4. Olhos Vendados

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Acordei cedo. Essas férias estão tão... argh. Quando tinha sete anos de idade, minhas férias foram consideradas melhores. Apesar de que sempre fiquei com mamãe e Lucy em alguma cidade pequena no litoral, e que sempre tínhamos que voltar antes do dia previsto, pois sempre feria-me na praia. Lembro-me até hoje da cara emburrada que Lucy fazia quando já estávamos no carro.

O que eu poderia fazer? Sempre fui bobinha demais e arriscava-me nas áreas mais perigosas da praia. Para alguns, isso poderia ser considerado como um "espírito aventureiro", mas no meu caso era apenas a "bestilidade humana" presa em uma pessoinha só.

Enquanto andava pelo o caminho que já estou acostumada, olho para o céu e percebo que possivelmente uma frente-fria aproxima-se. Apressei o passo e logo, já conseguia ver o prédio antigo.

Empurro a porta de vidro pesada e finalmente adentro o local. Aproximo-me do balcão e mais uma vez, sou recebida pelo sorriso acolhedor de Beth.

- Bom dia! - exclamo sorridente.

- Bom dia, Amy! Fiz alguns doces para você e Lucy. - em seguida, entregou-me um pote cheio do que pareciam ser bolinhos de chuva. Sorri ao lembrar que bolinhos de chuva é um dos únicos doces que mamãe sabe fazer sem que possa queima-los.

- Obrigada, Beth!

Afastei-me dali indo em direção aos degraus da escada longa, que levavam ao segundo andar da biblioteca já antiga. O corrimão estava demasiadamente frio e pelas janelas enormes do prédio pude ver que as nuvens escuras aproximavam-se de uma forma rápida, como se estivessem cercando a propriedade inteira.

Caminhei rapidamente em direção às estantes do fundo. Não sabia qual livro ao certo procurar, mas meu cérebro por algum motivo, anseava para que eu pudesse ler linhas com palavras e enredos novos. Ou seja, precisava preencher minha mente com algo, ou provavelmente ficaria louca.

Enquanto passo os dedos pelos inúmeros livros enfileirados nas estantes - alguns até mesmo um tanto empoeirados - acabo por esbarrar minha mão em uma outra mão que fazia o mesmo trajeto imaginário pelas brochuras dos livros já um tiquinho antigos.

Viro o rosto e já estava preparando-me para uma série de desculpas que faria a seguir, quando vejo o dono daquela mão.

Um tanto clichê, confesso.

Ele sorria para mim e simplesmente travei. Seus olhos verdes brilhavam devido a luminosidade dos raios de sol que atravessavam os vidros da janela. Seus cabelos louros pareciam ainda mais claros devido à claridade. Atrás dele, um feiche suspeito de luz passou, fazendo como se uma silhueta um tanto distorcida aparecesse ali por apenas alguns milésimos de segundos. Era como se ele tivesse asas.

E eu? Bom, eu suspirei enquanto sentia minhas bochechas corarem.

Confesso que tudo ainda era muito clichê.

- Me desculpe. - disse o de olhos verdes, sem tirar o sorriso hipnótico do rosto fino.

E como se eu acordasse de um sonho bom, percebi que provavelmente estava encarando-o com cara-de-paisagem.

- Eu que devo desculpas, moço. Quer dizer...

- Logan. - interrompeu-me - meu nome é Logan.

Sorri sem um motivo aparente. Acho que, conhecia aquele nome. Conhecia esse garoto à minha frente. Se bem que ultimamente, todos os nomes que surgem tenho a leve impressão que vagam em minhas lembranças desde... desde sempre.

- Claro. Logan. - sorri mais uma vez e estava prestes a dar um tapa em mim mesma por conta disso.

- Está procurando um livro em específico? Talvez eu possa ajudar a encontra-lo. - disse virando sua atenção aos livros organizados que ainda permaneciam ali.

Meu CarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora