2a oportunidade

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"O que tiver de ser, será"

Caminho pelo parque não totalmente consciente do caminho certo. Há um caminho certo afinal? Na minha cabeça encontram-se todas as palavras de Peter. Sei que este deve ser uma das poucas pessoas que nunca iria colocar o seu bem estar à frente do meu mas a nossa conversa deixou-me intrigada. Se não fosse uma pessoa tão estupidamente impulsiva certamente teria ido atrás dele e solucionado o que não se encontra de todo solucionado mas não fui capaz. Não fui capaz porque a imagem de Chad vinha-me à cabeça. Também fui impulsiva com ele, eu sei.

O Guilherme disse-me nestas férias que as pessoas apaixonadas agem sempre de modo impulsivo. E eu, vivendo as coisas tão intensamente como vivo, não seria diferente.

Enquanto caminho pelo parque sou forçada a pensar em todos os conselhos que os meus amigos me deram durante as férias. "O que tiver de ser será." "Existem pessoas compatíveis connosco e outras que simplesmente não o são", "as coisas acontecem por uma razão", "se ele tiver de ser teu, irá se-lo.". É triste para mim pensar que não sei se este rapaz por quem estou perdidamente apaixonada será a pessoa com quem irei ficar. Eu gostava de dizer que sim, nós já fazemos parte do mundo um do outro de uma maneira tão intensa. Eu conheço os amigos dele, ele os meus. Eu entreguei-lhe a minha pureza, algo que não irei recuperar de modo nenhum e nós ficamos ligados.

Eu sei que o último mês de aulas foi complicado. Tivemos os exames, mal tivemos tempo para estar juntos, vieram as férias, afastamo-nos e acabamos aquilo que tínhamos basicamente por medo e insegurança. Mas eu não sei mesmo qual será o caminho certo agora.

Será que ele gosta de mim como diz que gosta? Será que ele quer mesmo continuar comigo? Porque é que fingiu que eu não existia nas férias? Claro tivemos aquela chamada de vídeo mas foi só. Eu passei todo o tempo a pensar nele, a pensar onde é que ele estaria, com quem estaria, a ver as histórias dele no Instagram com outras raparigas e a apanhar bebedeiras enquanto eu chorei praticamente todos os dias por estar longe dele. Isso é justo?

Eu sei que cada um de nós se cura de maneira diferente mas será justo doer-me o coração de cada vez que o vi online e ele não mostrar o mínimo de carinho por mim?

Mas agora é diferente. Foi tudo um esquema talvez? Estivemos frente a frente. E eu sinto o meu coração a bater tão rápido como da primeira vez que o vi. Eu adoro este rapaz, disso não tenho dúvidas. Mas também gosto de mim. E sei que tenho de ter muito cuidado daqui para a frente.

No entanto o que tiver de ser, será. Se tivermos de ficar juntos isso acabará por acontecer.

Chego a casa e sei que já é tarde. Quero ver se alguém está por aqui, mais especificamente Peter. Não devia ter-me afastado dele como fiz mas foi tudo impulsivo e emotivo. Amaldiçoo-me porque gostaria de voltar atrás agora.

Desbloqueio o meu telemóvel para mandar uma mensagem a Troy, perguntando se sabe onde estão todos e em seguida dirijo-me à cozinha para preparar qualquer coisa para mais logo.

"Podes descer para falarmos?" a mensagem aparece e eu não consigo ignora-la como gostaria. Se Chad quer falar, então vamos falar. Mas ele vai ouvir coisas que não vai gostar.

Deixo o pão com fiambre e queijo no balcão, pego nas chaves de casa que se encontram no carro e num casaco e retiro-me da residência para descer apressadamente ao encontro dele. Isto faz-me lembrar o encontro que tivemos e onde eu estava tão apaixonada por ele. Não é que não esteja agora mas o sentimento está meio adormecido dentro de mim, misturado com a dor e desilusão que só ele soube provocar.

Vejo-o ao fundo. A camisa laranja que traz combina com as calças de ganga que ele sempre usa e onde se encontra a carteira e as chaves. O cabelo moreno está penteado para cima como sempre e a sua barba tal como no café está maior, mais bonita. Ele é lindo, isso é algo que inevitavelmente não consigo negar.

Sento-me no banco onde tivemos tantas conversas, tantas noites que viemos falar, trocar carícias e contar os nossos segredos mais profundos. Ele contou-me sobre o pai dele, a mãe, as irmãs... eu contei-lhe da minha família, beijávamos os lábios do outro como se fossem oxigênio, as minhas pernas estavam por cima das dele e eu abraçava-o sempre que tinha essa hipótese. Chad era o meu ponto seguro e eu não me importava de perder horas de sono por ele.

Ele olha para mim, olhar magoado e confuso e eu olho para ele sem saber bem como reagir.

- Então?- digo, esperando que ele comece. Não há nada que eu queira dizer sem antes ouvir o que ele me diz a mim.

Chad é astuto, esperto. Pega nas minhas palavras e da-lhes a volta, torna tudo mais difícil para mim e obriga-me a falar. Não desta vez.

- Desculpa...- começa e eu sei que está nervoso porque leva as mãos à cabeça.- Eu nunca deveria ter feito aquilo, eu... fui apanhado no meio de tudo. Desculpa.

- Desculpas não chegam. Eu passei dois meses a chorar por ti, dois meses. Dois meses a ver as tuas fotos e histórias nas redes sociais, a escrever e apagar mensagens, a ver quando estavas online. Desculpa mas desculpas não chegam.

- Se tu me desses uma segunda oportunidade... eu prometo que vou fazer tudo certo desta vez. Fogo Mary, eu gosto tanto de ti... eu até poderia dizer que não mas eu mal te vejo o sentimento de paixão vem ao de cima e eu quero lutar por isto. Eu quero lutar por nós.

Uma segunda oportunidade?

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⏰ Última atualização: Aug 18, 2018 ⏰

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