" Basta uma mentira para que todas as verdades passem a dúvidas"
- Não sabes... apenas tens de confiar em mim. Como eu confio em ti. E acreditar que nunca seria capaz de te fazer isso.- este diz e eu sinto o meu estômago a contorcer-se, estou cada vez mais mal-disposta. Porque é que parece sempre que estou à beira de um ataque de nervos mas nunca chego lá definitivamente?
Digito uma mensagem rápida a pedir que Peter me venha buscar, amaldiçoando os meus dedos por tremerem tanto no meio das teclas como se fosse assim tão difícil escrever aquelas palavras. Não posso acreditar quando percebo que na realidade, eu apenas tenho medo que ele esteja a dizer a verdade.
Habituei-me tanto tempo a que tudo à minha volta fosse um intervalo contínuo e inconstante de desmoronamentos que uma simples verdade, parece mentira.
Olho para cima e vejo a imagem de um rapaz esgotado. O meu reflexo nos seus olhos deve ser de uma rapariga apavorada também. Tento sorrir mas não sou capaz.
- Sabes que te amo certo?- e sinto o meu coração a partir-se aos mil bocados.
Levanto-me e saio. Oiço o meu nome a ser chamado. Ignoro. Continuo a andar, passo a passadeira sem olhar. Sinto-me total e completamente descontrolada. Mas continuo aqui e a tentar lidar com isto.
Vejo um carro a passar e estacionar num lugar livre mais à frente. Saí um rapaz apressado do mesmo. Ele anda na minha direcção e envolve os seus braços à volta dos meus ombros. Quando percebo está a conduzir-me de volta para o carro e eu nem me apercebo do que se passa em seguida.Baixo-me para entrar no mesmo e sento-me com as mãos entre as pernas. Sinto-as a começarem a tremer e doí-me o peito e a barriga posteriormente. Acho que me veio a menstruação e talvez seja também por isso que estou tão sentimental. Talvez.
Tenho a cabeça à roda com tantas perguntas e não quero responder porque isso apenas tornaria tudo mais real. Talvez o melhor seja ficar pelas incognitas de não saber o que realmente significo para ele.
Eu também não o amo. Eu pensava que sim mas existe uma forte possibilidade de apenas estar a criar carência. Eu sempre me apeguei depressa demais e isso explica grande parte da desilusão e vazio que sinto dentro de mim todos os dias. E provavelmente é por isso mesmo que as pessoas nunca ficam tempo suficiente. Porque afinal de contas é mais difícil lidar comigo, do que lidar com o resto do mundo, parece-me.
- Devias falar sobre isso...- Peter diz mas o seu olhar parece distante, acho que quis quebrar o silêncio, consciencializar-se a si próprio que está aqui para mim.
- Unh unh...- digo, não certa de todo. Eu sei que ele também está a sofrer. Quero falar com ele, ajudá-lo mas parece que o meu raciocínio não está a funcionar perfeitamente. Apenas o iria confundir e não teria nenhum conselho suficientemente bom para lhe dar.
- Queres que te deixe em casa?- pergunta-me e eu nego. O último local onde preciso de estar são 4 paredes fechadas que me façam sentir que vou enlouquecer a qualquer instante.
Peter estaciona mesmo à frente de um parque, parque este que está praticamente vazio. Ambos saímos do carro sem saber muito bem para onde ir. Caminhamos até um banco e vejo-o sentar-se de pernas cruzadas. O seu cabelo está maior, bem maior do que quando veio para a faculdade. Sei que quer fazer tranças quando estiver com o tamanho adequado e pergunto-me como ficará.
Todavia, ele parece-me nervoso também. Como se existisse alguma coisa mais por dentro de todo aquele disfarce.
Peter Pov
Ela senta-se a meu lado e por momentos nenhum de nós diz nada. Parece que as palavras se iriam perder no meio de tantos pensamentos. Mary não é a mesma rapariga que entrou assustada na faculdade, tal como eu sinto que não sou o mesmo rapaz que trabalhava no Starbucks.
Talvez por falta de tempo, por me ter perdido. Talvez tudo isso tenha contribuído para o meu crescimento.
- O que ele te disse?- preciso que ele lhe tenha contado a verdade para eu contar o que Troy, Mike e eu próprio temos feito nestes dias que ela esteve fora.
- Que foi tudo um esquema. Que foram outras pessoas que fizeram com que tudo parecesse real.- ela parece ter dificuldade em acreditar no rapaz com quem namorava. Parece que prefere acreditar que voltou a ser magoada do que aceitar o que lhe espera. - Eu não sei em que acreditar...
- Sabes pois.- contra-argumentei. Tenho de lhe contar, mesmo que corra o risco de ela me odiar. - Ele está a dizer a verdade.
- Como?
- Ele não te está a mentir Mary. Foi tudo bem planeado. No baile, eu vi-os a conversarem muito próximos. Eu quis contar-te mas depois tu parecias tão feliz. Nós tentamos impedir isto, ameaçamos o Rob várias vezes mas acho que ela sabe muita coisa sobre ele. Coisas que o podem destruir.
- Nós?- ela parece cada vez mais perdida e eu não consigo explicar tudo de uma maneira coerente. Ela já percebeu que eu sei mais do que devia. Ela já percebeu que eu não devia estar tão envolvido nesta história nem concertar os seus cacos com os meus ainda à espera de concerto.
- Mike e Troy ajudaram-me.- ela levanta-se bruscamente e eu consigo ver dor no seu rosto. Dor por sentir que a enganamos, quando só a queríamos proteger. - Eu lamento imenso.
Ela vira costas e vai-se embora.
Bom dia a todos! 🤗
Primeiro que tudo queria pedir desculpa pela demora a escrever 🙄. Além de ter tido uma branca e parecer que a imaginação não vinha, também tenho andado cheia de trabalho e mal tenho tempo para vir aqui 😔
De qualquer modo, temos aqui um Peter Pov! Eu não gosto muito de fazer das outras personagens mas agora que estamos na reta final vai ter mesmo de ser.
De qualquer modo, obrigada por lerem! 😍
Um beijinho enorme 💕
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Identidade Perdida.
Roman pour AdolescentsQuando Mary é forçada a fazer uma mudança, tudo o que parecia certo na sua vida deixa de existir. Os amigos que conhecia, a casa que frequentava, a família que tinha e ainda por cima, é o primeiro ano de faculdade não só numa cidade mas num país dif...