundos oiço uma mão na porta do meu quarto e autorizo um Troy desesperado a entrar e abraçar-me com força, vendo Mike no corredor sem saber o que fazer e coçando a cabeça num gesto frustado.

Penso que talvez, uma noite fora seja tudo o que precisamos para descontrair.
Talvez esteja na altura disso.

Identidade Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora