Peter

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" A vida é feita de fases. Essas fases criam uma inconstância tão bela"

O meu namorado.

O som soa na minha cabeça desde a noite anterior. Após a sua declaração, o meu grupo voltou para ao pé de nós e Peter levantou-me no ar, abraçando-me. Olhei para Megan para ter a certeza se esta estava bem e ela privilegiou-me com um sorriso fraco que era mais do poderia pedir.
Troy deu-me um discurso sobre o quão feliz estava e como aquilo era o começo de algo maravilhoso e Mike pediu uma música ao DJ, dançando ao som da mesma e colocando-nos no meio da roda que se formou.

Tenho de conversar com Megan sobre o que se passou ontem, quando a oportunidade surgir e se ela quiser. A verdade é que acho que está a tentar apagar da sua memória os acontecimentos daquela noite, o que é mais do que válido. Ainda não consigo acreditar no que vi, e aposto que ela não acredita que de facto aquilo foi vivenciado por ela.

Sobre a minha despedida com Chad? Bom, digamos que os dois ficamos um pouco envergonhados e eu escondi a minha cabeça no seu pescoço enquanto todos nós carros assobiavam para nós. Que basqueiro.

Agora, encontro-me na minha cama a encarar o tecto pensando em tudo o que aconteceu a noite passada e sentindo a minha cabeça a girar. A primeira coisa que deveria fazer era colocar o ramo de rosas vermelhas e arranjadas que estão na minha secretária num jarro com água. Elas vão murchar e eu não quero isso de modo algum.

Nunca tinha recebido flores. Nunca me tinha sido feito um gesto com um significado tão forte onde eu nem conseguisse conter o espanto. Eu realmente tive muita sorte.

Pergunto-me se alguém nesta casa já acordou mas sou despertada pela porta do meu quarto que é tocada de forma ritmada diversas vezes.

- Entre.- digo meio a medo, sendo que me encontro de pijama e são quase 11:30 da manhã. Mas chegamos todos bastante tarde, é sábado por isso não há pressas e a moleza é compreensível.

- Posso? - a loira pergunta com alguma relutância e eu fico feliz que tenha tomado a iniciativa de ter vindo cá. Aceno afirmativamente e chego-me mais para cima na cama, sentando-me e vendo-a sentar-se à minha frente, costas encostadas a parede e uma expressão de quem tinha dormido pouco ou nada.

- Estás bem?- pergunto, sabendo à partida a resposta mas não fazendo de todo ideia de como começar a conversa.

- Oh deus a minha cabeça parece que vai explodir.- diz, batendo com a mesma na parede atrás de si e abanando-a ligeiramente. - Estou tão envergonhada.

Quero dizer-lhe que não devia mas se algum dia por acaso estivesse na posição em que ela se encontrou, não sei como reagiria. Aliás não sei como Peter reagiria se tivesse visto o que eu vi. Mas felizmente não foi assim. Apenas aceno com a cabeça, e puxo um pouco mais os lençóis. O frio a tomar conta do meu corpo aos poucos fazendo um pequeno arrepio percorrer o meu corpo.

- Quem era?- pergunto mesmo que não tenha assim tanta importância.

- Um rapaz de Administração publica.- diz, sem qualquer tipo de sentimento na voz.- Ele já estava um tanto tocado. Oh Mary, não lhe contes por favor. Eu preciso de tempo para processar isto tudo.

Concordo com o que diz e decido não me meter num assunto que não me diz respeito.

- Ele já está acordado?- pergunto, olhando para ela e esperando que as próximas palavras me ajudem a perceber como ajudá-los.

- Já, acho que foi até a cozinha mas não me atrevi a olhar lá para dentro. Eu sei que temos de conversar mais cedo ou mais tarde mas não sei que lhe dizer...

Identidade Perdida.Onde histórias criam vida. Descubra agora